EDIÇÃO 46 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Detalhes de uma mão de poker - Parte I


Diógenes Malaquias

Nesta edição, vamos iniciar a série “Detalhes de uma Mão de Poker”. A ideia é abordar a maior quantidade possível de elementos que devem ser levados em consideração antes de qualquer decisão durante uma mão. Neste artigo, trabalharemos o jogo pré-flop.

Primeira coisa: quais conceitos sempre devem ser analisados antes de tomar qualquer decisão pré-flop? Já adianto que são três: posição, características dos adversários que ainda não falaram e histórico.

Posição
Sempre que o assunto é poker, esse é um tema trabalhado quase à exaustão. Mas você já parou para pensar sobre a “lógica” por trás da posição?

Você já deve ter percebido que, quanto menos combinações de duas cartas nós tivermos que enfrentar, menor a probabilidade de alguma delas ser uma mão forte. Isso é bastante óbvio. Por consequência, quanto menos combinações você for enfrentar, maior a gama de mãos com que pode dar raise e roubar os blinds. É daí que vem aquele ditado: “Em posição inicial, jogue tight. Em posição final, jogue loose”.

Outro ponto importante é como a posição influencia o tamanho do raise pré-flop. Se você estiver ente os primeiros a falar, é melhor dar um raise maior. Em cash games, algo em torno de 3 a 4 blinds. Assim, cria-se um cenário mais difícil para que adversários com mãos especulativas deem call em posição.

Quando nos aproximamos das posições finais, esse problema desaparece. Um raise de 2 a 3 blinds é o suficiente. Hoje, eu dou raise de apenas 2 blinds quando sou o button.

Característica dos adversários que ainda não falaram
Eu não sei se você já percebeu, mas quando se está no button, dependendo de como os blinds jogam, é preciso ter uma gama diferente de call diante de um raise do cutoff. Por exemplo, um sujeito em posição intermediária (2ª, 3ª ou 4ª em uma mesa 6-max) dá raise. Os outros desistem e a ação chega até você, que é o button e segura A-J do mesmo naipe. Suas opções são as seguintes:

- Se os blinds forem jogadores fracos e passivos, o melhor a se fazer aqui é dar apenas call e chamá-los para o pós-flop por um preço baixo. Nesse caso, você terá posição e uma mão excelente.

- Se os blinds forem jogadores bons, que dão muitos raises, é interessante voltar reraise ou então dar fold, pois é alta a chance você de tomar uma 3-bet depois de dar somente call. Vale lembrar que, se o jogador que abriu raise for tight padrão, a 3-bet será blefando. Se ele for loose-aggressive e houver histórico de agressividade entre vocês, ela deverá ter algum valor, pois ele dará call com mãos piores. Além disso, se ele der muitas 4-bets light, você pode até ir all-in com seu AJs.

Em outro exemplo, você está em posições iniciais com mãos medianas, como K-T, 9-8, A-5 etc. Fique propenso a abrir raise com elas se os blinds forem jogadores fracos. Dessa forma, você vai isolá-los pré-flop e jogar em posição pós-flop. Também é preciso saber largar caso haja adversários que dão 3-bet light contra o raise do UTG e do middle position, e o blinds forem jogadores “normais”.

Histórico
É necessário sempre avaliar seu histórico contra os jogadores que ainda não falaram na mão. Digamos que alguém aumente do cutoff e você dê call do button com A-5 do mesmo naipe. Em situações assim, eu costumo dar muitos cold-calls (pagar quando o padrão seria aumentar) com mãos do chamado Grupo 1, que incluem AK e JJ+. O small blind tribeta muito, mas ele sabe dessa minha característica. Devido a esse histórico, portanto, ele vai dar menos 3-bets quando eu der call do button. Ajuste seu jogo com base nisso e passe a dar mais calls sem se preocupar tanto em sofrer reraise blefando.

Na próxima edição, continuaremos a analisar – e entender – os elementos que devem ser levados em conta na mão antes de se tomar qualquer decisão. Até lá.




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