EDIÇÃO 35 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Mesa final. E aí?

Pense e aja de acordo com o momento


Túlio Sá

Todos nós sabemos o quanto é gratificante fazer uma mesa final de um torneio. Ganhar, então, é melhor ainda, em vários aspectos. Nesta coluna, vou tentar explicar o porquê e o que fazer para estar entre os primeiros.

Um bom jogador de torneios multitable tem uma taxa de ITM entre 12%-20%. Já a taxa de mesa final cai para 2% a 3%. E é nela que você consegue o lucro dos inúmeros torneios jogados. São essas poucas chances que diferenciam o grande jogador do mediano, ou até mesmo o lucrativo do negativo.

Pegando um torneio com buy-in de $55 e 90K garantidos para análise, observei que o primeiro lugar ganhava 17K; o segundo, 12k; o oitavo, 1,5k; e o nono, 1k. Ou seja, você joga quase o mesmo número de horas que o campeão e pode ganhar 17 vezes menos do que ele. O que fazer, então, para reverter este quadro?

Algumas estratégias devem ser adotadas. Primeiro, você deve saber como entrou na mesa final. Short stacked, chip leader, na média? Se tiver entrado short e isso for comum para você em seus torneios, deve estudar mais sobre o período da bolha da FT e aprender a roubar os blinds de quem quer apenas estar entre os nove (ou dez). Porém, mesmo com poucas fichas, a reorganização das mesas, aumentando novamente o número de jogadores, lhe dará um gás para analisar como será a atitude dos seus oponentes. Quando a mesa estiver bem agressiva, é possível que duas pessoas sejam eliminadas antes de você apenas pela tensão do momento.



E é essa tensão que você não pode ter quando estiver na média. Não precisa se arriscar no período de conhecimento da mesa. Você deve jogar com mais cautela e pensar em perder menos, afinal, cada ficha tem seu valor. Utilize posição e observe os agitadores da mesa. São eles que lhe darão a oportunidade de lutar pelo título quando faltarem cinco ou seis jogadores.

Agora, se você estiver entre os três melhores em fichas, o ideal é tentar pegar os tensos, aqueles que irão se atolar com um par no bordo ou até mesmo buscar draws desnecessários (pelas falsas pot odds). São eles que, além de dar mais fichas para o seu arsenal, lhe ajudarão a mostrar aos restantes que você é quem comandará o ritmo.

Essa fase inicial, até sobrarem sete jogadores, é muito importante financeira e psicologicamente. Depois dela, você já terá pegado o ritmo dos seus oponentes, e as notes e seu estilo de jogo andarão juntos.

Concentrar-se em ser o primeiro não significa tentar duplicar ou triplicar suas fichas agora. O velho “mãos boas, potes grandes” revela que se deve ter paciência e disciplina. Quer dizer que você não poder ousar? Que vai esperar um par de ases até a morte? Não, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Raises, re-steals, float-calls etc. são técnicas que você provavelmente usou para chegar até aqui, e serão bem-vindas se você as dominar. Porém, se você de fato as domina, sabe que só entrará em campo se estiver disposto a buscar apenas as fichas mortas (como explicado pelo CK no artigo do mês anterior).



Se o torneio for daqueles em que a média chega a poucos big blinds, você terá que se arriscar um pouco mais para almejar as primeiras colocações. Shoves não apenas com mãos premium contra agressores é uma boa maneira de alavancar enquanto houver cinco pessoas. Às vezes você cairá nessa fase, mas lembre que sua luta é pelo título. A taxa de fold sobe muito, devido ao fato de, com menos jogadores, as mãos na mesa não serem tão boas estatisticamente. E assim o torneio se encaminhará de maneira mais lógica, evitando aqueles frustrantes nonos ou oitavos lugares.

O heads-up merece todo um artigo, devido à sua importância técnica e ao fato de o vencedor faturar quase o dobro do segundo colocado. Ganhar um torneio é motivo de lembrança e de dinheiro no bolso. Eu gostaria de finalizar com uma boa frase, do nosso eterno campeão Ayrton Senna do Brasil: "Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo".




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