EDIÇÃO 84 » COLUNA NACIONAL

Sim, nós podemos!


João Bauer e Fábio “f1oba”
Sim, nós podemos trazer o título do principal torneio de poker do mundo, ou melhor, o Bruno Foster pode — e ele é um dos nossos e está onde todos nós sonhamos chegar. Ele já conquistou um feito inédito, tornando-se o primeiro brasileiro a chegar entre os November Nine. E agora? O que ele deve fazer nesses quatro meses que antecedem a tão sonhada mesa final? 
 
Sabemos que o Foster é um grande jogador, já demonstrou isso com seus resultados. Além disso, tem muito conhecimento do jogo ao vivo, de como usar e interpretar tells. Por outro lado, para chegar calibrado na mesa final do mais almejado torneio do mundo é necessário mais.

Até o mês de novembro, Foster precisa dissecar os oito adversários que estarão disputando o bracelete do torneio de poker mais importante do ano, precisa ter notes específicos sobre quem são os vilões, se são jogadores profissionais ou se jogam recreativamente, se jogam online, quais nicks usam e, de preferência, procurar por mãos que esses caras já jogaram. E é sobre isso que eu gostaria de falar hoje, neste artigo, sobre a importância de fazer o note.

O note nada mais é do que uma nota de algo que você observou sobre um determinado vilão. É importante ressaltar que os notes devem ser oriundos da sua própria experiência nas mesas. É fundamental que aquele note faça sentido tanto no presente quanto no futuro, ou seja, para quando ele foi criado e para quando você encontrar com aquele adversário novamente. 

Em geral, os sites de poker lhe dão a opção de classificar os jogadores por cor. Fazer os notes, diferenciando cada um deles por cor, é uma forma de acelerar a coleta de informações e manter os notes organizados, facilitando a interpretação, principalmente quando se joga várias mesas simultâneas.

Exemplos: 

Cor Vermelha: indicada para os jogadores regulares e bons. 

Cor Amarela: jogadores que são vencedores, mas estão em um nível intermediário.

Cor Verde: jogadores recreativos e eventuais, que tomam atitudes mais exploráveis.
Outras informações que podem ser agregadas aos notes são estatísticas de desempenho dos jogadores. As estatísticas podem ser obtidas em sites que coletam resultados de todos os jogos passados dos jogadores, como o Sharkscope. É algo como um currículo, em que há informações como média de valor de torneios jogados (average buy-in), retorno percentual médio, lucro (ROI) e um retrato da situação corrente, evidenciando se o jogador está passando por uma up (fase boa) ou downswing (fase ruim).

Dentro do próprio PokerStars há a função de salvar o replay da mão através da ferramenta BOOM. Agregar ao note o BOOM, de uma mão que você jogou contra determinado vilão, pode nos trazer informações preciosas.

Os notes devem ser feitos baseados em situações que você poderá explorar características e leaks (falhas) dos adversários. Por exemplo: 
– calling station
– limper 
– passivo ou agressivo 
– tigh ou loose 
– muito flat em 3-bet
– usa a 3-bet com frequência

Um note mais rebuscado conteria foto do jogador, idade, mostraria se a pessoa joga por conta ou stackeado (financiado por alguém), se joga por algum time, quais as influências que a aquela pessoa teve, com quem ela já fez coaching. Esse tipo de note é feito anteriormente ao grind e, geralmente, é feito contra jogadores que você joga todos os dias e enfrenta mais regularmente. 

O note é uma ferramenta imprescindível na hora de jogar e buscar diferenciação nas mesas. Quanto mais informações, mais armas e artifícios teremos para nortear as nossas decisões e garantirmos a lucratividade.
 
 
Fábio Maritan é jogador e instrutor do Steal Team. Ele possui mais R$ 1,8 milhão de reais em prêmios apenas no PokerStars.



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