EDIÇÃO 24 » COLUNA INTERNACIONAL

NBC Heads-Up: Rounds 1 e 2

Sexton vs. Hellmuth, e Ishbia vs. Hellmuth


Phil Hellmuth

Nas duas próximas edições, apresentarei um olhar por dentro dos confrontos que disputei no popular NBC National Heads-Up Poker Championship. Na primeira rodada houve 32 partidas, e meu jogo de abertura foi contra o apresentador do WPT (World Poker Tour) Mike Sexton. A maioria das pessoas conhece Sexton como um narrador, mas eu o conheço como um veterano do circuito de poker, e já o enfrentei várias vezes desde os anos 80. Eu sabia que ele não me daria um centavo em nossa dis-puta; eu sabia que ele não desistira se tivesse poucas fichas; sabia que ele não iria deixar de estar alerta caso eu ficasse com poucas fichas; e, enfim, eu sabia que ele iria lutar arduamente do começo ao fim.

O buy-in era de $20.000, então cada um de nós começamos com 20.000 em fichas. Depois de certa disputa indo e vindo, achei que tivesse uma boa leitura dele. Eu parecia sentir quando ele estava fraco e quando estava forte. Aumentando quando ele estava fraco e desistindo quando estava forte, eu consegui uma liderança cedo ao ficar com 25.000 em fichas, e ele com 15.000.

Sexton tinha acabado de se recuperar para cerca de 18.000 quando o produtor do evento, Mori Eskandani — um querido ex-jogador profissional de poker — foi até o palco central enquanto as cartas eram distribuídas e disse: “Phil, eu sinto muito, você não pode mais usar seu boné ‘UltimateBet’. Você precisa trocar por um que tenha‘UltimateBet.net’ nele: a NBC realmente precisa do‘.net’”.

Sexton então disse a Eskandani: “Não perturbe Phil senão ele vai dar raise nessa mão!”

Eu então olhei para baixo e vi A J, com blinds em 300-600, e pensei: “Essa é uma mão muito boa, especialmente porque Sexton espera que eu aumente com qualquer coisa! Essa é uma ótima situação para mim”. Abri raise de 2.100. Sexton então aumentou para 5.500, e fiquei confuso. Eu meio que esperava que ele reaumentasse, pois achei que ele achasse que eu aumentaria com quaisquer duas cartas por estar com raiva pelo pedido de troca do boné – mas será que ele tinha uma mão de verdade?

Decidi usar uma das minhas maiores armas no poker: eu faria Sexton conversar comigo, e esse papo revelaria mais informações sobre a força de sua mão. Eu perguntei: “O que você vai fazer se eu for all-in?” Nenhuma resposta. Por alguma razão, continuei achando que ele tinha uma dama em sua mão, mas também poderia ter 10-10 ou 9-9. Mais uma vez, eu perguntei: “O que você vai fazer se eu for all-in?”

Quando ele finalmente respondeu: “Você tem que fazer o que você tem que fazer”, eu li que ele estava extremamente forte. Naquele momento, pensei: “Ele tem Q-Q?” Agora, dois ou três minutos tinham se passado, e eu finalmente decidi que estava pensando demais nessa situação. Sim, eu li força, mas quais eram as chances de ele ter uma mão tão forte capaz de pagar um all-in de 18.000? Segui esse raciocínio e decidi ir all-in.

Imediatamente, Sexton olhou suas cartas mais uma vez e disse: “Eu pago”.
Eu então perguntei imediatamente: “Damas?”
Sexton disse: “Sim”.

Droga! Eu tinha suspeitado fortemente que ele tinha damas, e tinha ido all-in mesmo assim. O que eu estava pensando? Eu, o “Poker Brat”, estava desapontado com a maneira como eu tinha jogado a mão, e mi-nhas emoções começaram a subir, mas Sexton é um cara de classe, e eu “Novo Phil”, estava determinado a não me lamentar e mostrar uma postura digna — e talvez mostrar uma verdadeira classe. Ganhando ou perdendo, o Novo Phil ia fazer sua estreia no NBC National Heads-Up Poker Championship 2009!

O flop veio J98, e eu disse: “Dê-me uma carta de copas para que eu tenha alguns outs com a última carta”. A carta do turn foi o 4, e agora eu sabia que estava em apuros, pois precisava de um ás ou um valete na última carta. Fiquei surpreso quando a carta do river foi o A! No ar, dei crédito a Sexton por ter a melhor mão. Se eu vou me lamentar quando meus oponentes ganham a melhor mão, devo elogiá-los quando eles têm a melhor mão e eu ganho com a pior!

Então comecei a pensar no meu oponente da segunda rodada, o qualificado online Jeffrey Ishbia, um jogador amador de Detroit, Michigan. Eu não iria ignorar ninguém, então decidi dar a Ishbia o devido respeito como jogador e tratar esse confronto como eu trataria qualquer outro. Embora não quisesse olhar para o futuro, eu sabia que, se eu ganhasse e Tom “Durrr” Dwan ganhasse sua partida da segunda rodada, o mundo teria o embate que tanto esperava.

Dwan e eu nos enfrentamos durante a primeira rodada do NBC National Heads-Up Poker Championship em 2008, e na terceira mão, fomos all-in com meu A-A contra 10-10 dele. Quando um 10 surgiu no turn para me eliminar, comecei o show do “Poker Brat”: comecei a me lamentar, xingando minha má sorte e dizendo a Dwan como ele tinha jogado mal essa mão. Isso causou uma comoção online em salas de bate-papo de todos os sites de poker, onde Dwan, de 21 anos, é visto nada menos que como um herói — e com razão, pois ele ganhou mais de $10 mi-lhões jogando poker online! Talvez seja um lance de “nova geração” versus “velha guarda”, mas eu não sei quantas vezes me perguntei quando eu e Dwan teríamos chance de jogar outra partida.

Contra Ishbia, eu não queria correr riscos. Com isso eu quero dizer que não queria jogar um grande pote em que ele pudesse ter sorte e ganhar toda a partida em uma mão. Eu ia jogar small ball e proteger minhas mãos — quando eu tivesse a melhor mão — de modo a não perder para um draw. Por que eu aceitaria uma vantagem de 3-para-1 em um grande pote? Achei melhor jogar em potes menores com a melhor mão, até que eu tivesse a melhor mão possível e Ishbia tivesse uma mão forte o suficiente para me pagar. Também me confiaria em minha habilidade de leitura para conseguir algumas fichas, pagando sempre que ele estivesse fraco e blefando quando ambos estivéssemos fracos.

No começo do jogo, com os blinds em 300-600, recebi Q-Q. Ishbia entrou de limp do button, eu aumentei mais 900 do big blind, e Ishbia pagou. O flop veio Q83. Pedi mesa, Ishbia apostou 2.000, e eu aumentei para 6.000. Ishbia pagou, e a carta do turn foi o J. Agora eu tinha plena certeza de que Ishbia já não tinha mais chances: eu não achava que ele tivesse um flush draw, e de forma alguma ele colocaria 6.000 com uma queda para a gaveta. Com o valete no bordo, Ishbia poderia ter um draw possível – isto é, se ele tivesse um 9 (ele então precisaria de um 10 para acertar uma sequência) em sua mão. Contra um grande profissional oponente, eu teria apostado bem menos ou até pedido mesa, de modo a tentar maximizar o montante de di-nheiro que eu ganharia nesse pote. Mas como achei que tinha grande vantagem sobre Ishbia, optei por proteger minha mão. Portanto, apostei incríveis 12.000, enquanto pensava que, caso Ishbia pagasse, eu iria all-in depois que a carta do river fosse virada, independentemente de qual fosse. Ishbia deu fold, e eu acabei ganhando a partida, assim como Dwan.
O cenário estava pronto: Dwan versus Hellmuth II!

Saiba mais sobre Phil entrando em seu website, www.PhilHellmuth.com, e visitando sua loja virtual em www.PokerBrat.com.




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