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Tricampeão da WSOP revela que ainda tem receio de falar que vive do poker: “Escuto perguntas absurdas”

Jogador de 31 anos é o britânico com mais braceletes de ouro


 

10/06/2021 22:57
Tricampeão da WSOP revela que ainda tem receio de falar que vive do poker: “Escuto perguntas absurdas”/CardPlayer.com.br
Benny Glaser também possui múltiplos títulos no SCOOP e no WCOOP (foto: Joe Giron/PokerCentral)


Tanto no online quanto no live, Benny Glaser é um colecionador de títulos nos torneios de mixed games. Com atuações irretocáveis nas últimas edições da World Series of Poker, ele se tornou o primeiro britânico a conquistar três braceletes de ouro. 


Apesar de todo o sucesso contra os jogadores mais técnicos do mundo, Glaser está longe de receber o devido reconhecimento. Em sua participação no podcast Poker Stories, da Card Player, o jogador de 31 anos contou que para fugir de perguntas desconfortáveis, ele evita falar da sua profissão quando está na Inglaterra. Já em solo norte-americano, onde obteve as suas maiores conquistas, o grinder de Southampton é recebido de braços abertos. 


No bate-papo com o jornalista Julio Rodriguez, Glaser também contou alguns detalhes sobre a sua ida ao cash game mais cobiçado do planeta. Confira:


Julio Rodriguez: Vamos falar sobre a diferença nos fields, porque você ganhou a versão de US$ 1.500 do Omaha Hi-Lo 8 or Better e três dias depois repetiu a dose no Championship de US$ 10.000 da mesma modalidade. Essas FTs são muito diferentes ou seus oponentes cometeram os mesmos erros? 


Benny Glaser: As decisões nem tanto. Mas o field em geral? Imensamente diferentes, com certeza. Eu me lembro que na minha mesa inicial do Dia 1 no US$ 1.500 a idade média era de 60 anos e tinha um cara dormindo. Já no 10K a disputa foi muito mais difícil.


Para as FTs, entretanto, eu estava relativamente confortável. No campeonato de US$ 1.500, com certeza, eu consegui colocar pressão sobre a maioria dos finalistas que eram menos experientes. Na mesa final do Championship todos eram conhecidos e bem sucedidos. Então, sim, aquele ambiente era muito mais hostil, porém eu ainda sentia que tinha uma boa vantagem sobre os outros jogadores.


JR: No início daquela semana você também fez FT no Championship de No-Limit 2-7 Lowball Draw e foi eliminado na quinta colocação. Ao todo, foram três vitórias em suas primeiras quatro mesas finais na WSOP. Há algum segredo ou foi apenas aquele momento em que variância lhe favorece?


BG: Essa é definitivamente é uma das minhas estatísticas favoritas: eu tinha 6 ITMs na WSOP, sendo três títulos. É uma combinação de algumas coisas. Acho que entendo bem os torneios e senti que era capaz de pressionar meus adversários e assim acumular fichas. Mas sim, a variância também ajudou bastante. Não vou mentir, é preciso muita sorte para ganhar um torneio. E a minha maré de sorte veio na hora certa, quando eu realmente precisava para aquelas mesas finais.


JR: Atualmente, você é o britânico com mais braceletes. Essa é uma estatística estranha para você?


BG: É uma estatística incrível para mim. Eu amo isso!


JR: Alguém poderia pensar, dada a história dos britânicos na WSOP, que haveria um jogador com mais do que três títulos, porém você veio a Las Vegas nos últimos cinco anos e arrebatou o recorde local.


BG: Sim, eu sei o que você está dizendo e concordo. Quando ganhei o terceiro e tomei conhecimento dessa estatística, isso foi insano e surpreendente para mim. Obviamente, adorei pegar esse título e é definitivamente algo que pretendo manter.


JR: Nos cash games, você já pisou na histórica Bobby’s Room, do cassino Bellagio. Você pode falar sobre os limites daquele jogo?


BG: US$ 1.000/US$2.000.


JR: Então, algo assim te faz suar?


BG: Ah, sim!


JR: Acho que estou acostumado a lidar com jogadores com grandes egos, que dizem "não, eu sou o maior do mundo, todos eles estavam se curvando a mim". Mas então, qual era a modalidade? E o lineup?


BG: Naquele jogo? Bem, eu não vou jogar tão alto a não ser que seja jogo atrativo para mim. Acho que aquela partida estavam Jared Bleznick, Keith Lehr, Matthew Schreiber e algum outro jogador que sempre estava na Bobby’s Room, mas não consigo lembrar agora.


JR: Esse foi um daqueles jogos em que os fishes escolhiam as modalidades?


BG: Naquele momento, em particular, o formato já estava definido quando eu cheguei. Eu estava em alguns limites mais baixos, acho que era algo em torno de US$ 80/US$ 160 e US$ 50/US$ 100 antes de receber o convite para a vaga apareceu. E eu joguei porque era uma boa combinação para mim também, uma vez que tinha cinco dos meus melhores jogos. Então eu estava bastante confiante de que me sairia bem. Mas, sim, foi divertido e, como você disse, é uma experiência inacreditável e algo fantástico que eu tinha na minha lista de desejos.


JR: E correu tudo bem?


BG: Sim. Sim, um bom lucro. Acho que cerca de US$ 20.000 ou US$ 30.000 naquele dia


JR: Você gosta de dizer às pessoas que é um jogador profissional de poker?


BG: Não. 


JR: Há uma diferença na atitude das pessoas nos Estados Unidos e no Reino Unido?


BG: Eu acho que sim. Normalmente, quando estou nos Estados Unidos, que é onde eu dou a resposta certa, estou em Las Vegas, onde as pessoas costumam ficar mais entusiasmadas com o poker e são mais familiarizadas com essa cultura. No Reino Unido, elas dizem coisa como: “Oh, eu nunca conheci um jogador profissional de poker antes”. É interessante para muitas pessoas, mas você tem que responder a um monte de perguntas que você já ouviu um milhão de vezes, e a maioria é meio absurda. 


Às vezes também há alguns preconceitos sobre isso. Então, essencialmente, a minha resposta é não, prefiro não contar às pessoas que eu jogo poker para viver.


JR: E você tem uma boa mentira preparada?


BG: Eu cheguei a participar daqueles mutirões de encontros, em que você conversa com várias pessoas em apenas um dia. No meio do evento, depois de dizer às pessoas o tempo todo que eu era um jogador profissional, eu tive que mandar uma mensagem ao meu amigo, perguntando se ele poderia me dar algumas outras sugestões de profissões que eu poderia ter. Ele veio com coisas como modelo de roupa íntima ou que eu poderia ser um piloto ou neurocirurgião. 



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