EDIÇÃO 3 » FIQUE POR DENTRO

Nova Geração: Maria Ho

A Mulher Mais Bem Colocada no Main Event do WSOP


Craig Tapscott

Maria Ho foi a mulher mais bem colocada no Main Event do WSOP deste ano. É uma honra da qual ela se orgulha muito, apesar de não lhe subir à cabeça. Ela quase chegou à mesa final do evento de maior prestígio do poker mundial. Ho saiu desapontada e com o coração partido quando a última carta a derrubou de forma cruel.

“Quando você entra num torneio, quer vencê-lo”, disse Ho. “Ser a última mulher a cair é uma marca importante, já que somos uma porcentagem tão pequena do field. Mas eu não quero ser conhecida como ‘a melhor jogadora’  de poker. É compreensível que as mulheres digam isso o tempo todo. Estou feliz, mas quero muito mais.”

 O coração de Ho foi parcialmente consolado com a quantia de $237.865 pelo 38º lugar e a enxurrada de cumprimentos que ela recebeu pelo ótimo desempenho. Ao longo do evento, Ho jogou com o equilíbrio e a paciência de um profissional maduro. Com apenas 24 de idade, ela ainda terá muitas oportunidades de acrescentar um bracelete de ouro à sua coleção de jóias.

Craig Tapscott: O que você aprendeu durante o Main Event?

Maria Ho: Realmente houve uma transformação no meu jogo durante os cinco dias em que joguei. Comecei muito cautelosa no Dia 1, tentando apenas sentir os outros jogadores. Estava tentando sobreviver, mas ao mesmo tempo escolhia momentos para ser agressiva. Se eu entrasse na disputa por um pote, era para ganhar.

CT: Alguma estratégia específica que você gostaria de compartilhar?

MH
: No primeiro dia, eu estava basicamente jogando posição e cartas – se estivesse UTG, só iria com mãos premium. Na verdade eu não gosto de aumentar com mãos como A-Q no começo da mesa. É provável que essa tenha sido a maior alteração no meu estilo de jogo. Também costumava ser assim: se alguém aumentasse antes de mim e eu tivesse uma mão como um par de damas, eu voltava all-in. Descobri que há muitas outras formas de se jogar uma mão como aquela, como dar call se a posição for favorável. Na verdade, esse tipo de pensamento fez com que eu ganhasse um bom dinheiro durante o Main Event.

CT: Quando você começou a jogar poker?

MH:
Na minha infância via meu pai jogar hold’em só por diversão. Sou uma pessoa competitiva por natureza e adoro jogos de cartas. O primeiro que aprendi foi o bridge, que eu costumava jogar com meu avô. Comecei a jogar hold’em pouco antes de entrar para a faculdade, em 2001. Próximo à Universidade da Califórnia, em San Diego, há vários cassinos. Eu ia lá com meus amigos e fui fisgada pelo jogo ao vivo. Geralmente jogava limit de $3-$6.

CT: Como você construiu seu bankroll?

MH:
Meus pais me davam uma mesada para que eu não precisasse trabalhar enquanto estivesse na faculdade. Às vezes eu usava esse dinheiro para jogar poker.

CT: Seus pais aprovavam isso?

MH:
(Risos) De jeito nenhum! Eu jogava… quebrava, jogava de novo… quebrava mais uma vez – ainda mais ao vivo. Entretanto, quando comecei a jogar online, em 2003, construí meu bankroll rapidinho.

CT: Como?

MH:
Comecei jogando $5-$10 e $10-$20. Às vezes eu mudava para $30-$60. É fácil subir de limite no mesmo dia e jogar várias mesas. Eu me sentia muito mais confortável jogando online! Quando jogava ao vivo, minhas mãos às vezes tremiam.

CT: Quando você se interessou por torneios?

MH:
O primeiro torneio que eu joguei foi um evento com buy-in de $300, no Hollywood Park Casino, em Los Angeles. Fiz a mesa final. Então, no torneio seguinte, fiz a mesa final de novo, e terminei em sexto lugar. Eu pensei: “Meu Deus, eu sou boa nisso! Esse negócio de torneio de poker é para mim (risos).”

CT: Você já leu algum livro de poker?

MH:
Nunca li um livro de poker na vida. Jogo muito por instinto e feeling. Foi assim que eu sempre orientei meu jogo. Eu costumava ver John Phan jogar no Commerce Casino. Aprendi muito com o estilo dele em cash games de high-stakes.

CT: Você poderia apontar uma fraqueza presenciada nas mesas do World Series?

MH:
Os jogadores vão muito de all-in. Na maioria das vezes, acredito que o melhor poker seja o de potes pequenos.

CT: Seu arroz com feijão como profissional nos últimos dois anos foram os limit cash games, certo?

MH:
Sim. Eu jogo basicamente entre $100-$200 e $400-$800. Em partidas de no-limit, estou um pouco enferrujada. Ainda tenho muito a aprender. É claro que agora tenho muito mais confiança em mim mesma. Talvez eu até leia um livro em breve (risos).




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