EDIÇÃO 19 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

O Tal Do Cavalo

De pangaré a puro-sangue


Daniel Tevez Cantera

Quando não estão sendo patrocinados, alguns jogadores costumam vender ou trocar porcentagens de suas eventuais premiações: é o que chamamos de “cavalagem”. Há pouco fui informado de que a ACP (Associação Carioca de Poker) contratou Marcos “Sketch” para ser seu jogador em torneios nacionais. Então, já fica a sugestão para que cada associação, circuito ou clube faça a mesma coisa.

Em todos os cantos do Brasil existem excelentes jogadores, mas vários não têm condições financeiras de participar com regularidade dos grandes circuitos e torneios nacionais. Investir em quem joga bem , principalmente aqueles que estejam dispostos a trabalhar junto ao patrocinador, fazendo coaching ou organizando palestras voltadas para os iniciantes, por exemplo, certamente é um grande negócio para todos: o patrocinador vende a sua marca, o jogador engata onde não poderia e o iniciante tem a chance de aprender com quem sabe.

Os clubes de golfe têm seu profissional, que representa a casa e, quando não esta viajando, fica dando aulas para quem está começando. Quanto à nós do poker, se tivermos um Calendário organizado, sem coincidências de datas entre grandes eventos e anúncio dos mesmos com antecedência, é possível planejar tudo certinho.

Mas, voltando às cavaladas, muitos dos ‘profissas’ vendem até 20% do seu torneio, gerando excelentes resultados para todos. É comum ver alguns dos que já forraram levarem seu “cavalo” de sempre, que geralmente é alguém que possui talento para a ficha no pano. O camarada normalmente vai com as despesas pagas, em troca de um percentual do prêmio que porventura ganhar. Para mim, quem ganha uma grana e investe num parceiro, demonstra gratidão, pois é grande a chance de terem feito isso por ele no passado.

Atenção, não confunda a “cavalada” com a “aliviada” (softplay), que esteve na moda um tempo desses. Essa prática de “pegar leve com o camarada” não apenas é antiética como é literalmente proibida no circuito internacional. Ainda bem que a ficha da galera caiu, porque se descobrirmos um “sem-vergonha” fazendo isso, vamos colocar nome dele em rede nacional: – “Larga QQ de novo pro parceiro e tu não joga em lugar nenhum do Brasil, garoto”.

O outro lado da moeda é que há casos de pessoas que ganharam uma boa grana live, mas vendeu uma porcentagem muito grande, torrou o restante e hoje está passando aperto. Então vai a dica: 20% é o limite máximo a se vender (a não ser que o patrocínio seja total, caso em que até 50% é aceitável). Digo isso porque já aconteceu de um jogador se perder nas contas e vender 120%. Essa foi uma das cenas mais engraçadas que vi no poker: o sujeito vai all-in desesperado, dobra, e fica mais desesperado ainda. Mas, para sua alegria , caiu antes do itm (risos) – seria um caso de sorte às avessas?

Hoje os tempos são outros. Aprendemos a cavalar, a jogar sério e, com isso, o poker subiu. Porém, adquirimos o mau hábito de não dar o devido valor ao dinheiro, principalmente da internet. Vejo ‘mano’ dar cada call absurdo... E não é em torneio de 10 ‘doletas’ não, é em evento caro e até mesmo cash game.

Dinheiro não é capim, ‘irmau’. Ter a real noção dele é fundamental, e há um macete para isso: venda 40 dólares, pegue o dinheiro e vá ao supermercado... Veja o quanto pode comprar com ele... Quem sabe o ‘mano’ cria juízo e para de pagar broca cara ou dois outs no river. Cuidado, pois as gracinhas de hoje podem fazer falta amanha. Em outra coluna vou me aprofundar nesse assunto, que é mais complicado do que essa brincadeira que fiz.

Com certeza quem está lendo este texto vai se perguntar: “Por que então o Poker News não cavala o Tevez nos torneios?” E algum atrevido pode dizer: “Simples, Filpac não costuma comprar terreno na lua, e acha bem melhor deixar o Tevito tirar fotos, fazer vídeos e colocar mãos de torneios em vez de jogar”. Que nada, pangaré! Saiu a grade da WSOP 2009, vou ficar por lá 34 dias no mínimo e pretendo jogar o evento H.O.R.S.E, Omaha e Stud com o apoio da empresa!

Finalizando, parabéns Amarula, ou “Índio Véio”, como é conhecido aqui em Curitiba, pelo resultado do LAPT. Esse é um caso de cavalada muito bem sucedida! Parabéns a ele e ao patrocinador, que, mais do que ninguém, mostra que não mudou nada como pessoa, apenas modificou seu jogo, e para melhor – como se isso for possível com o que vem jogando.

‘Vamo que todavia’!




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