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LAPT São Paulo - À Flor da Pele

Na quarta visita do LAPT ao Brasil, os feltros em São Paulo pegaram fogo. A altíssima premiação fez com que os ânimos ficassem à flor da pele. Após inúmeras horas encarando eufóricos jogadores, venceu aquele que conseguiu separar a emoção da razão. O clima fora da mesa não afetou o jogo do terceiro brasileiro campeão do circuito.


Diego Scorvo

Em uma tarde ensolarada na capital paulista, o poker nacional viveu momentos de celebridade. No salão do Tivoli Hotel, inúmeros jornalistas, representando diversos veículos de comunicação, esperavam ansiosamente a chegada do novo membro do Team PokerStars SportStars. A maior contratação realizada pelo PS na América do Sul ia falar com todos em poucos instantes. Com perguntas na ponta da língua, a imprensa contava os minutos para ver o ídolo Ronaldo “Fenômeno”.  

A chegada do ex-jogador fez com que o poker virasse notícia onde ele nunca foi. O craque não será um grinder e muito menos acompanhará as etapas do BSOP, mas apenas o fato de estar dentro do universo do poker já é o bastante para arrastar multidões. Ponto para o PokerStars, que acertou em cheio na sua nova investida no mundo dos esportes.

E Ronaldo não ficou apenas atrás dos microfones. Logo após a coletiva, ele foi para o pano. No entanto, a sua participação no LAPT foi curta: apenas três níveis de blinds.

No primeiro dia classificatório do LAPT Brasil, um bom número. No total, 295 competidores pagaram o buy-in de R$ 4.000. Quem se deu bem foi Gabriel Goffi, jogador que “deixou” os High Stakes da internet para brigar pelo título do evento. Com 141.700 fichas, o craque estava na busca do líder, o argentino e Team Pro Nacho Barbero (263.800).

O Dia 1B fez a alegria da organização. Com 455 inscrições, LAPT de São Paulo entrou para a história. Com as inúmeras reentradas realizadas ao longo do sábado, o evento teve a maior premiação já distribuída em uma etapa do circuito.

No Final do Dia 1B, o paraense Alex Gelisnki se envolveu em uma conturbada mão com o venezuelano Gasperino Loiacono. Após não concordar com o dealer, o estrangeiro acabou perdendo a paciência e pagou o all-in de Gelinsky com muita grosseria. Ao perceber que o seu adversário tinha par de ases, ele mostrou JJ, jogou todas as suas fichas no centro da mesa e saiu do salão revoltado. Mal sabia ele que o river lhe daria a vitória e colocaria Gelinski em situação praticamente irreversível. Quando voltou à mesa, Gasperino recebeu uma punição de duas órbitas.

Com 211 jogadores nos feltros, o Dia 2 começou tranquilo. Bebendo desta calmaria, André Akkari começou a operar grande recuperação. Após começar o dia com 11 big blinds, o profissional já começava a ameaçar os líderes. Depois de inúmeras atuações frustradas no LAPT, o paulista estava perto de brigar pelo título. 

Mais tarde, quando o evento estava em hand for hand, devido ao iminente estouro da bolha, um jogador da Guatemala foi eliminado, e quando saiu da mesa, deu dois tapas nas costas do dealer. A reação do bolha, Rodrigo Cariola foi diferente. Apesar da tristeza, por cair antes do dinheiro, ele agiu com esportividade.

Com 120 jogadores garantindo R$ 5.450, as eliminações passaram a se tornar corriqueiras. Em poucas horas o field se esvaziou. Entre os que ficaram pelo caminho, destaque para Rodrigo Garrido, Evandro Vitoy e Gabriel Goffi.

Ao término do Dia, 31 competidores permaneciam com chances de título, e o argentino “Nacho” Barbero permanecia na liderança. Ele brigava para alcançar a sua quinta mesa final no LAPT, a terceira consecutiva.

Em São Paulo, a maior cidade do Brasil, segunda-feira é sinônimo de trânsito, correria e alguns ataques de stress. Porém, esses vícios da metrópole não atingiram o LAPT. Com muito dinheiro em jogo, os jogadores colocaram a cabeça no lugar e começaram a mostrar um poker digno da grandeza do evento. Alvo de muitos no salão, Nacho começou a ver o seu gigante stack diminuir. O agressivo jogador foi vítima da sua principal característica. Depois de perder inúmeros potes, ele não conseguiu voltar ao jogo e foi eliminado na 11ª posição.

Quando o torneio voltou a ficar em hand for hand, todos pensavam que a mesa final logo seria formada, o baralho aprontou várias vezes. Depois de três horas, o colombiano Camilo Posada foi a vítima. A mesa final estava formada. Com seis representantes, o Brasil era o favorito para ficar com o caneco:

Antes de a mesa final começar, um personagem conquistou a simpatia de todos no salão. Com uma disposição de garoto, o “seu Marino” Sbrissa, pai do finalista Victor Sbrissa, mostrou que torcida não ia faltar para o seu filho. Portando camisa e bandeira do Corinthians, o patriarca fiel infernizou a vida dos adversários. Os estrangeiros eram o seu alvo favorito. E a estratégia deu certo, chip leader no início da final, o hermano Leo Fernandez “não viu a cor da bola”. Em pouco tempo, o membro do Team PokerStars Pro se despediu da competição.

Com apenas um estrangeiro na final, os brasileiros se sentiram mais leves e dominaram as ações. No jeitinho mineiro, Daniel Murta ia aumentando o seu stack. Funcionário público, o jogador que saiu de Rondônia não tinha torcida, mas tinha coração. Lutando contra tudo e contra todos, ele conseguiu superar um field repleto de profissionais. Nas suas mãos, as cartas que eliminaram André Akkari e o colombiano Rafael Pardo. 

De um lado a gritaria dos Sbrissas, do outro a calma de Daniel. Foi nesse cenário que o heads-up ganhou vida. Mais experiente, Victor soube como administrar a liderança e em nenhum momento se sentiu ameaçado. Dono do jogo, o paulistano não demorou mais de 75 minutos para ficar com o seu primeiro título no LAPT. A vitória lhe rendeu uma premiação de 512 mil reais.

Após a vitória do filho, Marino caiu em prantos, o esforço de anos finalmente estava recompensado. A técnica de um filho e a devoção de um pai foram responsáveis pela terceira conquista do Brasil no LAPT, sendo que a primeira em um evento disputado no País.

CLASSIFCAÇÃO FINAL:
1. Victor Sbrissa (Brasil) R$ 512.100
2. Daniel Murta (Brasil) R$ 334.000
3. Rafael Pardo (Colômbia) R$ 231.400
4. Leonardo Brescia (São Paulo) R$ 171.000
5. André Akkari (Brasil) R$ 128.900
6. Marcos Paulo "Pimba" (Brasil) R$ 94.700
7. Leo Fernandez (Argentina) R$ 68.400
8. Thiago Grigoletti (Brasil) R$ 52.600

FICHA TÉCNICA
6ª Temporada do Latin American Poker Tour – 2ª Etapa
Local: Hotel Tivoli (São Paulo – SP)
Data: 25 a 30 de abril
Buy-in: R$ 4.000
Entradas: 455
Prize Pool: R$ 2.696.476

A MÃO DO TORNEIO
Com os blinds em 100/200, Um jogador no UTG+1 entra de limp. No meio da mesa, Hilton Laborda aumenta para 750. Ação roda em fold até Ronaldo, que reaumenta para 2.000. Celso paga no button, assim como os outros dois adversários.

Os quatro veem o flop 553. Ronaldo aposta 4.000, mas vê Celso reaumentar para 8.000. Apenas Ronaldo paga, e o turn é um J. Celso pede mesa e é acompanhado por Ronaldo.

O river é um A, e Ronaldo empurra all-in de 20.000. Celso paga instantaneamente e apresenta JJ. O ex-atacante da seleção brasileira de futebol mostra A10. Com menos fichas, o ‘Fenômeno”’ eliminado do torneio.




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