EDIÇÃO 7 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

Under The Gun com 99


Rafael Caiaffa

Na edição número 5 da Card Player, falei sobre a difícil e polêmica decisão de jogar com 99 na posição UTG. Na ocasião, pedi que os leitores me escrevessem comentando sobre suas opiniões... Minha caixa de e-mails lotou! Mesmo assim, tive o cuidado de analisar e responder todas as mensagens que recebi. Foram críticas e elogios que me deixaram muito satisfeito, e que fortaleceram minha sensação de estar ajudando no crescimento do Texas Hold´em no Brasil. Além disso, deu para perceber que a Card Player Brasil tem um público seleto e de alto nível.

Com essas mensagens, pude constatar mais uma vez a complexidade do jogo. Foram opiniões bastante divergentes – isso é mais uma prova de que o desempenho de uma pessoa num torneio depende de suas ações e decisões. Quero enfatizar que nessa jogada não existe uma resposta correta: dar fold, call, raise ou all-in depende do jogador e de seus objetivos no torneio.
 
Alguns leitores falaram que tudo dependeria de a mesa estar tight ou loose. O leitor Kaio Márcio disse que, dependendo do estilo da mesa, correria ou mostraria força com um raise de 3 vezes o blind. Claro que o nível do jogo também interfere na decisão, mas continuo defendendo a idéia de que o fold seria a melhor alternativa, já que naquele momento do torneio muitos jogadores estão desesperados, querendo dobrar suas fichas, e me dariam all-in com muitas mãos: AJ, KQ, TJs etc. Todas elas me colocariam, na melhor das hipóteses, numa situação de coin flip (cerca de 50% de chance de vencer).

É praticamente impossível vencer um torneio sem passar pelos coin flips, mas existem momentos em que não precisamos depender da sorte para aumentar nosso stack. Afinal, logo depois o dealer chegaria às minhas mãos e eu poderia continuar aumentando minhas fichas sem entrar em showdown. Essa idéia foi defendida pelo leitor Jose Simão Soeiro, que ainda me alertou ao dizer que meu erro mais grave foi contrariar meus instintos e jogar com 99 em UTG. Por fim, outros leitores defenderam o limp, como Aléxis Penariol, que disse que assim poderia escolher dar call no caso de um raise, ou fold diante de um all-in. Obrigado a todos pelos comentários!

Poker em Copacabana
No final do mês de janeiro, disputei o 1º Torneio da Confederação Brasileira de Texas Holdem, no Rio de Janeiro. Quase 200 pessoas prestigiaram o evento, que foi de altíssimo nível. Tive o prazer de compartilhar a mesma mesa de grandes jogadores, como Max Dutra, Salim, Cínthia Escobar, Joel e Luiz Fernando.

Tenho certeza de que fiz o melhor que pude. Joguei o torneio inteiro abaixo do average, mas mesmo assim me mantive tranqüilo, e cheguei à mesa final sem participar de coin flips e sem dar nenhum all-in. Usei muito minha posição para ganhar fichas e fazer jogadas difíceis que tento aperfeiçoar a cada dia, como o squeeze e o re-steal. Na mesa final, um AA me tirou do torneio, já que o campeão (João Monte “Vovô Leo”, também colunista da Card Player Brasil) tinha chance de flush, que bateu no turn. Mas saí muito satisfeito com meu desempenho e com uma honrosa 5ª colocação.

A mesa final foi demais! Novamente, as mulheres mostraram sua força e chegaram com as duas Julianas. Além disso, Osvaldinho mostrou que é um excelente competidor quando joga sério, e os cariocas Leandro e Pedro jogaram em minha mesa por bastante tempo e se mostraram bem consistentes. O mineiro Mário comeu quieto e ficou em 3º lugar. “Vovô Leo” foi o tempo inteiro agressivo, tomou as ações da mesa e foi o campeão com muito mérito. Para fechar, cito aquele que, na minha opinião, foi o maior destaque: Eduardo Seqüela, que deu um show! Manteve-se o torneio inteiro com mais do que o dobro do average e, como se não bastasse, tem um alto astral enorme. Parabéns a todos os finalistas!




NESTA EDIÇÃO



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