EDIÇÃO 28 » MISCELÂNEA

Heads-up com Scott Montgomery

Detectando Blefes


Kristy Arnett

Em sua curta carreira, Scott Montgomery tem jogado nos maiores palcos do poker. Sua primeira grande premiação em torneios foi na mesa final televisionada do World Poker Tour L.A. Poker Classic 2008. Ele ficou na quinta colocação, faturando quase $297.000. Na World Series of Poker 2008, ficou ITM em três eventos preliminares e chegou à mesa final do main event de $10.000, tornando-se um dos famosos membros do “November Nine”. Ele terminou na quinta colocação, embolsando pouco mais de $3 milhões.

Kristy Arnett: Que tipo de coisa você procura para desvendar um blefe?
Scott Montgomery:
Devido a minha experiência na Internet, tells físicas não são minha especialidade. Eu presto mais atenção ao padrão e ao dimensionamento de apostas. Ele apostaria mesmo com essa mão? Muitas vezes você chega ao river e sabe que ele não é o tipo de jogador que aposta pelo valor com uma mão mediana, então ele tem um monstro ou nada. Você reanalisa e pensa: ele teria jogado dessa maneira com um monstro no flop?

Portanto, essa é uma maneira fácil de identificar blefes. Além de ler blefes você precisa convencer as pessoas a não blefar contra você. É por isso que ajuda muito ter a imagem de alguém que dá calls insanos no river com bottom pairs em torneios. Faça algumas jogadas assim todo dia e você vai deixar as pessoas assustadas para blefar contra você.

KA: Então pagar um blefe é importante para ganhar o pote e também para desencorajar oponentes a blefar em mãos futuras.
SM:
Sim. Os jogadores ficam sempre assustados ao blefar, então você deve querer colocar o medo extra em suas mentes que esse cara, mesmo com ace high, vai dar call de vez em quando. Então talvez eu jamais deva blefar contra ele.

KA: Você mencionou dimensionamento de apostas. Você acha que os jogadores apostam muito pouco ou demais quando tentam blefar?
SM:
Eu diria que depende do jogador. Em geral, acho que os jogadores mais tight e mais velhos apostam menos quando estão blefando porque têm medo, enquanto os mais jovens apostam demais ao blefar. Depende do jogador, mas eu geralmente observo isso.

KA: Eu vou lhe colocar sob os holofotes. Qual foi o blefe mais memorável que você já tentou?
SM:
[Rindo] Eu sou basicamente conhecido por dar ridículos all-ins blefando, sem ter nada. Há muitos para lembrar só de um. Todo dia eu vou all-in com algo como 4 high pelo menos uma vez, com certeza. Bem, lembrei de um bom. Eu me lembro de estar disputando um evento de $15.000 do Bellagio. Tínhamos jogado cerca de cinco horas do primeiro dia e eu era um dos chip leaders. Eu tinha quadruplicado. Então Antonio [Esfandiari] sentou-se à minha mesa, e ele tinha um pouco menos que eu. Demorou cerca de meia hora para que nos envolvêssemos em um pote all-in. Ele tinha o nuts — full de nove — e eu tinha king high. Isso foi no turn, então eu tinha uma queda completamente morta com esse pote de um quarto de milhão cinco horas após o início do torneio.

KA: Com esse tipo de imagem, você definitivamente recebe calls com grandes mãos, certo?
SM:
É claro. Assim que eu me sento à mesa, dá para ver as pessoas pensando: “Oba! Esse cara vai apostar com qualquer coisa!”




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