EDIÇÃO 43 » MISCELÂNEA

Jogos Mentais: Como jogar pares baixos em torneios


Fabiano Kovalski, Vitor Brasil e Felipe Nunes

Nesta edição, três membros do Projeto Poker Villa falam sobre como jogar pares baixos nas fases intermediária e final de torneios, quando se tem stacks médios – uma situação bastante frequente, mas que ainda pode gerar algumas dúvidas.


Fabiano Kovalski
Catarinense, 22 anos, especialista em Torneios Multi-Table online. Em 2010, fez duas mesas finais de BSOP e já acumula mais de US$800 mil em premiações.

Vitor Brasil
Carioca, 21 anos, participou do projeto MTT Pro em 2010 e foi um dos primeiros escolhidos para o Projeto Poker Villa. Possui mais de US$ 300 mil em premiações.

Felipe Nunes
Catarinense, 22 anos, participou do Sng Team Pro, atingindo a meta de US$10 mil em apenas um mês e dois dias. Já tem quase US$800 mil em prêmios na carreira.

Como você joga pares baixos (2-2 a 6-6) nas fases intermediária e final de torneios com stacks não tão confortáveis, entre 15 e 25 big blinds?

Fabiano Kovalski: Nos blinds, pares em geral têm uma ótima equidade contra qualquer range. Então, sempre que estou nos blinds e alguém me ataca, tenho uma situação ideal de re-steal, ou seja, quando alguém em posição final abre raise eu entro de all-in. Se ação chegar em GAP, eu avalio a agressividade do vilão no big blind, e opto por entrar direto de all-in, dar raise/call ou até raise/fold no caso de um oponente fraco. Se eu estiver entre os últimos a falar, jogo como no small blind, alterando meu plano de acordo com a agressividade dos oponentes. Se estou em posição inicial, geralmente dou open fold. Nesse estágio, preservo meu stack para re-steals nos blinds.

Felipe Nunes: Com stacks nessa faixa, pares baixos se tornam bons para dar steal e re-steal. Nesse estágio eles costumam ser ótimos para jogar em posição final. No entanto, tenha cuidado, pois muitos jogadores bons superestimam o valor dos pares baixos e acabam entrando em situações de alta variância, somente porque a equidade desses pares no showdown costuma ser boa. Eles realmente ganham força quando se está nos blinds, pois muitas vezes é possível apenas pagar e jogar por set value, ou dar steal e re-steal em algum adversário que esteja abusando da posição. Penso que é totalmente tranquilo pagar nos blinds uma aposta normal de qualquer posição da mesa e jogar por set value, mesmo tendo um stack na casa dos 20 big blinds.

Vitor Brasil: Em situações de guerra de blinds, se eu estiver no big blind, quase sempre jogo de forma agressiva. Com 15 a 20 blinds dou re-steal/all-in com qualquer par. No caso de o small blind completar, dou shove. Com 25 big blinds, vou de re-steal/shove. Se o vilão completar no small blind, aumento a aposta para 3,5 a 4 vezes o blind. No small blind, com a ação chegando em GAP, sempre dou all-in. Com GAP nas demais posições, dou fold e guardo meu stack para re-steal. No cut off e no button, dou all-in com 20 big blinds ou menos. Até 25 big blinds, dou raise entre 2,3 e 2,5 vezes o blind. Potes com limpers são menos prováveis nessa altura, e devem ser analisados em separado. Contra um vilão que dá muitos limps, fica mais tranquilo dar shove com qualquer par. Já contra um vilão que não entra de limp com frequência, somente pares acima de seis são bons para empurrar, já que o range do adversário é de suited connectors e pares menores.

Qual a melhor abordagem quando se joga pares baixos em início de torneios deep stack?

Fabiano Kovalski: Jogar pares baixos em torneios deep (mais de 100 big blinds) é bastante simples. Basicamente, jogo por set value. Se erro o flop, dou fold e parto para a próxima mão. Em potes que ainda não foram abertos, costumo abrir raise para construir um pote grande. Assim, quando acerto uma trinca, extraio mais valor e dificulto a leitura dos adversários.

Felipe Nunes: Em torneios assim, eu procuro jogar com mãos que gerem grande valor quando acertam o bordo. Não estou atrás de top pair ou overpair. Então, pares baixos se encaixam perfeitamente em torneios deep, pois quando acerto a trinca, tenho uma mão difícil de ser lida e que causa grandes estragos nos stacks dos adversários. Mas como nem só de valor vive o jogador de poker, quando você tiver posição deve jogar de forma agressiva para conseguir ação pós-flop. Sem posição, a tarefa é mais fácil porque, na maioria das vezes, joga-se apenas por set value, então as decisões pós-flop acabam sendo simples. Neste caso, prefiro apenas pagar o aumento dos meus adversários – exceto quando a mesa roda em fold e eu estou no small blind: aí eu aumento com qualquer par.

Vitor Brasil: Em potes que ainda não abertos, sempre dou raise. Eles variam, podendo chegar a 4 big blinds se o torneio for deep. Em potes com muitos limpers, aumento para tentar isolar a mão. Em situação de cinco ou mais limpers, também dou limp. Já em potes com raise e reraise eu dou fold, pois o jogador que abriu o pote pode reaumentar de novo; nesse caso, jogar por set value não é ser lucrativo. Em potes aumentados, as opções são variadas: quanto mais tight o oponente, mais propenso ao call eu fico, já que o range do vilão é bem pequeno e eu tenho muitas chances de conseguir arrancar todo o stack dele quando acerto a trinca. Contra um jogador muito agressivo o call se torna marginal, já que são raras as vezes em que você consegue tirar todo o stack dele. Se o pote for disputado por três ou mais pessoas, o call se torna interessante. É bom lembrar que posição aqui tem sua influência, mas nem tanto, já que pares pequenos são as piores mãos para se tentar um blefe, float ou coisas do tipo. Com apenas dois outs, a equidade da mão não é tão boa




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