Assim que completou 21 anos, idade mínima para jogar nos cassinos de Las Vegas, Linda Johnson pegou a estrada e foi para a Cidade do Pecado. Seguindo os conselhos do pai, ela logo trocou o blackjack pelo poker. “Você precisa parar de jogar contra a banca”, disse ele.
Única mulher na maioria esmagadora dos eventos, ela precisou lidar com insultos por onde passava. Para vários oponentes de Johnson, os salões de poker deveriam ser exclusivos para os homens.
“O cenário no poker mudou bastante para as mulheres no decorrer dos anos. Quando eu comecei a jogar, na década de 1970, eu morava na Califórnia e estava sempre nos cassinos da região. Era raro encontrar outra jogadora à mesa. Eu me lembro de um homem que ficou gritando comigo e me repreendendo por ‘me intrometer onde eu não era bem-vinda’. Ele passou a me dizer ainda que ‘o poker deveria ser um jogo masculino’, revelou a campeã da WSOP.
As intimidações não diminuíram, assim como o desejo de Johnson por seguir se dedicando ao jogo que tanto amava. Já morando em Las Vegas, ela conta que chegou a ser ameaçada por todos os adversários em uma mesa final.
“A experiência mais assustadora aconteceu no Las Vegas Club, no início da década de 1980, quando eu me tornei a primeira mulher a jogar algum torneio da casa. Os homens não foram amistosos comigo. Ao avançar para a FT, eu acompanhei os meus oito oponentes conspirando para me tirar do campeonato. Ouvi até algumas ameaças terríveis sobre o que aconteceria comigo se eu ganhasse”.
Contando com a companhia de poucas mulheres e sem receber muito apoio por parte dos homens, Johnson teve que conviver por muitos anos com o machismo.
“Eu me deparei com três tipos de homens. O primeiro tipo era hostil contra qualquer mulher que ousasse jogar. Eu acabei criando uma ‘casca’ e os comentários deles não me afetavam mais. O segundo tipo era condescendente. O terceiro tipo era protetor e quase ‘paternal’. Infelizmente, poucos jogadores eram do terceiro tipo”.
Johnson é uma das principais empreendedoras do jogo. Campeã do Evento 2: $1.500 Limit Razz, da WSOP 1997, ela ocupou o cargo de editora da revista Card Player por oito anos. Logo após a venda da publicação para Barry Shulman, a norte-americana participou da criação da Associação dos Diretores de Torneios (TDA, na sigla em inglês). Johnson também foi uma das fundadoras do World Poker Tour, onde trabalhou como relações públicas e narradora. No momento, a jogadora de 67 anos comanda o circuito Card Player Cruises. Johnson ainda teve papel fundamental no pontapé inicial da PokerGives.org, uma organização sem fins lucrativos que ajuda profissionais a doarem para instituições de caridade. Desde 2011, ela faz parte do Hall da Fama do Poker
