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Latin American Heads-up II - O duelo se repete

Na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, jogadores de um continente inteiro se reuniram para a segunda edição do Latin American Heads-Up Series. E a disputa mano a mano organizada pelo Full Tilt teve batalhas épicas entre irmãos de armas, confrontos estratégicos e a repetição de algumas histórias.


Bruno Nóbrega de Sousa

O DUELO SE REPETE
Na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, jogadores de um continente inteiro se reuniram para a segunda edição do Latin American Heads-Up Series. E a disputa mano a mano organizada pelo Full Tilt teve batalhas épicas entre irmãos de armas, confrontos estratégicos e a repetição de algumas histórias.

TRAVESSIA
Quem entrava pelo hall principal do Casino Iguazú Resort e se depara com aquele ambiente sofisticado, não imaginava que a poucos metros daquele saguão acontecia um desafio diferenciado entre alguns dos melhores jogadores de poker da América do Sul.

Após cruzar toda a extensão do cassino, chegava-se ao local do evento. Parecia ser o salão do hotel onde shows eram realizados – mas, em se tratando de um torneio de heads-up, não me lembro de ter visto um ambiente e uma disposição de mesas tão adequadas ao embate de um contra um. O lugar do palco servia de base para a mesa da TV, enquanto as demais estavam espalhadas entre a área central e outros dois patamares, compondo um cenário promissor para partidas antológicas.

AOS LEÕES
Precisamente dois meses depois da primeira edição do evento, realizada no começo de setembro, em Neuquén, também na Argentina, teve início o segundo Latin American Heads-Up Series. Alguns rostos conhecidos, marcados por bad beats aplicadas e sofridas, voltavam a se enfrentar.

O field, que dessa vez apresentava um nível técnico ainda melhor, era composto por jogadores de reconhecida agressividade. Ainda que o “cada um por si” predominasse, os duelistas demonstravam certo sentimento de nação. Pelo lado brasileiro, tínhamos Christian Kruel e Felipe Mojave, que acabaram se enfrentando logo na primeira rodada, fazendo com que dois irmãos de armas se digladiassem muito antes da hora, numa batalha homérica que durou mais de quatro horas (confira o relato desse confronto no especial das páginas 34 e 35). Junto a eles, outros predadores do feltro, como o vice-campeão da edição anterior Leandro Brasa, o Jogador do Ano 2008 da CardPlayer Brasil e vencedor do Sunday Million Caio Pimenta, o vencedor do FTOPS Fábio “Deu Zebra” Monteiro, e o presidente da CBTH Igor Federal.

Defendendo a honra argentina, o campeão do torneio de Neuquén, Ernesto Pano, ao lado do irreverente Leandro “Peluca”, do Full Tilt Pro Damian Salas, e do jovem e talentoso jogador de high-stakes, Diego Arbuello. Completando a arena, destaque para o chileno com nome de general do mundo antigo, Anibal Huneeus, e para o estratégico enxadrista recém-chegado ao poker Maximo Latashen, do Paraguai.

ARMAS EM PUNHO
O Latin American Heads-Up é um torneio mata-mata no formato “melhor de três” – quem vencer duas partidas, avança para a rodada seguinte. E com field pré-determinado de 64 jogadores, o campeão deveria sobreviver a seis rounds para ficar com o título.

As batalhas começaram, e algumas delas não eram o que nós, brasileiros, queríamos: além de CK vs. Mojave, tivemos outros dois favoritos se enfrentando logo na primeira fase – Caio Pimenta e Fábio “Deu Zebra”. Já estava 1 a 0 para o vencedor do Sunday Million contra o vencedor do FTOPS, quando os dois se envolveram num all-in pré-flop. Caio mostrou T J, e Fabião apresentou 7 T, acertando uma sequência que deu fim a mais um embate entre brazucas. Zebra viria a ser eliminado na terceira fase, ao perder por 2 a 1 o confronto contra o argentino Carlos Delimia.

Enquanto isso, o vice-campeão da primeira edição Heads-Up, Leandro Brasa, perdia por 1 a 0 para Pablo Andrew, da Argentina, pela segunda rodada do torneio. No primeiro match, Andrew acertou um full house de ás com sete e abriu vantagem no placar. Na partida seguinte, numa situação de all-in pós-flop, o brasileiro apresenta 7 8 e se depara com um A K do oponente. O bordo final teve 9 A T K 8, e os dois pares de Andrew decretaram a queda do Full Tilt Pro Leandro Brasa, um dos grandes favoritos ao título.

Também pela segunda fase, outro brasileiro com sérias pretensões de vencer o torneio encarou uma pedreira: Felipe Mojave enfrentou Anibal Huneeus, num confronto que chamou a atenção pelo clima quente e pelo alto nível técnico. Depois de algumas provocações de parte a parte, a sorte acabou soprando a favor do chileno, que, completamente dominado com seu A-5 contra o A-9 de Mojave, viu bater um 5 no flop e fez 2 a 0 no placar.

Mas o vento mudou de direção: já pelas quartas-de-final, Anibal cairia ante o enxadrista Máximo Latashen, bom jogador do Paraguai. Ele, que conhecera o poker há pouco mais de seis meses, sentia-se deslocado por não conhecer nenhum dos adversários pessoalmente. Assim, entre um intervalo e outro, Máximo se aproximava do pessoal da imprensa e comentava algumas mãos. Demonstrando um sólido conhecimento teórico do jogo, ele explicou um call heroico com o quarto par contra o perigoso chileno. Despretensiosamente, descreveu sua linha de raciocínio: “Pelo modo como ele [Anibal] deu esses ‘três tiros’, ou ele tem um monstro ou é um blefe puro. Com dinheiro morto no pote, eu tinha odds para pagar, mesmo com o quarto par”. E de fato o chileno estava blefando, e acabou sendo eliminado da disputa.

MÁQUINAS DE GUERRA
Como tanques de guerra esmagando oponentes pelo caminho, os quatro semifinalistas se encontraram: Diego Arbuello vs. Máximo Latashen, e Igor Federal vs. Hugo Zanotti.

O primeiro confronto entre Arbuello e Latashen foi decidio num all-in pré-flop, em que o paraguaio mostrou A-To contra K-7o do argentino. Um dez no river fez Latashen abrir 1 a 0. Na mão decisiva do segundo match, a vantagem mudou de lado, e o ace high de Arbuello foi o bastante para empatar a partida. No terceiro embate, confronto entre pares: 2-2 vs. 4-4. E o flop sorriu para Arbuello quando um 4 apareceu. 2 a 1 no placar, e GG para Máximo Latashen.

Na outra semifinal, Igor Federal sequer deu chance a Hugo Zanotti. O presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold´em abriu 2 a 0 num confronto que durou menos de 1 hora. Federal era o Brasil na grande final do torneio latino-americano de heads-up!

O “DIA D” DE DIEGO

Assim como na primeira edição, em Neuquén, a final entre Brasil e Argentina intensificou a atmosfera de rivalidade. Federal, com sua experiência internacional, encararia Diego Arbuello, um oponente jovem e bastante competente: o resultado era imprevisível, e a disputa seria equilibrada até o final.

O confronto estava empatado em 1 a 1 quando a mão derradeira aconteceu: com blinds altos, os dois finalistas vão all-in pré-flop – Federal mostra J 7, Arbuello apresenta K J. Um bordo final com T 3 T K 4 definiu que havia chegado o “Dia D” de Diego, grande vencedor da segunda edição do Latin American Heads-Up Series.

Depois de ter superado um adversário duro na final, Diego foi perguntado se tinha achado justo o resultado, ao que respondeu: “Justo? Não acredito que haja isso de ‘justiça’ no poker. Para mim, vencer com sorte ou com habilidade é a mesma coisa”. Palavras fortes de um jogador forte, que ainda var dar o que falar nos feltros pelo mundo afora.

Parabéns aos participantes, que proporcionaram um evento de nível técnico muito bom. E parabéns ao Full Tilt, que fechou com chave de ouro um ano realmente dourado.

FICHA TÉCNICA
Latin American Heads-Up Series II
Local: Casino Iguazu Resort, Puerto Iguazu, Argentina
Datas: 6, 7 e 8 de novembro
Buy-In: US$ 3.000,00
Formato: Heads-Up (melhor de três partidas)
Estoque Inicial: 20.000 fichas
Blinds: 12 minutos
Field: 64 jogadores
ITM: os 8 mais bem colocados
Realização: fulltiltpoker.net




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