EDIÇÃO 96 » MISCELÂNEA

Final Table


Craig Trapscott
Grandes campeões analisam mãos decisivas que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo
 
KEVIN SCHULZ CONQUISTA SUA PRIMEIRA VITÓRIA EM UM GRANDE TORNEIO AO VIVO, O PCA – PARTE II
 
Kevin Schulz joga profissionalmente desde 2005. Ele acumula cerca de US$ 3,5 milhões em premiações online e pouco mais de US$ 2 milhões ao vivo. Neste ano, ele venceu o Main Event do PokerStars Caribbean Adventure (PCA).
 
Evento PokerStars Caribbean Adventure 2015
Jogadores 816
Buy-in US$ 10.000
Primeiro Prêmio US$ 1.491.580
Colocação
 
MÃO #2
 
Conceitos-chave: Estratégias de heads-up; conhecendo seu oponente, atenção ao detalhe, odds do pote no river.
 
Do button, Kevin Schulz aumenta para 350.000 com K3.
 
Craig Tapscott: Alguma leitura do Diego Ventura?
 
Kevin Schulz: Ele estava jogando muito passivamente pré-flop. Ele desistiu frente a meus aumentos com frequência e meu deu vários walks (não contestar o big blind). Eu então presumi que meu adversário não tinha muita experiência em heads-up.
Ventura paga.
 
Flop: Q 6 4 (pote: 580.000)
 
Ventura pede mesa.
 
KS: Eu acredito que K-high será a melhor mãos na maioria das vezes nessa situação, mas todo o range do meu adversário, do qual estou ganhando, tem uma equidade decente contra a minha mão. Então, eu prefiro levar o pote imediatamente.
 
Schulz aposta 365.000. Ventura paga.
 
CT: Com o que ele está lhe pagando?
 
KS: Nesse momento, estou colocando com um par, A-high e, talvez, duas pontas ou mesmo uma broca que decide ir para o float. Apesar das minhas suposições, a maior parte do seu range é composta por algum tipo de par. Uma vez que eu sou pago, provavelmente, irei desistir da mão — a não ser que ela melhore.
 
Turn: K (pote: 1.310.000)
 
KS: Bem, essa é definitivamente uma grande carta para mim. Acho que tenho que apostar e extrair algum valor. Aqui, minha imagem é bem agressiva para ele, então espero ser pago quase sempre. Provavelmente, eu também blefaria esse Rei com bastante frequência.
Ventura pede mesa. Schulz aposta 775.000. Ventura paga.
 
CT: Ele pagou. Ele pode estar ganhando?
 
KS: Agora, eu acredito que ele tem muito mais mãos como Q-X do que 6-X e 4-X, porque não sei se ele pagaria o turn com esses pares pequenos — mas eu também não posso retirá-los de seu range. Sinto que se ele tivesse dois pares, iria para o check-raise, afinal, ele detestaria que fossemos para o river e ambos pedíssemos mesa. Pesa também o fato que eu poderia melhorar a minha mão no river e vencê-lo alguma vezes.
 
Turn: 6 (pote: 2.860.000)
 
CT: Acho que você não gostou dessa carta...
 
KS: Essa é uma carta muito boa para o range dele. Nessa situação, ele tem mais Seis em seu range do que eu. As únicas mãos fortes que tenho aqui são full houses.
 
Ventura pede mesa.
 
KS: Ele pediu mesa muito rápido. Eu senti que a maneira e a velocidade que ele pediu mesa estavam indicando que ele esperava ir para o showdown. Apesar do fato de ele acertar o Seis mais vezes do que eu, ainda acho que ele tem muitas mãos piores que pagam uma aposta pequena. Então, eu decido tentar ganhar um pouco de valor. Antes da minha aposta o pote tinha perto de 3 milhões, então esta é uma aposta bem pequena. Mais cedo, eu fiz uma apostar como essa em nosso duelo, então ele sabe que sou capaz de fazer esse tamanho de aposta como blefe.
 
Schulz aposta 900.000. Ventura vai all-in.
 
CT: E agora?
 
KS: Eu sei. Eu me odeio por apostar. Minha primeira reação foi dar fold, mas eu não gosto de tomar decisões apressadas. Lembrei que ele pediu mesa rápido e que ele já havia saído apostando várias vezes no river, com mãos fortes, em circunstâncias similares. Pensando nisso, se ele tivesse uma mão forte, como um Seis, ele teria pensado pelo menos um pouco em sair apostando. 
 
CT: Você também pensou sobre o tamanho do pote?
 
KS: Sim. Eu pedi uma contagem exata do seu all-in e era um pouco menor do que eu pensava. Eu tinha que pagar 2,1 milhões para um pote que já tinha cerca de 7 milhões. Então, para o meu call ser lucrativo, eu teria que estar ganhando em torno de 23% da vezes. Essa foi provavelmente a parte mais importante para a decisão. Se o all-in dele fosse de 5 milhões em vez de 3 milhões, acho que eu não poderia dar o call. Além disso, mesmo jogadores passivos tendem a ficar agressivos no heads-up, já que não há mais saltos na premiação. O vencedor leva tudo. Se essa situação fosse no 3-handed, acho que ele não blefaria sua vida no torneio aqui. Por causa desses três fatores, eu decidi pagar.
 
Schulz paga.
 
CT: Você espera ver um Seis, certo?
 
KS: Sim. Eu ainda espero que ele tenha um Seis muitas vezes, mas acho que ele blefa o bastante para tornar esse call lucrativo. Essa foi a decisão mais difícil que tive durante todo o torneio. Assim que anunciei o call, vi a expressão do meu oponente e já sabia que ele estava blefando antes mesmo de ver suas cartas.
 
Ventura mostra 104. Schulz leva o pote de 10.290.000 fichas.



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