EDIÇÃO 32 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Do individual ao coletivo

Percebendo Tendências – Parte I


André Dexx

Olá, amigos da CardPlayer Brasil. Nesta edição, vamos falar sobre um tema essencial e espinhoso sobre o qual todos os jogadores deveriam refletir bastante: a percepção de tendências – seja de um jogador, de uma mesa ou até de um field.

Quando falamos de tendências, automaticamente precisamos pensar em uma amostragem adequada para nosso objeto de análise. Em bom português, não podemos classificar um jogador como tight, loose, agressivo ou passivo levando em conta meia dúzia de mãos, nem podemos concluir que uma mesa é composta por jogadores com estilo X ou Y e, por conta disso, passar a utilizar essa ou aquela estratégia com base numa amostragem de apenas uma órbita.

Considerando que existem inúmeros movimentos que podem ser utilizados ao longo da mão (pré-flop, flop, turn e river), tornam-se incontáveis as variáveis sobre as tendências que um jogador pode adotar. Isso inclui raises de todo tipo e tamanhos de apostas a perder de vista. Contudo, é possível classificar algumas tendências. Para facilitar nosso trabalho, delimitei nossa abordagem em quatro âmbitos: Jogador (individualmente considerado), Mesa, Field e Níveis. Vamos a eles:

Jogador (individualmente considerado)
Em certa medida, a complexidade e a sutileza do elemento humano acabam forçando uma generalização das características dos oponentes. Porém, para fins práticos, isso serve como uma orientação inicial na hora identificar algumas tendências. Aqui, organizei as diferenças básicas entre jogadores “fracos” e “fortes” para, a partir disso, sabermos onde estamos pisando. Vejamos:


Nem preciso lembrar que devemos fugir das características do jogador fraco e tentar jogar de acordo com as dos fortes. Como eu disse nas edições passadas, o primeiro passo para o sucesso nas mesas é ter consciência de si e de como você se porta diante dos adversários, bem como ter consciência das decisões que precisarão ser tomadas ao longo do torneio ou da sessão. Uma vez classificado o oponente (individualmente considerado) como forte ou fraco, sua tarefa passa a ser enxergar o que se passa na mesa como um todo.

Mesa
É de suma importância observar os oponentes não só durante as mãos que jogamos contra eles, mas também nas que eles jogam entre si – fique atento a isso e tome notas. Tente também detectar tendências de steals, raises em posições iniciais ou finais, tamanho das apostas e por aí vai. Ao entender a frequência de ação dos adversários, é possível ter uma boa noção da mesa. Seguem algumas tendências importantes:

• Jogadores tight à esquerda: mesas boas para roubar blinds.
• Call stations (pagadores) à direita: mesas boas para tirar o máximo de valor com suas mãos fortes.
• Jogadores “fortes” nas posições iniciais: espera-se que o range de mãos para abrir raise seja menor, e que esse range aumente até as posições finais.
Dizer que uma mesa é lucrativa, ou pouco lucrativa, é mais do que afirmar que ali existem jogadores “fracos” ou “fortes”. Uma mesa deve ser analisada principalmente em razão do tipo de jogador que está em cada posição e da frequência de movimentos de cada um deles.

No exemplo da ilustração, é possível ver como uma mesa pode ser lucrativa para um, mas não tão lucrativa para outro:


O instante descrito na ilustração mostra aquela que deve ser uma ótima mesa para você. Como se pode perceber, estamos muito bem posicionados na mesa: temos dois oponentes fracos à nossa direita, dos quais podemos tirar o máximo valor com nossas mãos fortes; e dois tight à esquerda, contra quem podemos roubar muitos blinds e jogar em posição quando estivermos no button.

Ainda com base nesse cenário, temos um segundo exemplo, agora sob a perspectiva do UTG. Nessa mesa, o jogador under the gun entrará em atrito em muitas situações contra dois oponentes fortes, sendo um mais tight e outro mais loose, estando fora posição. Ele também terá dois jogadores antes dele que não participarão de muitas mãos, ganhando e extraindo valores mais altos. Assim, ainda que se trate da mesma mesa e do mesmo instante, para o UTG a situação não seria tão boa quanto para você. Vale dizer que hoje em dia já existem programas que selecionam as mesas em que você deve se sentar, escolhendo posições privilegiadas em relação aos adversários.

Mais uma vez, eu lembro a vocês o que conversamos nas edições passadas: a ideia de que tudo está interligado, dentro e fora das mesas. De nada adianta classificar um jogador como “fraco” ou “forte” se você não puder perceber o que acontece na mesa como um todo. O próximo passo? Entender as tendências do field, e como essa massa de jogadores se comporta de acordo com os valores em que joga, do play money aos high stakes. Até lá!




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