EDIÇÃO 32 » MISCELÂNEA

Capture a bandeira: Antonio Esfandiari


Kristy Arnett

Antonio Esfandiari, também conhecido como “The Magician” (“O Mágico”), fez a transição de profissional do ilusionismo para profissional do poker anos atrás, e, desde então, já tem mais de $3,2 milhões ganhos em torneios, um bracelete da World Series of Poker e um título do World Poker Tour, mas os cash games sempre foram sua principal fonte de renda. Ele é um jogador conhecido como sendo perigoso e instintivo, e já participou dos programas High Stakes Poker, da GSN, e Poker After Dark, da NBC.

Kristy Arnett: Você teve algum mentor que lhe ajudou a aprender?

Antonio Esfandiari: Havia dois caras a que eu assistia quando jovem. Um cara chamado Scott Lundgren — um jogador de longa data de L.A. — excelente jogador. E também Bobby Hoff: aprendi muito com ele.

KA: Eles lhe deram algum conselho específico?

AE: Eles não me aconselharam. Aprendi simplesmente os vendo jogar, coisa que eu acho que muitos jogadores iniciantes deveriam fazer.

KA: Que conselho você daria para os que estão começando nos cash games?

AE: Meu conselho é que eles estudem o jogo. Vejam vídeos online. Eu nunca fiz isso, mas acho que é uma ótima ferramenta de aprendizado. O jogo evoluiu tanto que todo mundo meio que aprendeu. Era muito mais fácil antigamente. Ninguém sabia de nada. Ninguém sabia o que era uma three-bet. Ninguém sabia o que era um float. Hoje, todo mundo aprendeu o jogo, então, se você quiser ser um jogador de cash games vencedor, deve realmente estar um passo a frente do adversário. Você precisa ser muito, muito determinado.

KA: Como você teve que se ajustar às mudanças na maneira como os cash games são jogados?

AE: Bem, acho que a melhor parte do meu jogo é meu instinto. Os jovens todos jogam um poker padrão. Eles dão raise em posição, tribetam sem ter nada e apostam depois do flop. Então você meio que precisa se ajustar de acordo com isso, dependendo de quem esteja à sua esquerda e coisas do tipo. O jogo evoluiu muito, pois costumava ser muito mais tight. Hoje, se os jogadores estiverem entrando em todas as mãos, simplesmente tente permanecer tight e jogar mãos de qualidade.

KA: Quem, na sua opinião, são os melhores jogadores de cash games do mundo?

AE: Eu acho que “Durrrr” joga muito bem, e Patrik Antonius é um monstro.

KA: Que características os grandes jogadores de cash games têm em comum?

AE: A habilidade de ler seus oponentes, e eles têm coragem.

KA: O que você quer dizer por coragem, e por que é tão importante?

AE: Quando você sabe que seu king high é bom e seu oponente aposta $100.000, você precisa ter coragem para dar call. É preciso muita coragem para seguir seus instintos, e se você não conseguir fazer isso, não poderá ser o melhor.

KA: Que conselho você daria a jogadores que são naturalmente avessos ao risco e que têm dificuldade em seguir seus instintos?

AE: Comece fazendo o que você acha que deve fazer e o que você consegue fazer sem pagar um preço. Muitas vezes, as pessoas não fazem o que sabem que podem fazer sem se prejudicar no que diz respeito a coisas como um blefe, pois o dinheiro é muito alto para elas. Eu sugiro tentar fazer essas jogadas em uma mesa mais barata. Sempre que seu instinto lhe disser para fazer alguma coisa, tente fazê-la. Veja como funciona para você.

KA: O que os jogadores de torneios precisam ter em mente de modo a ter sucesso em cash games?

AE: O que importa nos torneios é a sobrevivência e tentar obter valor máximo com suas mãos, pois o tempo é essencial, enquanto em cash games você tem todo o tempo do mundo, então não precisa correr riscos desnecessários.

KA: Quando você estava subindo de stakes, como sabia quando estava preparado para jogar no nível seguinte, tanto em termos de habilidade quanto de bankroll?

AE: Não é uma questão de saber. Quando você joga poker profissionalmente, quer sempre jogar mais alto, e quer sempre ser o melhor. A maneira de fazer isso é continuar subindo cada vez mais. Eu não tomava uma decisão calculada sobre quando estava preparado no que diz respeito à habilidade. Quanto ao meu bankroll, eu dizia: “OK, meu bankroll é uma quantia X e o buy-in para esse jogo é uma quantia Y. Se eu perder a quantia Y, ainda terei Z para sobreviver, então vou tentar”.

KA: Suas tentativas já deram errado ou você se deu muito mal em jogos high-stakes?

AE: Na primeira temporada do High Stakes Poker, eu perdi mais de $100.000. Na terceira, mais de $100.000. Eu tomei muitos, muitos castigos naquele programa, mas a vida é assim. Se seu bankroll consegue suportar um baque, você simplesmente segue em frente. Eu não deixo as perdas me afetarem. É mais ou menos o mesmo quanto às vitorias, pois você não pode ganhar toda sessão. Eu acho que perder é como pagar impostos. Você precisa pagar seus impostos, e precisa perder.

KA: No programa, os telespectadores lhe viram entrar de limp algumas vezes com um par de ases. O que você levou em conta para fazer slowplay pré-flop?

AE: A razão por que eu entrei de limp foi para colocar um reraise pré-flop, e não funcionou nessas duas vezes no High Stakes Poker porque todo mundo entrou de limp. Em uma mesa na qual há muitos aumentos, é correto entrar de limp e voltar reraise pré-flop. Se você entra de limp e o pote não é aumentado, precisa ser capaz de dar fold.

KA: Isso ocorre devido às informações que você perde quando não há raise pré-flop?

AE: Exatamente. Em uma mão na qual entrei de limp com ases, o flop veio K-Q-10 e Barry Greenstein tinha K-Q. A mesa rodou em check no flop, depois ele apostou contra cinco pessoas no turn. Eu dei call e, no river, ele apostou $20.000. Eu simplesmente sabia que meus ases não eram bons, pois ele não apostaria contra cinco pessoas no turn e continuaria a apostar no river, então eu larguei meus ases.

KA: Qual é o erro mais crucial que você vê jogadores novatos em cash games cometerem?

AE: Jogar mãos fora de posição. A posição é muito importante. Eu vejo muitas pessoas jogando mãos que não deviam quando estão fora de posição. É preciso evitar jogar com draws quando estiver fora de posição. Acho que muitas pessoas não dão o valor devido à posição.

KA: Para muitos jogadores aprendendo na Internet, pode ser difícil a transição para jogos live. Você tem algum conselho para eles?

AE: Fiquem longe das mesas, seus geniosinhos da Internet [rindo]. Não, mas às vezes, os jogadores online vêm para uma mesa e jogam com base apenas na matemática. Eles não tentam entender que você pode realmente olhar para os seus oponentes e ter uma leitura deles.




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