EDIÇÃO 55 » COLUNA NACIONAL

Um cristalino mar de tubarões

Em janeiro, ocorre o maior festival de poker do mundo fora de Las Vegas, o PokerStars Caribbean Adventure, nas Bahamas. E para se dar bem nessa ilha paradisíaca é preciso nadar entre tubarões. Confira o meu plano para atravessar essas águas e sobreviver para contar a história.


Felipe Mojave
Como você provavelmente já sabe, após a Black Friday, em abril de 2011, os americanos ficaram impossibilitados de jogar online a dinheiro real. Isso fez com que vários jogadores profissionais daquele país simplesmente se mudassem. E os torneios na internet, que tinham um field majoritariamente americano, endureceram  rapidamente. Com a caça aos patos do Tio Sam temporariamente proibida, ficou mais difícil conseguir vagas através de satélites online.

A consequência natural disso é que o PCA registrou uma queda na quantidade de participantes. Por outro lado, deu um salto na qualidade técnica. Mesmo assim, ainda existem alguns jogos em que é possível ter um “edge”, uma vantagem sobre a concorrência. Com isso em mente, segui para as Bahamas.

Participar de eventos caros, como o Super High Roller ou o Main Event, em que as entradas não saem por menos de 10 mil dólares, exige bastante planejamento. É um investimento de alto custo.

Então, decidi procurar eventos em que pudesse me sobressair. Se não conseguisse resultados significativos, eu encurtaria minha viagem. Escolhi os satélites de US$ 1.000 para o Main Event, o torneio de US$ 5.000 de Pot-limit Omaha, o Main Event de US$ 10.000 e um evento paralelo de US$ 2.000 de no-limit hold’em. Meu gasto total foi de US$ 21.000.

Apesar do field mais difícil, definitivamente, ainda é melhor investir no Main Event: entre os oito finalistas, foram distribuídos quase seis milhões de dólares. Na minha mesa, o único grande jogador era o alemão Pius Heinz, campeão do último Main Event da WSOP. Aqui, infelizmente, minha participação foi curta.

Já no torneio de Omaha, gostei do meu desempenho. Consegui manter um bom stack durante todo o torneio, fazendo boas jogadas e largando algumas mãos no momento certo. Acabei caindo na 16ª colocação. O primeiro colocado levou 100 mil dólares.

No evento paralelo de no-limit hold’em, cometi um erro crucial. Eu tinha J-J, e o meu oponente, um jogador amador, segurava A-A. Criamos um pote enorme pré-flop, e quando o flop trouxe 9-9-7, o restante do meu stack foi para a mesa.

Os satélites de mil dólares trouxeram bons resultados para mim. No primeiro deles, acabei sendo eliminado depois que quebraram um par de ases que eu tinha. Nos outros dois, porém, consegui puxar a vaga, totalizando US$ 21.500 em premiações. Diante daquele cenário, obtive um resultado razoável ao recuperar o investimento.

No PCA do ano passado, além desses eventos, eu também disputei o High Roller de US$ 25 mil. No deste ano, entretanto, seria desvantajoso participar, pois a concorrência era muito forte. Em cada mesa, dos oito jogadores sentados, pelo menos seis eram de alto nível. Preferi guardar meu dinheiro para jogar a WSOP, alguns EPTs e outros eventos.

Fiz as contas e vi que minhas participações ao longo dos PCAs vêm sendo lucrativas. Considerando a dificuldade técnica desses torneios, isso me deixa bastante satisfeito. Como eu costumo dizer a vocês, é preciso seguir um planejamento inteligente. As vitórias serão consequência de um trabalho bem direcionado.

Por mais que seja límpido o mar das Bahamas, e você consiga avistar os tubarões à distância, isso não quer dizer que seja tranquilo nadar por ali. Para sobreviver ao PCA, é preciso saber a hora de tirar o pé da água. E, bem, aqui estou eu, vivinho da silva, contando a história.



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