EDIÇÃO 23 » ESPECIAIS

O Céu é o Limite


Bruno Nóbrega de Sousa
Já imaginou jogar poker numa mesa erguida a quase 50 metros de altura, curtindo uma vista de tirar o fôlego? Sonho? Não, esse é o Poker In The Sky! A CardPlayer Brasil foi até a Suécia conferir esse inusitado torneio realizado pelo BestPoker e voltou de lá com a expectativa de que ele aconteça também aqui no Brasil.


Festa nas alturas

No dia 13 de maio de 2009, os céus de Estocolmo foram o palco do Poker In The Sky, evento promovido pelo BestPoker, que reuniu alguns dos melhores jogadores escandinavos numa mesa final disputada a 150 pés de altura – algo em torno dos 46 metros, o equivalente a um prédio residencial de 15 andares.

Na verdade, o poker é uma das possibilidades oferecidas por uma empresa belga chamada “Events In The Sky”, que realiza desde jantares até casamentos em estruturas levantadas do chão. Como todas as idéias brilhantes, o conceito é relativamente simples: um guindaste serve de base para uma grande haste, em cuja extremidade se encontra uma espécie de quiosque metálico, que fica pendurado por cabos de aço. Para esse evento, havia espaço para vinte e dois assentos, todos com giro de 180° e devidamente equipados com cintos de segurança de cinco pontas. Ao centro, um vão que comporta cerca de cinco pessoas de pé, também protegidas por cintos, mas com boa mobilidade. Acima, um teto plástico transparente. Abaixo, um cabo de eletricidade que pende até o solo. Estava montado o Poker In The Sky.

Nas horas que antecederam o torneio, a mesa foi erguida algumas vezes. As pessoas que passavam pelo local do evento eram convidadas a subir e ver a cidade sob uma nova perspectiva. Uma vez no alto, elas participavam de uma pequena competição, um jogo de perguntas e respostas sobre poker em que o vencedor ganhava um ipod de brinde. Essa foi uma forma interessante de apresentar o evento e o site aos curiosos. Para os que não subiam, havia em terra firme uma tenda com DJ, alguns comes e bebes, e duas TVs transmitindo ao vivo tudo o que  acontecia lá em cima.

Era primavera na Suécia, onde os dias são longos e agradáveis, com luz do sol das 4 da manhã às 10 da noite e temperaturas em torno dos 15 graus durante esse período. Porém, quando Robert Arfvidsson, diretor de marketing do BestPoker, veio me avisar que lá em cima estava ventando bastante, confesso que não esperava me deparar com uma sensação térmica tão mais baixa – algo próximo de zero grau! Isso mesmo, um frio de bater o queixo esperava por nós, e apesar de todos terem ganhado agasalhos e luvas, o vento gelado da Escandinávia realmente incomodava quando passava. Diante disso, chamou minha atenção o quão firme era a estrutura, pois a mesa não balançou um instante sequer.

Antes de os participantes subirem, houve uma rápida reunião numa espécie de camarim, em que as congratulações e explicações finais foram feitas, regadas a taças de espumante. Apesar de não entendermos praticamente nada de sueco, brindamos com os tubarões e fomos à luta. Para compor o field, foram chamados os jogadores escandinavos com mais Player Points no BestPoker, e mais dois convidados: eu, e Renato Lins, diretor-executivo da Raise Editora. Os participantes se sentavam um a um, e os cintos eram colocados com cuidado. Todos a postos, não leva mais do que três minutos para que a mesa saia do solo e atinja a altitude final.

E quando se chega lá, a vista da capital sueca é indescritível: de um lado, o centro financeiro da cidade, com prédios modernos e ares de Manhattan; do outro, a cidade antiga, em que impera a tradicional arquitetura européia, com influências romanas. E as duas partes ligadas por uma ponte que dá numa marina, onde Estocolmo lembra Monte Carlo. Enfim, um cenário espetacular, capaz de tirar a concentração até do jogador mais focado.

Passado o deslumbramento inicial, voltavam-se as atenções para a disputa em si. Nesse torneio “live-online”, os laptops foram adaptados com uma espécie de proteção lateral, parecida com aquelas dos monitores usados pelos pilotos da F1 quando estão dentro do cockpit, com o carro nos boxes – lá, servia para evitar reflexos e adversários curiosos. A partir daí, era só fazer o login e mandar ficha através do software do BestPoker.

Depois de um começo bem loose-aggressive da minha parte, em que blefei e empurrei a vontade contra os tubarões (cheguei até a ser chip leader), dei um call errado e tomei uma fatiada grande. Alguns níveis depois, entrei num coinflip de 77 contra A9 de “Basshunter”, e logo no flop bateu o ás... GG para mim. Renato caiu em 10º, de AJ contra AA de Helena Forsell, que viria a ficar em segundo lugar. O terceiro colocado foi Christian “Yogaman” Ösman, com quem fizemos uma rápida entrevista que você confere na página a seguir. O grande campeão foi Jimmy “El_Pescado” Jönsson, norueguês de 22 anos, que faturou o título e uma moto Kawasaki.

O torneio foi bastante rápido (durou menos de duas horas), mas a experiência ficará marcada para sempre. Essa iniciativa foi realmente inovadora, e acabou despertando o interesse não apenas do público do poker online, mas também de uma legião de curiosos que ficavam fascinados com aquelas pessoas jogando em uma estrutura suspensa no centro de Estocolmo.

Agora, resta-nos torcer para que o BestPoker realize uma edição brasileira do Poker In The Sky. Ainda faltam alguns ajustes técnicos e legais, mas, por hora, cinco cidades são candidatas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Florianópolis. Esperamos ver em breve, nos céus do Brasil, aquela mesma curiosidade estampada nos olhos dos suecos, diante de um evento que serviu principalmente para mostrar que o poker é capaz de se reinventar de forma brilhante, e se apresentar das maneiras mais inusitadas e criativas possíveis.


Entrevista - Christian "Yogaman" Öman

Durante o Poker In The Sky, estávamos à procura de um sujeito boa-praça para entrevistar, um jogador que representasse bem o poker da Suécia e da Escandinávia como um todo, e que tivesse algum conhecimento sobre a cultura esportiva brasileira. E a escolha não poderia ter sido mais acertada. Com vocês, Christian Öman, o “Yogaman”.

Filho de pai chileno, Christian “Yogaman” Oman, 28 anos, nasceu e cresceu na Suécia. Era personal trainer até perceber que ganhava mais dinheiro jogando poker. Cerca de três anos atrás ele se profissionalizou, e há alguns meses vem sendo patrocinado pelo BestPoker. Atualmente, Christian tem jogado cash games $3-$6 a $10-$20 online, e também SNG (16 mesas simultâneas). Dentre seus melhores resultados live, estão a 5ª colocação no WPT de Varsóvia e um ITM no Main Event da WSOP.

“Yogaman” disse ser fã de Ayrton Senna e conhece com detalhes o futebol brasileiro, aliás, o esporte do Brasil como um todo. Sendo assim, sempre vale a pena trocar uma idéia com alguém que pertença a uma realidade tão diferente, mas que guarde alguma proximidade com a nossa cultura.

Christian, paralelamente às suas habilidades no poker, você também é conhecido pela preocupação com o condicionamento físico e a meditação. O que você faz, especificamente, e como isso lhe ajuda com o jogo?

Eu vivo para o treino, em todas as suas diferentes formas. Pratico de escalada a futebol, passando por vôlei de praia e academia. Sempre gostei de esportes – cheguei a jogar na seleção Sub-15 da Suécia (risos) – e não poderia imaginar uma vida sem desafios físicos!

Quanto à yoga e medi-tação, comecei pra valer uns dois anos atrás, e isso me ajudou muito! Eu medito quase todo dia, e quando o faço, coloco-me num estado de espírito positivo, e tenho certeza de que isso me ajuda a tomar as decisões certas: não apenas no poker, mas na vida como um todo. Acredito firmemente que você é capaz de fazer tudo que quiser, basta querer!

 Você é um forte candidato para vir jogar a versão brasileira do Poker In The Sky. O que achou da iniciativa em Estocolmo?

Uau! Aquela foi uma das coisas mais legais que já fiz relacionadas ao poker! Adoro desafios extremos e altura, e a visão de Estocolmo a uns 50 metros do chão era incrível. Foi um evento muito bem sucedido, e os participantes adoraram, mesmo que alguns tenham tido um pouco de medo por causa da altura. Quando o Poker In The Sky acontecer no Brasil, vou dar um jeito de fazer com que o BestPoker me mande! Ainda não tive a chance de visitar seu lindo país – embora seja um dos meus sonhos –, então, espero que o BestPoker me embrulhe, me carimbe e me despache para Poker In The Sky Brasil! (risos)

Finalizando, gostaria que você mandasse um recado para os jogadores brasileiros.

Continue treinando, galera do Brasil, porque o “Yogaman” está a caminho! (risos)
Henrik Magnusson é o CEO da BestGames, e está morando no Brasil desde o começo do ano. Conversamos com ele em Estocolmo. O resultado dessa entrevista você confere agora.


Henrik Magnusson é o CEO da BestGames, e está morando no Brasil desde o começo do ano. Conversamos com ele em Estocolmo. O resultado dessa entrevista você confere agora.

Henrik, o BestPoker tem se tornado um dos sites mais populares entre os jogadores brasileiros. Conte-nos um pouco sobre como o site começou e qual a filosofia de trabalho adotada pela BestGames.

O BestPoker foi fundado em 2005, por um grupo de investidores. Nessa época, acontecia o boom do poker na Escandinávia, e o BestPoker teve sucesso em capturar essa importante fatia do mercado. Durante o primeiro ano, nosso público-alvo era formado por jogadores escandinavos experientes, oferecendo-lhes suporte e um tratamento VIP. Em 2007, o BestPoker foi adquirido pela BestGames Holdings, uma companhia do Reino Unido com ações na bolsa de Frankfurt.

Em que momento o Best Poker percebeu o potencial do poker brasileiro? E como você analisa nosso mercado em comparação aos de outros países em que vocês também operam?

Em 2007, fizemos um contrato com um grupo brasileiro, e nossa parceria tem ficado cada vez mais forte desde o começo desse relacionamento. Recentemente, decidimos aumentar nosso nível de investimento na América do Sul, principalmente no Brasil. No final de 2008, abrimos um escritório e um suporte exclusivo para os brasileiros.

Trata-se de um mercado que está prestes a se tornar um dos maiores do mundo. A curva de aprendizado de vocês é extremamente alta, no sentido de que o jogador brasileiro desenvolve seu estilo de jogo muito rápido. Eu realmente acredito que haverá muito mais jogadores do Brasil nas mesas finais dos maiores eventos, sobretudo a partir do final de 2009 e em 2010.

Mas vamos ver o que vai acontecer em Vegas, já agora em Julho, quando mandaremos o time BestPoker.com para a WSOP. Estamos na torcida por bons resultados.

Você acredita que existam similaridades entre Brasil e Europa, em termos de estágios de desenvolvimento do poker?

Os jogadores escandinavos incorporaram o poker, e logo começaram a analisar suas estatísticas, assim como outros países europeus. De forma surpreendente, a mesma coisa está acontecendo no Brasil, o que foi um tanto surpreendente para mim, pois, em geral, são necessários vários anos até que um mercado inteiro comece a desenvolver um estilo próprio, mas no Brasil vimos isso acontecer já em 2007. Tenho trabalhado muito perto do Leo Bello este ano, e o fato de que ele está produzindo outro livro é uma prova de que o poker veio para ficar.

Eu vim à Suécia para conhecer o Poker In The Sky, que é uma iniciativa que o Best Poker pretende realizar também no Brasil. Conte-nos um pouco sobre esse evento.

O Poker In The Sky foi um conceito que decidimos oferecer para nossos melhores jogadores na Escandinávia. Sentimos que o poker online tem que evoluir de um jogo caseiro e se tornar algo que pode ser praticado em qualquer lugar, se você tiver um computador e conexão à internet. Também queríamos adicionar algo diferente para ver se isso poderia afetar o estilo de jogo dos participantes. Afinal, sentar-se em uma mesa a quase 50 metros pés do chão, contemplando a cidade de Estocolmo ao horizonte, é algo especial. Os jogadores adoraram, e certamente estamos trabalhando para poder realizar um evento igual no Brasil, possivelmente em dezembro.

E quais são os planos do BestPoker para o Brasil?

Nossas ambições são grandes em relação ao BestPoker no Brasil. Queremos nos tornar a companhia de poker líder na região, oferecendo aos nossos consumidores brasileiros suporte 24 horas por dia, o melhor programa de fidelização e uma incrível experiência de poker.

Muito obrigado pela entrevista, Henrik. Sinta-se a vontade para deixar uma mensagem para os jogadores brasileiros.

Estou muito feliz que o BestPoker já seja tão querido pelos jogadores de poker brasileiros, e gostaria de aproveitar essa oportunidade para dizer “obrigado” a todos os nossos usuários no Brasil. No entanto, como nada é perfeito, eu levarei em consideração cada idéia para melhorias. Então, se tiverem alguma sugestão ou feedback sobre como podemos aperfeiçoar o conceito do BestPoker, por favor, entrem em contato com nosso suporte a qualquer momento. E boa sorte nas mesas!


NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×