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Card Player entrevista Jorryt van Hoof

Profissional recentemente se tornou o holandês com mais ganhos nos MTTs ao vivo


 

12/03/2020 17:03
Card Player entrevista Jorryt van Hoof/CardPlayer.com.br
Jorryt van Hoof foi um dos melhores jogadores a participar do November Nine (foto: Jayne Furman)


O profissional Jorryt van Hoof é um velho conhecido do público brasileiro. Em 2014, ele liderou o November Nine que contou com a presença do cearense Bruno Foster. Favorito ao título, o holandês navegou por águas tranquilas até o último dia do campeonato, quando foi eliminado na terceira colocação. Após a milionária forra em Las Vegas, van Hoof seguiu se dedicando aos cash games, onde já tinha um retrospecto de respeito nas mesas de PL Omaha. Na última temporada, o europeu passou a frequentar os torneios high rollers, e os resultados logo apareceram. Com um ganho de US$ 1,2 milhão nos últimos seis meses, ele se tornou o jogador da Holanda com mais prêmios nos MTTs ao vivo. Em um bate-papo com o jornalista Tim Duckworth, da Card Player, van Hoof falou sobre a sua história no poker e os seus planos para 2020. Confira:


TD: Como foi o seu começo no poker?

JvH: Eu trabalhava em uma loja que vendia e trocava cartas do jogo Magic the Gathering. Lá havia uma sala em quem as pessoas podiam jogar, e alguns clientes passaram a jogar poker e eu me juntei a eles. Eu tive sorte no começo, então logo peguei gosto pelo jogo. Decidi a me aventurar em um torneio de fixed limit de € 50 no cassino Holland, em Amsterdã, e voltei a ter sorte. Eu tinha 19 ou 20 anos quando passei a levar o poker mais a sério.


TD: Quais foram os seus próximos passos no poker?

JvH: Eu e meus amigos começamos a frequentar ainda mais os cassinos. Eu vivia em uma república estudantil e as outras pessoas que moravam comigo também jogavam poker regularmente. Nós passamos a jogar no Paradise Poker e em outros sites. Essas são recordações engraçadas. A gente se divertia bastante enquanto passávamos muito tempo nos feltros.  


Esses estágios iniciais são importantes para um jogador. Se você tem sorte, a sua motivação cresce e você passa a investir mais do seu tempo no poker. Naquele primeiro ano, eu cheguei a quebrar três vezes. A minha fonte de renda era a loja de Magic, então estava tudo bem, mas na terceira vez que eu quebrei eu tinha US$ 23.000 no meu bankroll, o que era muito dinheiro para mim. Isso me levou a fazer a minha primeira promessa de Ano Novo: levar o poker a sério.  


TD: O que mudou na sua rotina que fez você levar o poker a sério?

JvH: Em janeiro, eu passei a jogar SNGs e comecei a cuidar do meu bankroll de forma responsável. Todos na república “grindavam” no partypoker, site que oferecia bônus nos SNGs. A gente ganhava os prêmios por basicamente passar o dia jogando. 


Eu também optei por sair da faculdade e da loja de Magic para me focar exclusivamente no poker. Tudo isso aconteceu quando eu tinha um ano de experiência no jogo. Fiquei nos SNGs e depois passei anos nos cash games. Eu jogava eventos paralelos dos circuitos ao vivo de vez em quando até que eu tive muita sorte e fiz FT no Main Event da WSOP 2014.


TD: Você terminou o campeonato em terceiro e faturou US$ 3,8 milhões. Como foi para você lidar com a pressão do dinheiro, toda a atenção da mídia e tudo mais que envolvia o November Nine?

JvH: Eu amei tudo. Havia alguns elementos que poderiam me deixar nervoso, então eu trabalhei bastante para que isso não se tornasse um problema. Eu acho que eu era um dos caras mais calmos por lá. Eu fiquei feliz com a forma que eu me preparei. Foi uma experiência incrível, e eu não falo apenas do meu jogo e do meu resultado. Você tem a chance de levar todos da sua família e os seus amigos a Las Vegas. Nunca gostei de ser o centro das atenções, porém é para isso que você trabalha duro. É divertido, especialmente quando as coisas dão certo e você fica satisfeito com a forma como você jogou. Tenho boas memórias. 


JD: Entre a formação da FT e o primeiro dia do November Nine foram quase quatro meses de intervalo. Como você se preparou?

JvH: Eu foquei bastante no estudo do ICM (Independent Chip Model). Eu jogava poucos torneios à época, então eu pesquisei muito com os meus amigos para entender um pouco mais sobre o valor de um stack em cada momento. Eu também busquei um coaching mental para ficar ainda mais preparado. Eu já meditava há dois anos e isso me ajudou a identificar o que me deixaria nervoso. Foi muito importante para mim, caso contrário eu poderia ter me distraído durante a FT. 


JD: Você faria algo diferente naquele November Nine?

JvH: Tomei uma decisão consciente de jogar alguns high rollers, uma vez que eu não tinha experiência alguma em eventos com buy-ins de mais de US$ 10.000. Eu engatei em dois campeonatos de US$ 25.000 e em um de US$ 50.000, e isso me ajudou. Também fiz o que eu podia para me manter em forma. A única coisa que eu faria diferente seria procurar um profissional bastante técnico para me treinar. Eu não fiz isso, então talvez fosse uma boa opção.


JD: Entre outubro de 2016 e novembro de 2018, você não obteve nenhuma premiação nos eventos ao vivo. Houve alguma razão para esse hiato?

JvH: Eu não chamaria isso de uma aposentadoria. Eu apenas decidi não jogar muito poker e comecei a explorar outros aspectos da vida. Eu joguei sem parar desde que conheci o jogo, então me pareceu ser a coisa certa a fazer naquele momento. Foi apenas um hiato, uma vez que voltei a jogar logo após a minha pausa. Eu realmente amo o poker. E foi isso que eu aprendi nesse intervalo, por isso voltei às mesas.  


Retornei renovado, sabendo apreciar o quão bom é o jogo, o quão boa é a vida e o quanto eu a amo. Eu não tinha muito com o que comparar. A minha visão do jogo era muito fechada. Agora eu vivo de uma forma mais equilibrada. Gasto mais tempo com o meu relacionamento e tenho um interesse mais amplo em outras coisas. Porém sigo amando o poker. 


JD: Nos últimos seis meses, você ficou ITM dez vezes em eventos disputados em seis países diferentes. Nesse período, você também colecionou dois títulos e US$ 1,2 milhão em prêmios. É seguro dizer que você mudou o seu cronograma? Qual é a razão por trás dessa decisão?

JvH: Eu apenas optei por me tornar um jogador de torneios. Eu estava em Barcelona e não consegui entrar em nenhum cash game. Havia muita política e eu odiei tudo aquilo. Os eventos me pareceram algo mais consolidado em todo o mudo, então eu fiz a escolha de tornar os MTTs o meu foco. Antes dessa escolha, eu passei anos nas mesas de PL Omaha. Após o November Nine, eu mal engatei em campeonatos. Participei apenas do Main Event do WCOOP e outros torneios desse calibre. Agora eu estou viajando o mundo com a minha noiva. É isso que eu amo mais que os cash games


TD: Quando você está competindo nos high roller, como você compara o nível de jogo em relação com o que você encontra no online ou em torneios com buy-ins menores?

JvH: O que eu amo nos torneios é a pressão que existe. Enquanto os cash games é puro grind, nos eventos você não pode desistir, então há muita resistência, e eu amo toda a dinâmica. Há várias informações não verbais que as pessoas podem passar, e é um grande desafio para você não fazer o mesmo. Me motiva também estar enfrentando os melhores jogadores nos eventos mais importantes. Cada showdown é interessante e você aprende alguma coisa com ele. Eu sei que eu posso aprender muito, e isso me cativa. 


JD: Como você se prepara para enfrentar os melhores jogadores do planeta?

JvH: Eu tento estar atento o tempo todo. Presto bastante atenção em tudo que acontece. A minha mentalidade é sempre ganhar o torneio. Eu acredito que isso é o mais importante. Você precisa jogar para ganhar e não para ficar ITM. Tento aprender sempre, extraindo o mais importante de cada campeonato que eu jogo. 


JD: No final de 2019, você ultrapassou o veterano Marcel Luske e se tornou o holandês com mais ganhos nos MTTs ao vivo. Isso era uma meta para você ou foi algo que apenas aconteceu?

JvH: É mais algo que aconteceu de repente. Obviamente, foi algo legal. Rankings são importantes e eu tento ficar no topo sempre que possível, mas isso não é a minha maior motivação. Eu procuro mais como otimizar meu próprio processo de decisão. As pessoas vieram me falar que eu assumi a primeira colocação, e foi legal, mas não é algo que me motive tanto. 





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