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Carlos Monti - O fotógrafo do poker


Brian Saslavchik
Suas imagens percorrem as revistas e as páginas da internet em toda a América Latina. Fotógrafo oficial do site PokerStars, ele pode falar como poucos sobre o comportamento dos jogadores. Ele é Carlos Monti, o fotógrafo do poker latino.

Ele já é parte do ambiente. Seja por suas camisas polos do PokerStars ou por sua simpatia ímpar, não há como não reconhecê-lo. Em terras terra latinas, se você estiver olhando para uma boa foto de um torneio do Stars, pode ter certeza que ele é o homem responsável pelo click.

Fanático por pesca, Monti nunca está de mau humor. Se perguntar por aí, o mínimo que você vai ouvir sobre ele é “uma pessoa fantástica”. Os marinheiros de primeira viagem podem procurá-lo sem medo se o assunto for a culinária local. Ele vai indicar onde comer um bom peixe no Chile, um delicioso Ceviche peruano e um tradicional feijão com chicharrón da Colômbia.

Confira agora a entrevista com ele que já é figura intrínseca no dia a dia dos principais torneios da América Latina.

Como começou a trabalhar com poker?
Eu sou fotógrafo desde os 19 anos. Estava estudando engenharia e comecei a trabalhar em um estúdio de um amigo. Depois tive várias sociedades e fiz fotografia publicitária. Em desses trabalhos, a agência que me contratou começou a trabalhar com o PokerStars, na Argentina. E foi essa empresa que me levou para trabalhar com eles.

Qual foi o primeiro trabalho que você fez para o PokerStars?
Fiz algumas fotos em estúdio de três Team Pros da Argentina – Vero Dabul, Leo Fernandez e Nacho Barbero. Antes, pesquisei na internet dicas para bater fotos de poker.

O que você sabia do tema?
Joguei poker a minha vida toda. Meus avôs eram jogadores de poker e rummy. O PokerStars eu também já conhecia, mas apenas pelas propagandas de futebol.

E quando você “foi a campo”?
Em 2009, quando eu fui fazer as fotos do LAPT em Mar Del Plata. Mas nesse torneio eu não estava entre os blogueiros [Carlos Monti é responsável pelas fotos que ilustram os blogs responsáveis pelas coberturas de torneios do PokerStars]. Depois, foi a Copa América de Poker, em Bariloche. Lá graças ao Nahuel Ponce, da ESPN, e o Reinaldo Venegas, chefe de conteúdo online para América Latina do PokerStars, eu pude me familiarizar com o local. Depois disso, me ofereceram a oportunidade de trabalhar para o PokerStars em toda a América Latina.

Hoje, como funciona seu trabalho?
O PokerStars me passa diretrizes muito específicas e detalhadas. Para cada LAPT, me mandam um memorando dizendo o que eles esperam de mim e como esperam que eu faça.

Por exemplo, uma das coisas que eles me falavam era que na reta final do torneio eu iria sofrer muita pressão da imprensa pelas fotos, mas eu tinha que priorizar os blogueiros do PokerStars.
No início da minha carreira, orientações como essa me ajudaram muito.

Em um torneio, de quais jogadores você faz mais fotos?
Eu me dedico mais àqueles que são membros do Team PokerStars. Depois vou para aqueles que estão fazendo uma boa temporada e para os que participam regularmente dos eventos do LAPT. Também faço muitas fotos de quem chamam atenção: mulheres bonitas, jogadores com óculos escuros ou protetores de cartas chamativos. Mas são dos desconhecidos as melhores fotos. Eles comemoram e vibram muito mais. Porque um dos requisitos do Stars é ter fotos diferentes, com ação. Esse é um tema complicado. Não é como no futebol. Entretanto, existem jogadores experientes que não ficam com uma postura rígida o tempo todo, e quando eles expressam suas emoções, me permitem fazer fotos boas.

E quem são esses profissionais?
Há jogadores que sempre garantem boas fotos. Leo Fernandez, Nacho Barbero e Maridu. O André Akkari, por exemplo, é um cara supersimpático para fotografar, assim com o Leandro “Peluca” Csome.

Qual a reação dos jogadores quando percebem que você está fazendo uma foto deles?
Eu me esforço para que eles não percebam. É como ser o árbitro do jogo. Se eu começo a interferir, o mínimo que seja, é porque estou fazendo algo errado. O problema é que tenho que trabalhar muito próximo às mesas, e é inevitável que me vejam. Alguns, quando percebem que eu estou fazendo uma foto, olham para a câmera e sorriem. Isso é muito ruim, porque, na verdade, estou buscando algo diferente disso. Também não gosto quando o jogador esconde a cara. Há pessoas jogam com a mão na frente do rosto durante todo o torneio.

Os bonés e óculos escuros também te atrapalham?
Os óculos escuros muitas vezes são fantásticos para as fotos. As órbitas oculares projetam sombras que atrapalham no momento de fotografar; e eles eliminam isso. Já os bonés são péssimos. Eles produzem muitas sombras nos rostos dos jogadores.

Quais jogadores te proporcionam as melhores fotos?
Os brasileiros. Eles são tão bons para fotografar como para dançar e jogar futebol. Eles saltam, gritam, desarrumam o penteado, jogam o boné para cima. Eles realmente expressam toda a emoção quando estão jogando poker. E isso é uma riqueza na comunicação.

Você teria alguma história curiosa para nos contar?
No meu primeiro torneio em Mar Del Plata O primeiro dia que houve um grande all-in em uma mesa. Eu me aproximei e fiz mais de 100 fotos dos envolvidos. Depois, descobri que um deles, o único que se manifestava de forma contundente, não tinha nada a ver com a jogada (risos).

Você convive com os melhores jogadores do continente, e em uma posição privilegiada. Deu para aprender alguma coisa?
Aprendi muito no poker, principalmente em relação ao comportamento humano. Existem coisas que acontecem em todos os torneios. Coisas curiosas. Conversando com os jogadores, todos eles te dizem que vão vencer o evento. Vários vêm e me dizem, “pode faze muitas fotos minhas, que este eu vou ganhar”. E existem aqueles que sempre vêm me contar uma história de bad beat. Não importa se estou trabalhando, comendo ou fazendo outra, eles vêm e te contam tudo.

A FOTO FAVORITA
Cada fotógrafo tem uma foto especial de sua autoria. Por um motivo outro, aquela fotografia vai trazer uma recordação especial. No caso de Monti, ele falou sobre uma série de imagens de Nacho Barbero. Todas em uma posição semelhantes, feitas no LAPTs de Punta e Lima quando foi bicampeão, em 2010. “No primeiro LAPT, em Punta Del Leste, eu gostei da foto. Quando fui fazer a segunda no Peru, me dei conta que era exatamente igual à outra, e pensei, ‘ali está ele outra vez. Esse cara vai ganhar novamente’, e realmente ganhou. Depois a revelei em tamanho grande”.





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