EDIÇÃO 61 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Planejamento, execução e adaptabilidade

Situações em que somos conduzidos pela emoção da partida


André Dexx

Neste artigo, vou falar sobre aqueles momentos que fazem parte do dia a dia do jogador de poker. Aquela hora que você ficou tentado a pagar uma aposta que não faz nenhum sentido. Ou quando estamos diante de um pote enorme no river e surge a questão: blefar ou desistir?

São situações em que somos conduzidos pela emoção da partida e acabamos topando o desafio de jogar em território inimigo. É aí que vemos a nossa estratégia de jogo ser desviada por um lance duvidoso. E agora? Confiar no feeling ou manter-se sólido – resistindo às provocações do inimigo na espera por uma oportunidade melhor?

Desde o primeiro segundo sentado em uma mesa de poker, a principal meta é notar os padrões de cada jogador, para, aos poucos, descobrir o tipo de estratégia que eles estão usando. É assim que vamos modelar uma contra estratégia para cada um deles – adaptando nosso range de mãos, analisando suas falhas e sem esquecer a nossa imagem perante a mesa.

O objetivo maior no poker ou em qualquer jogo de estratégia sempre será identificar o calcanhar de Aquiles do adversário e acertá-lo com a maior eficiência possível. Ou seja: estratégia. Uma elaboração do planejamento, sempre baseada em objetivos de longo prazo e servirá como um guia que permitirá traçar o melhor caminho para se chegar à meta desejada.



Mas tão importante quanto traçar uma estratégia, é manter-se fiel ao que foi planejado. A história militar está repleta de exemplos em que os comandantes se deixaram empolgar pela ação no campo de batalha e acabaram se perdendo. Pelo que se sabe, o exercito francês foi derrotado pelos ingleses, em 1415, quando a cavalaria francesa permitiu que uma saraivada de flechas a curta distância provocasse um ataque desordenado. Nessas situações, em que o inimigo te desafia, você precisa de um enorme autocontrole para não entrar no jogo dele. É vital resistir às provocações. Se você tem um planejamento, por que abandoná-lo por um momento duvidoso por que algo mexeu no seu ego? Isso só vai favorecer ao adversário.

Partindo desse ponto, nota-se que tão importante quanto à estratégia é a tática – ameaça e defesa, que você precisa resolver de imediato. Enquanto a estratégia é baseada no longo prazo, a tática é o que você deve fazer no momento da execução da estratégia, visando aproveitar as oportunidades para ganhar – no caso do poker, fichas. Um bom exemplo seria aproveitar uma situação perfeita para blefar um vilão que represente poucas mãos de valor.

No momento em que estou jogando, constantemente me pergunto se as condições do jogo mudaram a ponto de ter que mudar a minha estratégia ou se só um pequeno ajuste é o suficiente. Eu sempre evito mudar pelo simples fato de mudar. Também tenho ciência que se eu estou aplicando uma estratégia efetiva, naturalmente, alguns adversários irão se incomodar e mudarão radicalmente a maneira como vão me enfrentar. Contra esses oponentes, eu serei obrigado alterar a minha estratégia e compreender quão confortável eles estão nessa nova abordagem de jogo – e quais são suas novas falhas. O que observo é que quase sempre que o oponente muda radicalmente seu plano, ele fica tão ansioso, para que nós também façamos mudanças em nosso jogo, que normalmente deixa transparecer muitas falhas.



Tomar uma decisão no calor da emoção, tendo fé em nossas análises e coragem de manter nossas opiniões é do que precisamos para desenvolvermos nosso melhor poker. Ser rigoroso nos nossos questionamentos, tanto nos bons quanto nos maus resultados, estando dentro ou fora do jogo, é o que vai fazer a diferença se você será bom ou não. Para se tornar um jogador de ponta é necessário ser extremamente crítico. A partir do momento em que não há críticas, a guarda é abaixada e ficamos a um passo de sermos nocauteados.

E lembre-se: tornar-se um jogador sólido não significa torna-se um robô, pois a solidez de um jogador não contraria a adaptabilidade do mesmo.





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