EDIÇÃO 23 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

O Poker Precisa De Bons Exemplos... SEMPRE!


Sérgio Prado

Eu não quero discutir nesta coluna, pela enésima vez, se poker é uma modalidade esportiva ou não. Mas para que o nosso jogo seja respeitado, ele precisa ter algumas características de outros esportes.

Acredito que a mais importante delas seja a criação e manutenção dos ídolos – figuras que atraem a atenção da mídia e que ganham o respeito dos fãs por seu desempenho e, principalmente, por sua postura dentro e fora das mesas. “Exemplo” seria a palavra ideal para resumir a minha ideia. Precisamos de gente que tenha essa postura que sirva de modelo para as pessoas, sejam eles iniciantes ou não. E não estou falando só de jogadores, mas de organizadores de torneio, presidentes e diretores de federações, representantes de empresas e clubes, etc.

O poker brasileiro hoje está cheio de histórias de sucesso, e conquistou um lugar de destaque no cenário mundial, seja com seus jogadores fazendo parte de equipes de elite, como o Team PokerStars Pro, seja atraindo a atenção dos investidores. O detalhe é que agora estamos passando por uma fase de transição. Os últimos cinco anos foram o período embrionário, com o crescimento do jogo acontecendo de forma rápida, às vezes até desordenada: isso é natural em todo processo evolutivo. Mas agora parece que acabou a época do amadorismo. Quem estiver disposto a entrar no mundo do poker precisa estar preparado para ter uma atitude profissional, nas mesas e fora delas. A época para testar, errar e recomeçar, acabou. O mercado está solidificado e não deixa espaço para aventureiros. Se você está querendo começar a jogar ou pretender ganhar dinheiro explorando o poker comercialmente, é bom estar preparado...

Algumas figuras despontaram no cenário nacional, mas acabaram sumindo. Grandes jogadores, que tinham pela frente um futuro brilh-ante, desistiram de tentar uma carreira no poker. Empresas e clubes abriram rapidamente e fecharam com a mesma velocidade. Torneios mirabolantes e utópicos fracassaram. E por que isso aconteceu? Simples: o poker conseguiu um sucesso enorme nos grandes centros do Brasil, mas mesmo assim não existe espaço para todo mundo. A seleção natural acabou privilegiando aqueles que deram os melhores exemplos. Quem atingiu o sucesso teve que passar por um período em que as coisas não eram fáceis, mas pelo menos permitiam a tentativa e o erro. Agora já é diferente.

Isso não quer dizer que ninguém mais vai poder experimentar. As novas tendências serão sempre bem vindas, e as boas ideias vão vingar com certeza. Mas acho que antes de abrir um clube, um site, uma revista, uma federação, as pessoas devem se espelhar nos exemplos que tivemos nesses primeiros anos da história do poker no Brasil. Gente que sabe se comportar eticamente durante um torneio (seja ele ao vivo ou online), que honra os compromissos assumidos, que sempre corre atrás da informação para passar aos leitores. Esse é o tipo de postura que deve ser adotado por todos. Mas é aí que está o pulo do gato! Tomar alguém como exemplo não significa copiar ideias e posturas que deram certo! É preciso ter algo a mais...

Vamos colocar a cabeça para funcionar! Se os novatos se espelharem nesses ídolos e modelos de sucesso, e, principalmente, conseguirem usar a criatividade para se destacar, garanto que nosso país vai solidificar sua posição e assumir de vez um lugar entre os principais mercados do mundo para o poker. Talento nós temos de sobra. Força de vontade, também! E a tal da criatividade? Essa é nossa especialidade!

Antes de terminar esta coluna, gostaria de agradecer algumas pessoas e explicar o motivo da minha ausência nas duas últimas edições da CardPlayer Brasil: no dia 6 de abril, sofri um acidente de moto aqui em São Paulo. O saldo? Duas vértebras quebradas e (pelo menos) três meses de repouso na cama. Para vocês terem uma idéia, passei os primeiros cinquenta dias sem colocar os pés no chão, vivendo 24 horas deitado...

Nem preciso falar o quanto este período tem sido difícil para mim e para minha família. Então, queria agradecer minha esposa e meus dois filhos pela compreensão; meus companheiros na família PokerStars André Akkari (que foi a primeira pessoa a conseguir me fazer rir no hospital), Alexandre Gomes e Maridu Mayrinck; ao pessoal da CardPlayer, que esperou pacientemente a minha recuperação e guardou meu lugarzinho aqui na revista (representados pelo Bruno, nosso editor-chefe); e aos vários leitores do blog do PokerStars, que me mandaram muitas mensagens de apoio. Essa força foi a principal razão para eu conseguir levar o tratamento adiante, para poder voltar 100% em breve! Muito obrigado a todos!




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