EDIÇÃO 27 » COLUNA INTERNACIONAL

Minha Grande Tolice!

No meu aniversário, ainda por cima


Phil Hellmuth

Depois que a World Series of Poker terminou para mim em 11 de julho, eu soube que o primeiro evento da temporada do World Poker Tour teria início no dia 13. Era um evento com buy-in de $15.000 que me daria a oportunidade de redenção. Eu poderia varrer da memória uma péssima WSOP com um só golpe, pois uma vitória nesse torneio do WPT renderia no mínimo $1 milhão. Mesmo assim, eu tinha sentimentos conflitantes sobre jogar. Por um lado, eu tinha oportunidade de me redimir e ganhar $1 milhão. Por outro, eu estava completamente esgotado depois de seis semanas exaustivas de poker, e mais do que pronto para voltar para casa para minha esposa e meus filhos. Quer dizer, será que eu precisava mesmo ficar em Vegas mais uma semana — especialmente com meu aniversário chegando no dia 16 de julho?

Com apenas parte de mim querendo jogar, cheguei ao Dia 1 com mais de três horas de atraso e joguei mãos em excesso. Então, eu tive um dia livre, e voltei jogando bem no Dia 2. Ao final do dia, eu estava em boa forma (165.000 em fichas com 90 jogadores restantes), e parecia que eu tinha muita energia disponível.

No Dia 3 — meu aniversário — eu comecei fervendo. Duas horas depois, ganhei um pote de mais de 30.000 quando meu A-A esmagou A-10 do meu oponente (Q-10-4-Q-Q).

Então, aconteceu: eu saí dos trilhos completamente. Primeiro, perdi um coin flip em um pote de quase 150.000 quando meu 6-6 perdeu para A-K, pois um ás bateu no river (5-5-3-Q-A). Eu tinha aberto com 7.000 e depois pagado um reraise de 65.000. Eu era um modesto favorito, mas normalmente teria desistido dessa mão. Quer dizer, que mão eu poderia derrotar pré-flop com 6-6?

Então, eu realmente doei minhas fichas! Com os blinds em 1.000-2.000, o Jogador A, under the gun, abriu com 7.000, e eu aumentei para 23.000 com 4-4. O Jogador A pagou, e o flop veio Q-9-2. O Jogador A deu check, eu apostei 40.000 e o Jogador A deu call. O turn foi um 9, e o Jogador A apostou 53.000. Eu o encarei de cima abaixo e decidi aumentar para 110.000. O Jogador A então me colocou all-in com meus 35.000 restantes, mais ou menos, e eu paguei. Ele me mostrou uma trinca de noves, e eu acanhadamente dei fold na minha mão sem mostrá-la. Eu deixei o Bellagio, fiz meu registro de saída no Caesars Palace e estava num avião antes das 18h.

Será que ter perdido aquele coin flip me fez perder a cabeça? Quer dizer, eu tinha perdido dois coin flips chave na WSOP quando tinha 6-6, ambos para um ás no river, e isso aconteceu de novo nesse evento do WPT! Mas essa é uma desculpa barata para perder a cabeça cinco minutos depois e desperdiçar uma montanha de fichas.

Vamos dar uma olhada mais a fundo nessa mão. Eu não me importo com meu reraise pré-flop com 4-4, mas, em um mundo ideal, eu teria sentido força em meu oponente e apenas dado call. Eu não me importo com minha aposta no flop, mas se meu radar estivesse funcionando bem, eu teria sentido muita força em alguém que tinha acabado de flopar a segunda melhor mão possível. No turn, a aposta de 53.000 do meu oponente funcionou perfeitamente; quer dizer, eu fiz exatamente o que ele queria que eu fizesse. Contudo, eu não gosto dessa aposta. Eu teria preferido ver um check aqui. Digo, por que apostar 53.000 e me dar a chance de desistir da minha mão? Por que não dar check e me deixar blefar mais uma vez, ou me deixar acertar minha mão? Eu odeio meu raise no turn. Meu radar devia estar completamente desligado para eu não notar que meu oponente estava mostrando uma força enorme ao apostar 53.000. Eu acho que estava fora de sintonia, irritado por ter perdido a mão 6-6 para mais um ás no river. Eu gosto do reraise de 35.000 do Jogador A, me colocando all-in. Depois de colocar todo aquele dinheiro, eu tinha que pagar mais 35.000, certo? Eu odeio meu call de 35.000, pois não estava mais do que óbvio que eu estava derrotado com meu par de quatros? Foi uma tolice da minha parte, mas pelo menos eu tinha um jantar de aniversário em casa com minha família.




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