EDIÇÃO 90 » COLUNA INTERNACIONAL

Três dicas para vencer nos torneios ao vivo


Matt Matros
A era dos torneios com garantidos gigantescos, reentradas múltiplas em múltiplos dias está aí. Isso deve continuar por bastante tempo. Mas onde estão as oportunidades? O que esses garantidos homéricos e essa quantidade de reentradas podem trazer de bom?
 
Quando eu comecei no poker, eu jogava torneios baratos todo o tempo. Por alguns anos, acho que não havia sequer um torneio de US$ 300, na Costa Leste, que eu ainda não havia jogado. A partir do momento que comecei a evoluir como jogador profissional, as despesas de viagens, o alto rake e o potencial de crescimento limitado fizeram os eventos com buy-in mais baixo menos atrativos, e eu me afastei. Mas agora, graças às reentradas, existem torneio de US$ 400 ou US$ 500 com prize pools de sete dígitos. Nos últimos meses, acabei me surpreendo jogando novamente esses eventos. E notei que existem muitos jogadores capazes de jogar um poker sólido, mas que, geralmente, possuem uma ou duas fraquezas. Neste artigo, darei a vocês três dicas para bater os torneios ao vivo que não possuem buy-in elevado.
 
DICA #1: JOGUE SEU STACK SEM SE PREOCUPAR COM A MÉDIA
É típico, em eventos com muitas entradas e níveis com menos de uma hora de duração, todos ficarem short. A média geralmente fica entre 15 e 20 big blinds (bbs), o que significa que jogadores com 30 bbs pensarão que estão “bem na fita”, enquanto quem tem entre 10 e 12 bbs sentirão que ainda têm um stack tranquilo para “pilotar”. É verdade que você nunca deve entrar em pânico por estar short e que os profissionais pensam que podem fazer coisas maravilhosas com 30 blinds. O fato é que um stack curto deve ser jogado como tal. Não há sentido em acreditar que o seu stack é maior do que ele realmente é.  Muitos jogadores de limites baixos pensam que eles não deveriam tomar decisões que eles veem como arriscadas quando estão perto da liderança em fichas. A verdade é que até você chegar na mesa final, a liderança é basicamente irrelevante, especialmente se você tem 10 blinds.  Não importa se você tem o segundo maior stack da sua mesa, sua única jogada com esse stack é all-in ou fold. Não há espaço para raise e então fold, ou para “esperar por uma oportunidade melhor”, e isso é verdade mesmo que você tenha mais fichas do que 75% do field. Quem fica cuidando demais de um stack pequeno pode até entrar ITM, mas nunca ganhará os melhores prêmios. No Evento #1 do Borgata Open Poker, eu caí quando estava entre os líderes, com 18 bbs, depois de ir all-in com uma mão ruim. As pessoas ficaram estarrecidas. O que elas não entenderam é que eu cheguei aonde estava jogando daquela maneira. Se você não acumular fichas, você nunca terá chances de ganhar.



DICA #2: NÃO ENTRE EM “TILT”
Esse conselho vale para todos os jogadores, mas vejo mais jogadores “tiltados” em torneios micros. O engraçado é que esses caras normalmente são pessoas equilibradas. Não consigo contar o número de vezes que ao conversar com alguns deles no intervalo, eles se mostraram lógicos e com uma boa noção de jogo, mas ao retornarem para a mesa e levarem uma bad beat queimam o resto do stack em acessos de raiva. Poker já um jogo difícil quando você está totalmente concentrado, se você começar a fazer jogada ruins, mesmo que em 5 ou 10% das vezes, então acredito que é impossível você vender no longo prazo. 
 
Eu não tenho uma fórmula secreta para parar o tilt, mas se você é desses, é preciso identificar com urgência o que lhe tira do sério e trabalhar em cima disso, removendo o tilt do seu jogo o mais rápido possível.
 
DICA #3: TENHA CERTEZA DA FORÇA DE SUA MÃO
Jogo rápido: quão bom é um par de Noves? Melhor do que 90% das mãos? 93%? 95%? Existem 1.326 combinações de mãos no hold’em e apenas 46 delas são consideradas melhores do que 9-9 (seis combinações de 10-10, J-J, Q-Q, K-K, A-A e mais 16 combinações de A-K). Isso significa que Noves são melhores do que 96% de todas as mãos possíveis no hold’em. Muito forte, né? Jogadores de no-limit hold’em tendem a ver uma mão assim como vulnerável, enganadora ou que “não vale todo o meu stack” — e dependendo do contexto, isso pode ser verdade. Mas se o button abre, você faz uma 3-bet do small blind e o button aplica uma 4-bet, você não pode desistir uma mão que está entre as 4% melhores do jogo. Se você abre do meio da mesa e alguém faz uma 3-bet, você também não pode desistir. E o mais importante de tudo: se você está short, na reta final de um evento com antes, a princípio, você nunca pode largar uma mão que este entre as 4% melhores. A menos que você tenha o nuts, sempre haverá risco envolvido quando você coloca todas as suas fichas na mesa. Então, ou você entende quão forte é uma mão como 9-9 ou você será para sempre consumido pelos blinds.

Atualmente, nos torneios com buy-ins baixo, há um grande potencial para fazer dinheiro. Siga essas dicas acima e quem sabe uma parte não caia na sua conta.

Matt Matros tem três braceletes da WSOP e é um dos instrutores do renomado site de treinamento cardrunners.com.
@Matt_Matros


NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×