EDIÇÃO 3 » MISCELÂNEA

O poker e a conquista


George Queiroz

O leitor da Card Player Brasil sabe muito bem que um bom jogador de poker não é apenas um bom jogador de poker. Nosso jogo pede ao praticante uma boa dose de inteligência, agilidade, frieza, iniciativa, além de uma pitada de sorte. Mas ao olharmos bem, são essas mesmas características as que fazem de uma pessoa alguém bem sucedido nas finanças, no trabalho, e, porque não, no amor. Por isso, não há exagero em afirmar que um bom jogador de poker pode se dar bem em outras áreas, aplicando as leis do jogo e interpretando os eventos do dia-a-dia como se estivesse no pano verde.

Desta forma, esqueçam o velho chavão sorte no jogo, azar no amor. A Card Player Brasil, sempre inovando, encarregou sua Assessoria para Relacionamentos Amorosos de provar cientificamente que uma conquista amorosa e um jogo de poker têm muitos pontos e comum.

Antes que o incrédulo leitor solteirão resolva largar esta revista e voltar às suas simpatias pé-de-pato-bangalô-três-vezes para conseguir uma alma-gêmea, passemos às nossas evidências científicas.

Você está em um bar e vê uma linda garota bebericando um martini. Se estivesse em uma partida de poker, nesta situação você estaria pré-flop. Então, você se olha e confirma que está muito bem vestido. Seu hálito está bom, a barba bem feita e cabelos bem arrumados. A garota olha em sua direção algumas vezes. Vendo-se assim, você deve ter uma boa mão, provavelmente algo como AA. Sua primeira vontade é de ser agressivo e aumentar o pote já antes do flop, partindo para o ataque, afinal, dificilmente ela terá uma mão mais forte que a sua, correto?

Errado. Ela não só tem uma mão mais forte, como também todo um braço! Está vendo o grandalhão tatuado logo ao lado dela? É seu namorado. Então, neste caso, esqueça o pote pré-flop... a menos que você queira ganhar uns hematomas.

Isto também funciona para as leitoras. Suponhamos que você, leitora, está jantando com aquele sujeito que sempre lhe fez suspirar. Se ele lhe convidou, é porque tem interesse... Assim, pode acreditar, você tem AK. Ele diz que sempre lhe achou atraente, interessante, sinal que o flop vem com algo como 10J8. Ótimas chances de fazer um straight, não? Mas você não quer parecer muito atirada para que ele não se assuste, por isso vai controlando o tamanho do pote, sem parecer agressiva, embora devesse. Já ele, parece estar confiante e sorri para você de maneira sedutora. “Deve estar blefando, o canalha”, você pensa.

O turn e o river vêm com 10Q. A esta altura o jantar está no fim e você percebe que tomou um pouco mais de vinho do que deveria. Não importa: você fez um straight, e sabe que a noite é sua. No entanto, quando ele baixa as cartas, mostra A7. É, amiga... ele fez um flush e venceu a partida. Mas você, cara leitora, nem se importa com esse detalhe, afinal, sabe muito bem deixar os homens acreditarem que estão dominando a situação, quando na verdade é você quem dá as cartas. E, convenhamos, com tantas cartas daquele naipe, tudo leva a crer que a noite reserva um flush daqueles...

Também podemos avaliar o risco de um relacionamento, pesando de maneira consciente a mão e decidindo o quanto estamos dispostos a apostar nela. Vejamos como:

Se você está jogando apenas para se divertir, não importa ganhar ou perder, não é mesmo? Desta forma, o jogo ocorre muito rapidamente, já que o entretenimento é o que realmente você procura. Você nem se preocupa muito com sua mão, o flop veio 79J, e no turn Q. você olha e dá um sorrisinho. Pensa “Valete, Dama, hmm, sinal que a noite será ótima!”. Você já está lá todo fogoso e quando abre o river, sua companheira franze a testa: “Oh-oh, um K!!!...”, ela diz.

O Rei. O que isto significa? Está ouvindo baterem na porta? É o marido dela chegando. E você não vai querer disputar o pote com o dono do baralho, vai? Então dê logo fold, e procure um armário bem confortável. Ah, e torça bastante pro sujeito ser o tal big blind!




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