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II Desafio Universitário e Texas Hold’em

Na segunda edição do evento promovido pela Universidade do Poker, alunos do ensino superior de todo Brasil mostraram suas habilidades no Texas Hold’em. E os dez finalistas nacionais se reuniram no Rio de Janeiro para uma disputa ao vivo.


Thiago Quintella Monteiro

Enfim, o dia 22 de julho de 2009 chegou para os dez finalistas do II Desafio Universitário de Texas Hold’em. Depois de três meses de competição, o sul-mato-grossense Andersen Waqued sagrou-se vencedor da competição, que contou com mais de 10 mil participantes desde a sua fase inicial. Morador de Campo Grande (MS), Andersen, 20 anos, é estudante de Administração da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O jogador, que esbanjou confiança desde sua chegada à mesa final, era só sorrisos ao final da disputa: “Estou muito feliz! Conheci o Rio de Janeiro, a praia de Copacabana. É claro que não penso em parar por aqui. Esse é só o começo, sonho ainda mais alto.”

O TORNEIO
Organizado pela Universidadedo-poker.com, o Desafio Universitário de Texas Hold’em terminou a sua segunda edição depois de três meses de disputa e mais de 10 mil inscritos. Na primeira fase da competição, jogadores de todas as regiões do Brasil concorreram através da internet, pelo software do Full Tilt Poker, em mesas eliminatórias.

Alunos do ensino superior e pós-graduação de qualquer instituição de ensino do Brasil estavam habilitados a ingressarem gratuitamente no Desafio. Após a inscrição, eles recebiam U$2 em créditos em sua conta para iniciarem a disputa.

A primeira etapa (classificatória online) foi divida entre quatro regiões do Brasil: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste, e em duas fases. Em cada uma delas, os participantes disputaram dois freerolls regionais e um nacional, comum a todas as regiões, totalizando seis torneios para cada jogador nesta etapa.

Os participantes recebiam pontos de acordo com as suas colocações finais em cada evento, que eram acumulados no ranking da região em que ele estivesse inscrito. Os freerolls nacionais, tanto da Fase 1 como da Fase 2, tinham pesos diferentes dos regionais. Ou seja, um melhor desempenho no torneio nacional garantia mais pontos.

Pelo ranking, os quatro mais bem colocados da primeira fase e os cinco melhores da segunda formariam a mesa final regional online. Após essa decisão, os dez finalistas disputariam uma mesa final ao vivo, no Rio de Janeiro. Conheça os participantes da final nacional:

Região Nordeste:
Tércio Padilha (RN) e Pablo Brito (BA).
Região Norte/Centro-Oeste:
Geovane Venturelli (DF) e Andersen Waqued (MS).
Região Sul:
Eduardo Alex (PR) e Bruno Arbo (RS).
Região Sudeste:
Augusto Hepp (SP), Athos Costa (RJ), Gustavo Dias (RJ) e Marcos Shishido (SP).

MESA FINAL NACIONAL
A grande final nacional do Desafio Universitário de Texas Hold’em foi realizada no Salão Rosa do Jóquei Clube, no bairro da Gávea, Rio de Janeiro.

Os participantes demonstravam concentração e nervosismo antes da disputa. Natural, já que para todos eles era a primeira vez em um campeonato de âmbito nacional, com uma premiação tão grande em jogo. O campeão da noite levaria para casa um carro zero km. E os outros prêmios incluiam uma Scooter, TV’s de LCD, bicicleta, câmeras fotográficas e notebooks para os participantes.

O nervosismo só aumentou quando os participantes se depararam com as diversas câmeras que rodeavam a mesa de jogo. A partida foi transmitida ao vivo, pela internet, através da Universidadedopoker.com. Nesse momento era impossível segurar a tensão e não pensar na família e amigos assistindo-os em casa, ou até mesmo do lado de fora do salão.

Ao lado do local onde estava a feature table, uma sala menor abrigava os membros do Full Tilt Poker, Raul Oliveira e Christian Kruel, a postos para comentarem a disputa final. Os internautas que acompanhavam a transmissão online puderam participar enviando perguntas para os dois, que seriam respondidas no ar. Ainda, os membros da FTP Team fizeram perguntas que garantiam brindes da Universidade do Poker e Full Tilt àquele que acertasse primeiro.

Nesse Sit-and-Go, cada jogador recebeu um stack inicial de 5.000 fichas, e os blinds começaram em 25/50, aumentando a cada 20 minutos, com break de cinco minutos a cada hora. “Vai ser um jogo muito duro e difícil no início. Temos muitas fichas e os blinds iniciais são muito baixos. Acredito que o primeiro eliminado não vai sair tão cedo da disputa”. – disse Raul Oliveira antes do início da competição. Christian Kruel ressaltou a longa duração do torneio como fator psicológico: “Foram três meses de torneio, ninguém quer chegar aqui e ser o primeiro eliminado. Quem tiver menos medo vai levar o título.”

Os dois primeiros levels confirmaram as expectativas dos comentaristas. Os jogadores estavam muito tight, largando a maioria dos potes e jogando apenas com mãos premium. Até ali, era difícil fazer qualquer tipo de projeção e apontar um favorito.

O terceiro level, com blinds em 75/150, trouxe um pouco mais de ação. O potiguar Tércio Padilha começou a dar indícios de que lia bem os adversários e estava começando a se soltar. Logo na 1ª mão, engatou um blefe de K9, fazendo um oponente com AK largar.

Ainda no nível três, em uma mão entre os paulistas Marcos Shishido e Augusto, um erro crucial para o destino de Shishido na partida: muitos sorrisos e velocidadade na hora de ir all-in com uma sequência pronta contra uma trinca de dez de Augusto, que deu “insta-fold”. Shishido poderia ter ganhado muito mais fichas.

Depois do primeiro intervalo, os jogadores voltaram para a disputa do quarto level, e o jogo, embora ainda tight, já demonstrava um pouco mais de agressividade, pelo menos por parte de alguns, como Tércio. Os comentaristas CK e Raul deram a dica: não dava mais para esperar pelo flop. Os jogadores tinham que tentar levar o pote pré-flop. E foi no sexto level, quando os blinds estavam em 200/400 e ninguém havia caído, que a tática de Tércio foi por água abaixo. Com um par de setes, ele se viu obrigado a dar fold após um raise forte ser coberto por um all-in de Geovane. O jogador do Rio Grande do Norte ficou short depois dessa mão e foi obrigado a ir all-in em seguida, quando foi eliminado por Bruno Arbo, do Rio Grande do Sul. Para CK e Raul, Tércio forçou demais o jogo e acabou errando, principalmente na relação entre o stack e os blinds. “Eu não tinha experiências em jogo ao vivo. Comecei jogando errado e aí depois foi difícil correr atrás. Acho que perdi quando dei um blefe errado e fiquei muito curto.” – disse o primeiro eliminado da noite.

Na sequência, ainda no sexto nível, foi a vez de Marcos Shishido sair do jogo. O paulista entrou de all-in contra Augusto e estava na frente até o river, que foi um balde de água fria para o sorridente Shishido: “Acho que usei a estratétgia certa durante o jogo. De verdade, faltaram cartas. Perdi quatro vezes para all-ins de adversários.” – disse.

Após as primeiras eliminações, o jogo foi interrompido para o segundo intervalo da noite. O croupier Gustavo Birman discordou que os jogadores não estivessem jogando como profissionais: “Está um jogo de alto nível. No sit-and-go, os blinds tornam-se assassinos e os jogadores são obrigados a ir para o tudo ou nada.” Após o segundo intervalo, Geovane era o chip leader com 10.200 fichas, seguido por Bruno e Andersen, com 7.500 e 6.500 respectivamente.

Nessa altura a disputa ficou mais emocionante, deixando alguns jogadores muito curtos. Christian Kruel projetou que aquela era a hora de agredir para levar o pote. A partir do oitavo nível, com blinds em 400/800, uma sequência de eliminações: Eduardo caiu em oitavo lugar; Pablo, em sétimo. Então começou a brilhar a estrela do sul-mato-grossense Andersen, que se encarregou de despachar Bruno e Augusto, tornando-se chip leader.

Já no 11º level, os blinds alcançavam incríveis 1000/2000, e foi a vez de os cariocas Athos e Gustavo darem adeus ao jogo. Athos, o mais “sortudo” até ali segundo os comentaristas, já que vinha recebendo boas mãos, foi all-in contra Geovane, do Distrito Federal, que por sua vez deu call e puxou o pote. Gustavo caiu depois de bater de frente contra o chip leader, Andersen, que começava a “iluminar”.

HEADS-UP
Já passava das quatro horas de disputa quando Andersen Waqued (MS) e Geovane Venturelli (DF) começaram o heads-up decisivo – curiosamente, os dois que representavam a região Norte/Centro-Oeste. Andersen mantinha calma e concentração por trás de seus óculos escuros e da condição de chip leader. Geovane parecia saber das dificuldades de derrotar o adversário com mais que o dobro de fichas. E ao contrário do restante da competição, o heads-up foi definido logo na primeira mão: O small blind apenas completa, e o flop vem com 737. Andersen vai all-in, e Geovane dá call e apresenta AJ. Andersen mostra 66. No turn bate um 7 que garante um full house e a vitória para Andersen, que se manteve tranqüilo. Um K no river apenas confirma o título do sul-mato-grossense, que enfim comemorou. Geovane também fez a festa, afinal, chegou à mesa final jogando bem e conquistou um belo resultado com o vice-campeonato.

“Andersen foi agressivo no momento certo, mereceu a vitória. Sem desmerecer o Geovane, que foi muito bem durante todo o torneio, sendo o chip leader por quase todas as rodadas.” – afirmaram os comentaristas CK e Raul Oliveira ao final da competição. “Acho que faltaram alguns conceitos de posição para os jogadores. Os stacks eram grandes e vimos poucos all-ins, mas é natural: o nervosismo e a pressão de estar aqui fazem segurar um pouco mais o jogo.” – completou Raul.

O vice-campeão Geovane Venturelli parabenizou o concorrente: “Acho que ele mereceu. Eu me perdi num blefe quando só tinham quatro jogadores e eu tentei forçar, sendo o chip leader. Mas eu só sonhava em chegar na final do regional e cheguei até aqui, está bom demais”.

Um sorridente Andersen aproveitou para tirar fotos com Raul Oliveira e Christian Kruel, sem largar os óculos escuros que o acompanharam durante a disputa: “Eu não tinha nem bicicleta (risos), agora tenho um carro! Comecei a jogar há dois anos, online, e agora sou Campeão Universitário do Brasil. Só consigo pensar em ganhar ainda mais”. – afirmou.

Para Henrique Bello, organizador do evento, a competição foi um sucesso e fruto de muito trabalho: “Foi muito gratificante a Universidade do Poker ter realizado um evento deste porte, com esta importância para o poker nacional e ter sido o sucesso que foi.” – disse Henrique, que ainda espera anunciar novidades em breve: “Temos inúmeros projetos na cabeça. Alguns em estágios avançados no papel e outros apenas em rascunhos. Posso garantir que trabalhos sempre a favor dos nossos jogadores.” – completou.

Depois do inesquecível torneio, os jogadores voltaram para casa como os grandes jogadores universitários do país e pensando na próxima edição do torneio. Parabéns a Universidadedopoker.com e a todos os envolvidos no Desafio Universitário, evento que tem tudo para se tornar uma tradição do poker brasileiro – afinal, dedicação, profissionalismo e emoção compõem uma fórmula quase infalível no caminho do sucesso. Até a próxima!




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