Uma das grandes atrações da Liga Suprema no último domingo (02), o Super High Roller de Omaha, com buy de R$ 11.000, teve dois grandes nomes do poker brasileiro no heads-up. Allison Lindsay, 26 anos, goiano e grinder de cash games de PLO 25/50, é profissional desde 2016. Jogando pelo clube Five Cards, ele foi o grande campeão e levou R$ 411.749. Belarmino Souza, catarinense, 21 anos, irmão mais novo do Campeão Brasileiro de Poker Affif Prado e com mais de US$ 2,5 milhões em premiações online. Jogando pelo clube Cuiabá Poker, ele terminou em segundo lugar e levou R$ 191.910.
A Card Player Brasil conversou rapidamente com os dois jogadores sobre o resultado, aplicativos e poker no geral. Confira:
Card Player Brasil: Qual sua experiência com torneios de Omaha?
Allison Lindsay: Eu sempre joguei cash games. Comecei jogando zoom PLO $0.02/$0.05 e fiz move up gradativamente até os high stakes. Opto por jogar os torneios de Omaha mais caros durante eventos especiais. Há pouco tempo, fiz uma reta no SCOOP-4 high de Omaha, mas, infelizmente, não consegui desenvolver bem o final. Em geral, os torneios de Omaha são menos difíceis do que os torneios de Hold’em. Quem estuda a fundo, especificamente torneios de Omaha, tem chances de ter um edge bem alto nesse formato.
CP: O payjump do primeiro para o segundo lugar era bem alto. Não houve uma tentativa de acordo?
AL: Quando estávamos 3-handed, houve uma tentativa de acordo. Recusei. A disposição dos stacks, me favorecia muito. Além disso, já estou habituado com swings nesses valores.
CP: Você sabia que estava enfrentando o Belarmino Souza no heads-up? Muda algo na sua cabeça jogar contra alguém do calibre dele?
AL: Sim, eu sabia. O que mais me impressiona no Belarmino é que ele tem apenas 21 anos, então, acredito que ele crescerá muito ainda. Sobre enfrentá-lo no HU, muda bem pouco, principalmente porque era Omaha 5, que estudo bastante, incluindo HU. Então, estou bem acostumado. Inclusive, há pouco tempo, joguei contra ele nas mesas de 200/400 do Natural8.
CP: Essa foi a sua maior premiação dentro do poker?
AL: Foi minha maior premiação em torneios, mas como jogo $25/$50 regularmente, essa premiação seria uma “swing” normal. Quando joguei $200/$400, recentemente, disputei potes até maiores que essa premiação.
CP: Como é jogar em limites tão altos, em que um pote pode ser o lucro de um ano de um jogador de MTT?
AL: Jogar nesses jogos, contra os melhores do mundo, é bem difícil e estressante, sem contar o risco financeiro. Porém, a sensação de saber que estou podendo competir contra essas lendas do poker é muito prazerosa.
CP: Quais são seus planos para o futuro, dentro do poker?
AL: Quero continuar fazendo meu time crescer, o N2 Poker Team, que é voltado para cash games de Omaha 5. Estou bem feliz com o rumo que o time está tomando. Gosto e quero contribuir para a evolução dos jogadores e pretendo ser sempre uma referência para eles. Por isso, me dedico bastante, tanto para o meu crescimento quanto para o crescimento dos jogadores do meu time.
Card Player Brasil: Os aplicativos tomaram conta do poker no Brasil, os profissionais que não jogam em aplicativos estão deixando de ganhar dinheiro?
Belarmino Souza: Depende muito do average buy-in. Joguei bastante em aplicativos no passado, mas a partir do momento que comecei a jogar mais caro, começou a não valer a pena. Hoje, só jogo alguns torneios. A preferência é por torneios que pagam muito bem e que tenham fields curtos.
CP: O payjump no HU era muito grande, você pensou em fazer algum tipo de acordo?
BS: Não pensei em fazer acordo. Geralmente, já não faço por não sentir pressão (ou sentir menos que os adversários). Mas também tem um outro ponto: eu gosto da adrenalina de jogar valendo mais dinheiro.
CP: Seu irmão sempre foi muito consistente fora do Texas Hold’em. Um dos seus principais resultados é em Omaha. Existe essa preferência na família por Omaha? E você, prefere Omaha ao Holdem?
BS: A família prefere Omaha (risos). É um jogo mais dinâmico e com mais ação. Você se coloca em mais situações difíceis. Então acaba se tornando uma modalidade bem mais emocionante do que o Hold’em.
Particularmente, eu prefiro Omaha, mas acho o jogo do Hold'em mais competitivo e mais difícil. Isso porque os jogadores de Hold’em estão muito mais evoluídos. No Omaha, ainda tem muitos jogadores engatinhando.
CP: Você tem resultados expressivos nos principais torneios de poker online, o que falta para conseguir ainda dentro do poker?
BS: Já conquistei muita coisa. Meu sonho acho que é igual ao da maioria: ganhar pelo menos um bracelete da WSOP. Se eu não conseguir, não acho que terei aquele vazio, de que falta alguma coisa, mas é um objetivo que tenho. Também quero continuar nos high stakes e seguir evoluindo. Sou muito jovem e ainda tenho um longo caminho pela frente.