EDIÇÃO 20 » FIQUE POR DENTRO

Mesa Redonda: Gavin Smith Recebe um Call… e Explode


Bryan Devonshire

Nesta nova coluna da Card Player, Bryan Devonshire e um grupo de profissionais reconhecidos fornecem suas opiniões sobre várias mãos diferentes — de no-limit hold’em a badugi — que foram jogadas recentemente no mundo do poker high stakes.

Gavin Smith jogou esta mão no Main Event do Bellagio Five-Diamond World Poker Classic 2008 de $15.000, válido pelo WPT. Foi no quarto ou quinto nível do Dia 1, os blinds eram de 200-400 com antes de 50, e os jogadores tinham começado o torneio com 45.000 em fichas. Nós vamos abordar diversos conceitos aqui, com o equilíbrio de sua própria gama como foco chave.


Main Event do Bellagio Five-Diamond World Poker Classic 2008
Para a maioria dos jogadores, entrar de limp com A7 do UTG é uma falha. Você realmente deve estar confiante em sua habilidade de jogar pós-flop e fora de posição com essa mão.

Flop
Dito isso, a aposta de Gavin no flop é padrão, mas o aumento traz considerações importantes. Meu primeiro instinto foi empurrar depois do que aumentou, mas temos muitas fichas e a gama dele é muito forte para colocar 74 big blinds apenas com o nut flush draw, no flop, em um pote com limps. Se tivéssemos mais de 12 outs, empurrar seria uma opção razoável, mas aqui, é irracional presumir que nesse momento nosso ás será bom.

Precisamos pensar no que nossos oponentes têm. Não podemos simplesmente pensar: “Nut flush draw, tamanhos de apostas próximos, ficha no pano”. Empurra-se com draws como semiblefe para se obter valor nas vezes em que eles dão fold e para equilibrar sua gama das vezes em que você tem mãos-monstro prontas. Contudo, neste caso, quais mãos podemos razoavelmente atribuir ao button para que ele largue diante de nosso empurrão? Ele aumentaria e desistiria com A-T aqui? Ele vai sequer aumentar com A-T aqui?

Esse é o aspecto mais importante de seu processo de tomada de decisão na mesa, e no final das contas a chave para a seguinte questão: “Qual é minha melhor jogada possível nesse instante?” Pergunte-se isso toda vez que for sua vez de falar, e avalie de verdade suas opções, deduzindo o melhor movimento através de análise e das informações de que você possui.

Portanto, se acreditarmos nesse instante que o button está aumentando pouco e vai descartar diante de um empurrão, devemos estar mais propensos a empurrar. Entretanto, nessa situação, não podemos chegar a essa conclusão de forma racional e, portanto, precisamos pensar em pagar ou largar. Temos o nut flush draw, então dar fold parece bobagem, o que nos deixa com a opção do call.

Turn
O turn nos dá o top pair: esta é uma carta muito interessante. Temos 23.000 e há 20.000 no pote. Depois de Jimmy ter pagado no flop, eu o colocaria em algum tipo de flush draw médio, e acho que isso torna essa mão mais fácil de jogar. Nós basicamente vemos Jimmy derrotado nesse momento e queremos que ele coloque dinheiro no pote. Suponho que nós estamos perdendo para o outro jogador. É improvável que ele tenha aumentado com qualquer mão com um par que não seja A-T. Se o button tem algo ridículo como um blefe ou um draw, também o temos como derrotado, e queremos que ele coloque o dinheiro na mesa. As únicas mãos das quais temos realmente medo de dar cartas grátis são draws de ouros combinados, mas, com base na ação do flop, é seguro presumir que essas mãos não estão nos ranges deles.

Portanto, se pedirmos mesa no turn, Jimmy vai provavelmente dar check também. Não espero que o button, um amador, coloque Gavin em all-in com 23.000. Se ele for apostar, provavelmente vai colocar cerca de 12.000. Mas como o ás é perigoso, você pode até conseguir uma carta grátis. Eu daria check-call diante de qualquer aposta aqui, empurrando no river se acertasse a mão, do contrário, faria check-call. Nosso oponente não vai largar o suficiente de sua gama no turn para tornar um empurrão lucrativo, e ao colocar pressão no turn, perdemos qualquer dinheiro morto que possamos tirar de Jimmy.
Ao final, o button refletiu por muito tempo e pagou o all-in de Smith com 65.

Análises dos Profissionais
Eu tinha QJ nessa mão, e meu call no flop foi discutível porque eu poderia estar com um draw inútil, mas decidi apostar. Achei que ele teria dois pares ou uma trinca quase toda vez, e as pessoas não gostam de largar essas mãos. Pagar com o nut flush draw é definitivamente OK.

Contudo, o empurrão no turn é altamente suspeito. Se você tivesse dois pares ou uma trinca no flop, provavelmente empurraria ali, comigo falando depois de você, e o ás provavelmente não vai melhorar para algo maior que um par e um flush draw.

Você não tem medo de quase nenhuma carta que surja no river quando tem a melhor mão, e, se o cara empurra nessa street depois de aumentar no flop e apostar no turn, você pode ter certeza de que seu par não é bom. Ele pode até pedir mesa depois no river, o que seria fantástico para você. Empurrar no turn não precisa funcionar com frequência para ser uma boa jogada, mas eu não vejo um fold com dois pares ou melhor aqui quase nunca. — Jimmy “GobboBoy” Fricke



Eu realmente odeio limp de posição inicial mesmo que você seja o Gavin Smith. Há antes, o que torna o roubo dos blinds muito lucrativo. A-X, ainda que do mesmo naipe, é sempre problemático e vai lhe colocar em muitas situações difíceis pós-flop. Se a mesa for tão passiva que você possa pensar em entrar de limp com A-7 suited e jogar em um multipote, na esperança de conseguir uma grande mão, é também passiva o suficiente para simplesmente aumentar e levar os blinds e antes, ou ter a iniciativa pós-flop caso tenha um ou dois pagadores (e ganhar de alguém mais facilmente se não acertar aquela grande mão). Entrar de limp com um ás e outra carta do mesmo naipe tem seu mérito com estoques maiores e sem antes, mas não aqui. — Paul “uclabruinz” Smith

Esse é o problema quando se aposta no flop... Você constrói um pote grande o suficiente e, caso sofra um aumento depois, fica em uma situação ruim em que não pode dar fold, mas o pote será grande o suficiente para se correr o risco de sofrer uma aposta no turn... O que deveria ter ocorrido aqui. Quando você está em uma situação assim, em que possui um draw forte no flop, eu acho OK apenas pedir mesa para manter o pote pequeno. — Dutch Boyd

Eu creio que há apenas duas questões interessantes nessa mão. Primeiro, como se viu, Jimmy tinha um flush draw e ganhava de nós dois, e, na ação do flop, uma questão poderia ser levantada sobre o empurrão ser a jogada correta [para Jimmy]. Para pagar os 4.500 extras, ele deveria achar que seu flush draw era bom. O pote agora é incrivelmente grande, então colocar o dinheiro [no flop] com equidade de fold considerável pode ser uma boa jogada. Eu não tenho certeza do que o outro cara teria feito, mas com meu estoque e os blinds onde estavam, eu teria definitivamente largado diante do empurrão de Jimmy.

Acho que é bastante razoável descartar que eu tivesse flopado um par ou uma trinca. Também suponho que você pode deduzir que o ás ajudou minha mão: portanto, eu realmente acho que posso ser colocado efetivamente em uma gama muito pequena, que é o nut flush draw, A-T ou A-A. Isso é precisamente como eu teria agido no flop com essas três mãos se tivesse decidido jogar pré-flop como joguei. Portanto, acho que, tendo em vista que a única mão que ele derrota tem 16 outs, embora seja a mais provável das três mãos, as outras duas acabariam com a vida dele to torneio. Diante dessa situação, acredito que um fold do colega é a jogada correta no turn. No entanto, ele fez o que no final foi um bom pagamento, eu explodi e ele ganhou a mão. — Gavin Smith


Eu acho interessante que Jimmy e Gavin tenham concordado que Gavin jamais teria dois pares ou melhor no flop, mas por causa disso, eles diferem na ação do turn. Gavin acredita que sua mão está limitada a A-A, A-T e AX ao apostar no turn, e como ele tem apenas uma aposta do tamanho do pote restante, pode muito bem empurrá-la. Ele não pede mesa com A-A ou A-T, pois não quer dar cartas grátis, e ao empurrar com AX, ele equilibra sua gama contra as vezes em que tem o nuts.

Bryan “Devo” Devonshire tem jogado profissionalmente desde o outono de 2003, depois de ficar desempregado no Colorado. Especialista em rafting, ele começou em um jogo de $2-$5 em Cripple Creek, Colorado, enquanto servia no Search and Rescue. Ele entrou no cenário dos torneios em 2006, ficando em segundo lugar em seu primeiro evento da World Series of Poker. Até agora, ele ganhou mais de $800.000 ao vivo e mais de $380.000 online. Nativo do sul da Califórnia e residente de Las Vegas, ele pode ser contatado em maverickusc@gmail.com.




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