EDIÇÃO 3 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

País do Poker – o Ás toma o lugar da bola!


Rafael Caiaffa

O Brasil está respirando Texas Hold´em! De norte a sul, torneios se realizam com mais freqüência e mais atrativos. Como conseqüência, os inscritos e os prêmios aumentam significativamente. E o que começou no Brasil como uma febre, consolida-se de forma definitiva como um esporte para pessoas de todas as idades. Interessante notar que todos buscam o sonho de fazer a mesa final e levar uma bolada para casa. Aproveitando o gancho, resolvi falar no artigo desse mês sobre dois grandes torneios live que joguei em agosto. Mas antes vou começar com uma novidade.

Best Poker Team
O site Best Poker não pára de investir no poker brasileiro. Depois de ceder três vagas exclusivas a brasileiros para o WSOP 2008 (que ainda estão em disputa) o site montou uma equipe para jogar torneios pelo país. Para começar a jornada, foram escolhidos quatro integrantes, que estrearam no Brasil Poker Fest, em Campos do Jordão: Caiaffa/MG, Fullmagai/GO, Helio/BA e Gualter/RJ. Mais jogadores serão escolhidos e, ano que vem, todos os brasileiros que jogam no site terão a oportunidade de entrar na equipe (para abrir sua conta, acesse www.bestpoker.com e, para promoções exclusivas para brasileiros, coloque o bonus code: mumu)

Campos do Jordão
Mas vamos ao que interessa: Poker! A estréia pelo Best Poker Team foi em Campos do Jordão. Cidade perfeita para levar a esposa e curtir aquele frio gostoso. Pessoas do Brasil inteiro estiveram presentes e o torneio foi dividido em três turnos, com os classificados jogando a final de domingo. Comecei o torneio de rebuy e nos 3 primeiros blinds não joguei quase nenhuma mão, para depois do add-on entrar de vez no jogo. E logo no início dessa fase recebo minha primeira mão premium: KK! Blinds 150-300, utg entra de limp e eu dou raise de 1300. O utg, quase sem pensar, me volta mais 8k (que era meu all-in). Pensei muito e resolvi foldar, imaginando que ele tivesse um AA na mão. Para minha infelicidade, ele me mostrou 99.

Vamos analisar friamente: o poker é um jogo muito complexo e subjetivo, e isso faz com que ele seja tão apaixonante. Ao conversar sobre essa jogada com dois profissionais, recebi dois pensamentos distintos, mas, o mais interessante é que eu concordei com os dois. Tire suas próprias conclusões:

Akkari falou que eu devia entrar de all-in sem pensar. Motivo: se fosse AA ele teria me dado um reraise menor para me comprometer ainda mais com a mão. Talvez me voltasse mais 2k. Já Leo Bello falou que o torneio ainda estava em um momento inicial e que eu não precisava me envolver em all-in pré flop. Afinal, ainda que fosse um Ax ou um par menor, meu KK não era imbatível, e se eu jogasse um poker de alta qualidade poderia fazer ficha sem entrar em showdown. E foi o que aconteceu.

Continuei jogando por algumas horas e quando eu tinha 12k precisei entrar em meu primeiro all-in, mas fiz a leitura correta e sabia que eu estava na frente. Meu AQ enfrentou um AJ e, pela primeira vez, fiquei na média de fichas do torneio. A partir daí joguei um poker de alta qualidade, e levantei meu stack de 24k para 60k, sem nenhum showdown, e o mais interessante: sem jogar com nenhuma mão premium (AA, KK, QQ, AK). No último nível de blind do dia entrei em mais dois all-ins. Um de 1010 x A7 que me levou para 80k. E, faltando 5 minutos para o final, perdi 20k de AJ para Q10, quando uma Q me levou de volta para 60k (se não fosse essa mão, eu entrava na final com 100k, mas, como sabemos, não existe “se” no poker).

No dia 2 os blinds já começavam agressivos e estavam em 4k-8k, quando aconteceu a mão fatídica. Eu ainda tinha 60k em fichas e recebo A9s no small blind. A mesa roda em fold até chegar em Doralice, que entrou de limp com 90k (ela chegou na mesa final). Naquele momento, tive certeza de que meu A9s era uma mão mais forte do que a dela, já que ela sempre entrava de raise com mãos boas. Dei all-in sem pensar muito. O big blind fugiu e Doralice – também sem pensar – deu call e me apresenta A4off (que sonho!). Sonho pra ela, já que um 4 no river me derrubou do torneio e fim de papo. Eu ia ficar monstro... E faltavam apenas quatro para o money. Paciência!


Pousada do Rio Quente
Imperdível esse evento. A Pousada das Águas Quentes é um lugar perfeito para relaxar e jogar poker! Os organizadores da Federação Goiana, Bira e Júlio, me falaram que em novembro tem mais. Informações em www.fgpoker.com.br/index.php. Mas vamos ao jogo:

Após o período de add-on eu estava com 20k, na média de fichas, e recebi QQ. Com os blinds 400-800 dei raise de 2,5k. Um jogador dá call e outro, reraise de 6k. Me senti mal e larguei as Damas. Os jogadores entraram em confronto e mostraram 1010 e AK. O board apresentou um K e fiquei aliviado em ter corrido. Logo depois recebo AQs. Como já tinha um limper e os blinds estavam 500-1000, dei um raise muito forte (8k), para levar a mão naquele momento. O small me voltou all-in, e como tinha só mais 7k, paguei. Para minha surpresa, ele apresentou A10. Porém, mais uma vez dominando, e com mais de 70% de chance de vitória, já no flop veio o 10 que me eliminou do torneio.

A vantagem é que pude aproveitar a Pousada e entrar nas piscinas de águas quentes. Lá, pude relaxar e pensar sobre o Texas Hold´em. Em dois grandes torneios, entrei em somente cinco showdowns e tinha cerca de 70% de chance de ganhar em todos, mas acabei perdendo três e ganhando somente dois (40% de vitória). Sempre ouço dizer que o poker é um jogo de longo prazo. Mas onde está o tão sonhado longo prazo? Ainda não sei. No momento, basta lamentar quando essas injustiças desbancam a matemática.


Show em família
Para fechar, não poderia deixar de parabenizar Max e Mumu (tios), e Ivan e Iuri (primos). Na última etapa do BSOP, em BH, Max e Mumu fizeram o heads-up decisivo, com vitória do Max. Na Pousada do Rio Quente, meus dois primos, Ivan e Iuri, de 18 e 20 anos respectivamente, chegaram na grana: o mais novo ficou em 2º lugar. Parabéns!




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