Breno “ElizaBET” Weverton tem 28 anos e é de Campina Grande, na Paraíba. No início desta semana, ele venceu o maior torneio da história dos aplicativos, o 5KK Mystery Bounty da Suprema. Entre bounties e o prêmio da primeira colocação, ele faturou R$ 773 mil, o maior prêmio de sua carreira.
Breno, que é profissional, há pouco mais de quatro anos, conversou com a Card Player Brasil e falou sobre a conquista e o poker no geral.
Card Player Brasil: Primeiro, aquela pergunta básica: como você entrou no poker?
Breno Weverton: Eu conheci o poker através de um pai de um colega meu aqui da minha cidade, inclusive, ele fazia curso comigo na universidade. Eu vi ele jogando e comecei a querer entender mais sobre o jogo. Eu comecei a ver vídeos no YouTube, na ESPN… Isso tem uns oito anos, quando eu ainda cursava Jornalismo.
Depois, eu entrei no Flow Poker Team e passei na seleção do 4Bet. Comecei a jogar pros caras que eu só via nos sites e TV, Marcos Sketch, Rafa Moraes… Mas no 4Bet, eu não estava tendo muito tempo para jogar e acabei saindo do time, depois de uns cinco meses, por falta de volume, já que eu estava trabalhando na empresa do meu pai.
CPBR: Como foi a virada para o profissional e a relação com o pai, já que você eventualmente sai da empresa?
BW: Tenho muita sorte de ter os pais que eu tenho. Eles sempre me criaram de uma maneira em que eu pudesse tomar minhas próprias decisões e eles confiavam em mim. Mas aí eu entrei para o time Paçoca, do qual sou sócio até hoje. Depois, com o boom dos aplicativos, que possuem fields mais fáceis, o time decolou.
CPBR: E agora falando do torneio, você além de cravar o evento, você pegou o maior baú misterioso, quase R$ 280 mil. Conta um pouco para gente sobre isso.
BW: Cara, foi um absurdo isso. Eu tinha acabado de entrar em um all-in triplo e perdido, com chance de eliminar dois shorts. Na sequência, eu vou all-in de novo com 24 blinds de 66 x 44, eu puxo o pote e sobe na tela o valor de R$ 278 mil. Cara foi surreal, isso ainda tinha uns 700 jogadores restantes. Já era um prêmio de campeão, né? Acho que até a maioria dos jogadores iriam relaxar, principalmente porque já tinha umas sete horas de jogo mais ou menos, e jogar meio de qualquer jeito.
Foi tão incrível, que depois eu tive até que tomar um banho para processar tudo. Minha esposa nem entendeu o que tinha acontecido (risos).
CPBR: Mesmo em sites tradicionais, é difícil ter um torneio de apenas um dia que reúna tantos jogadores. O que você tem achado da série da Suprema?
BW: O que a Suprema está fazendo é sensacional, né? O site chegou em um nível que incomoda mesmo esses grandes players do mercado. Essa série da SPS mostra isso. Eles já têm um papel fundamental no poker nacional, certo? Dar a oportunidade das pessoas jogarem em reais e com facilidades de depósitos e saques. Eu espero que o poker brasileiro e esse mercado, encabeçado pela Suprema, continue crescendo cada vez mais.
CPBR: A parte mental tem que estar em dia, correto? Digo nem para não jogar fora o torneio, mas para manter o mesmo nível de concentração.
BW: Com certeza, mas é uma coisa que aprendi com o Yuri (Martins) e com o 22 (Gustavo Mastelotto), na Reg Life: jamais perder o foco ou chutar um torneio. Porque se você é profissional, sempre que você “chuta” um torneio, você está diminuindo seu ROI, não importa se tem reentrada e você está com 10 bbs podendo voltar com 100 bbs caso cair. Você sempre tem que jogar o A-Game.
CPBR: Qual o maior desafio em um torneio desses?
BW: Com certeza a maratona. Os torneios de domingo de sites tradicionais, os maiores, têm dois dias. Os da Suprema tem apenas um dia. Então, eu entrei umas 17:30, já no late, e parei de jogar às 9:00 da manhã. É muito tempo de jogo.
CPBR: E o nickname “ElizaBET”? As pessoas comentaram muito…
BW: Eu realmente gosto da história da Família Real, porque gosto de história e política. Então foi uma brincadeira. Dentro do time, a gente até brinca: “Se segurem, que a rainha acabou de chegar à mesa”. Tanto que a minha foto na Suprema é da Rainha Elizabeth.
CPBR: O que muda na sua carreira agora, com um prêmio de R$ 773 mil?BW: Cara, isso antecipa uns cinco ou seis anos da minha vida né? É um lucro que levaria tempos para obter. Mas vou continuar estudando e jogando do mesmo jeito. O que muda é que agora tenho um dinheiro a mais guardado e ainda mais tranquilidade para jogar. Mas jamais vou relaxar. O poker é muito dinâmico e na atitude, como jogador, não muda nada.
CPBR: E os planos para o poker live?
BW: Ah, eu pretendo jogar a WSOP um dia, quem sabe ano que vem, se as coisas continuarem dando certo e vou jogar o BSOP Millions no final do ano. Eu gosto de jogar ao vivo, jogo a NPS (Nordeste Poker Series) sempre que a série vem pra minha cidade, mas o foco ainda segue no online.
CPBR: Breno, para finalizarmos, algum recado para o público?
BW: Queria agradecer o espaço e lembrar as pessoas que o poker é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Para não se iludirem e buscarem grandes premiações, mas procurarem principalmente se divertir. E se você quer ser profissional, tem que se dedicar mesmo, não tem jeito. Meu maior exemplo são os caras da Reg Life, que me ensinaram coisas que eu levaria anos para aprender sozinho. Então, é isso, poker é sobre dedicação e estudo.
