EDIÇÃO 47 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Detalhes de uma mão - Parte II


Diógenes Malaquias

Como vimos na edição passada, nessa série vamos tentar observar o maior número possível de detalhes que devem ser levados em conta na hora de jogar uma mão de poker. Na última coluna, trabalhamos os elementos pré-flop. Agora, nosso foco são os elementos do jogo no flop.

Costumo dizer que o flop é a alma de uma mão de Texas hold’em, especialmente se for jogada com 100 ou mais big blinds. É nesse instante, no virar das três primeiras cartas, que os grandes jogadores tomam suas decisões e começam a se destacar. Eles não esperam por turn nem river para decidir como proceder. Eles já sabem o que vão fazer de acordo com as cartas que eventualmente baterem. Enquanto isso, pequenos vencedores precisam ver o turn e o river para começar a colocar a cabeça para funcionar.

Conscientes da importância desse momento da mão, vamos tentar entrar nas mentes dos melhores jogadores e visualizar a linha de raciocínio deles no flop.

O primeiro ponto é ver como a nossa mão combina com o flop. Preste atenção a quais mãos suas cartas estão propensas a acertar (caso já não tenham acertado). Isso vale para straight, flush, ou o que for.

A segunda análise é a da relação entre o tamanho do pote e os stacks envolvidos. Aqui, já precisamos saber se colocaremos nossos adversários em all-in ou não. Com base nisso, teremos uma ideia do valor das nossas apostas em relação ao pote.

No caso de você seguir uma linha de ataque, composta por apostas fortes no flop, no turn e no river, geralmente é possível disparar, até o river, 10 vezes o valor do pote. Seguindo a linha de apostas fracas, esse número cai para 6 vezes. Se alguém der raise, talvez você consiga envolver todo o stack.

Os flops com muitos draws estão os mais fáceis de se jogar, pois, quando isso acontece, mãos fortes costumam traçar linhas de ataque. Isso acontece, em primeiro lugar, porque elas precisam se proteger, depois, porque nós balanceamos bem nosso range ao dar raise com uma trinca em um flop com J-9-6 sendo duas do mesmo naipe. Na prática isso quer dizer que, se um adversário apenas pagar sua aposta em flop como esse, 90% das vezes ele tem uma mão fraca.

Outro ponto fundamental é analisar a capacidade que o oponente tem de desistir da mão – a famosa fold equity. Todo mundo conhece alguns oponentes que nunca dão fold. Contra esses vale a pena apostar pelo valor, e blefes raramente funcionam. Já outros são “duros”, bons para aplicar blefes. Essa observação é absolutamente necessária na hora do jogo no flop. Não se esqueça disso.

Quão ampla é a gama de cartas com que seu oponente joga também é muito importante ter em mente. Por exemplo: você paga um raise com AT do big blind, ficando fora de posição, e o flop vem AT8. Sua estratégia deve se adaptar a cada caso. Se o adversário abriu raise do UTG e tem a tendência de usar uma gama pequena de cartas, sua linha de ação obviamente será diferente da que você utilizaria contra alguém que abriu raise do button e tem a tendência de jogar com um range amplo.

Você precisa ainda prestar atenção na agressividade das pessoas envolvidas na mão. Elas são passivas ou superagressivas? Quando você tiver uma mão boa, elas colocarão todo o dinheiro no pote sem que você precise fazer força? Pense nisso e adapte seu jogo a partir de sua percepção.

Na próxima edição, o jogo no turn.




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