EDIÇÃO 19 » MISCELÂNEA

Fique Esperto

Campeão do WSOP, WPT e EPT responde suas perguntas sobre estratégias


Gavin Griffin

POKER GLOBAL
Gavin:
Obrigado por compartilhar suas ideias na Card Player. Com o poker crescendo absurdamente ao redor do mundo e você sendo um membro do Team PokerStars e jogando em muitos eventos internacionais, eu queria saber se você acha que jogadores de diferentes localidades abordam o jogo de maneiras diferentes. Na sua opinião, os jogadores, digamos, da Itália ou do Brasil são muito diferentes? Você vê surgir novas maneiras de jogar? Que tendências gerais e específicas você viu em jogadores de diferentes partes do mundo, e qual é a sua opinião sobre o crescimento da legião internacional de jogadores de poker? Espero jogar com você em um evento do EPT algum dia.
 — Shawn

Oi, Shawn:
Eu fico feliz em compartilhar minhas ideias na Card Player, e ainda mais feliz com as pessoas me enviando boas perguntas para responder. Eu joguei em muitos países diferentes ao longo do ano passado. Eu joguei na Polônia, Mônaco, Inglaterra, Espanha, Brasil e Austrália. Também joguei em diferentes partes dos Estados Unidos, incluindo Los Angeles, Atlantic City e, é claro, Las Vegas. Todos esses lugares têm seu estilo próprio de jogo. Mas há um aspecto comum. Em qualquer lugar que você vá, os bons jogadores têm um estilo similar. Eles são agressivos, destemidos e dispostos a jogar potes depois do flop. Os jogadores ruins em cada local definitivamente têm tendências que podem ser identificadas e usadas contra eles.

Em geral, jogadores fracos em Atlantic City jogam muito tight pré-flop e não estão dispostos a largar, depois do flop, grandes mãos pré-flop. Isso ocorre em muitos lugares diferentes no mundo. Em Las Vegas, os jogadores ruins tendem a ser muito passivos, e em Los Angeles, tendem a ser muito loose e agressivos. Os jogadores brasileiros pareceram um pouco passivos e talvez dessem folds demais. Os australianos eram meio mistos, e às vezes muito passivos, às vezes muitos agressivos, às vezes muito loose e às vezes muito tight. O principal que se precisa saber sobre jogadores ao redor do mundo é que, se eles cometerem um erro, você precisa lucrar com isso. É necessário prestar atenção a cada jogador e perceber o que cada um está fazendo de errado para então ajustar seu jogo e tirar vantagem disso. De nada vale eles estarem cometendo erros se você não tirar vantagem disso.

Por fim, está ficando muito difícil jogar torneios de no-limit hold’em ao redor do mundo. Certamente ainda há jogadores fracos em todo canto, mas o estilo e nível dos ruins podem ser bem-sucedidos no curto prazo. A maioria das pessoas ao redor do globo sabe jogar no-limit hold’em com competência. Isso torna mais difícil jogar torneios e cria uma variância muito maior do que havia há alguns anos, durante o auge da explosão do poker. Pode-se jogar milhares de mãos por semana em sites como o PokerStars, e existem vários sites de treinamento que podem lhe transformar em um competente jogador de no-limit hold’em em questão de semanas. Há muitas informações sendo trocadas no mundo do poker atual, o que é evidenciado nos torneios, em especial nos de buy-in alto.

Boa sorte no futuro, Shawn, e talvez eu lhe veja em minhas viagens pelo mundo jogando poker.


VOCÊ PODE LARGAR ISSO?
Oi, Gavin:
Um dia desses flopei um full house e depois larguei em meu jogo caseiro de limites baixos, o que, compreensivelmente, gerou críticas. Nós estávamos jogando pot-limit Omaha de $1-$2 (o estoque médio era de mais ou menos $120) e seis jogadores pagaram o big blind e viram o flop de J99. O small blind fez uma aposta do tamanho do pote ($12) e três deram fold. Eu apenas paguei com AJ94, na esperança de ficarmos apenas três no pote, mas o button (um jogador tight-passive) apostou o pote de novo, o que é raro nessa nossa mesa. O small blind desistiu, deixando em minhas mãos. Eu tinha $83 restantes e era certo que o button tinha uma mão enorme. Depois de refletir um pouco, larguei, e meu oponente mostrou AAJ9, o que me destruiria, se eu tivesse pagado.

Creio que meu oponente teria feito aquela aposta com J-J ou J-9. Os outros jogadores me disseram que meu fold foi errado, pois há apenas mais uma maneira de se ter J-J, enquanto há mais quatro de se ter J-9. Entretanto, acho que teria que pagar com todo meu estoque, na esperança de que meu oponente tivesse a mesma mão que eu e ganhasse metade de um pote de $48. E, se ele tivesse J-J, meu draw não se sustentaria e eu provavelmente perderia um pote de $214. O que você acha? Esse fold foi bom ou ruim?
— Nate

Oi, Nate:
Essa é uma situação difícil em que você se encontra. Em pot-limit Omaha, sempre pode se argumentar para se largar qualquer coisa que não seja o nuts. Você também decidiu seguir sua leitura da situação e seguir seus instintos. Eu quase nunca discordo com alguém que faz isso. Contra a mão que seu oponente tinha, você divide o pote 95% das vezes e perde 5%. Não há como levar o pote inteiro. Contra Q-J-10-9, ambos ganham 14,5% das vezes e empatam nos 71% restantes. Contra A-Q-J-J ou outra combinação de J-J, você ganha 4,88% das vezes, empata 0,12% e perde nos outros 95%. Analisando esses números, eu não acho que seja um fold ruim de forma alguma. Não há muito dinheiro no pote e você está enfrentando alguém com quem você empata, que tem redraws ou que vai lhe massacrar totalmente. Eu acho que esse foi um fold interessante, que mostrou boa disciplina. Boa sorte nesse jogo no futuro e use suas discussões sobre poker para se tornar um jogador melhor.

Gavin Griffin é um membro do Team PokerStars. Visite seu website em www.gavingriffin.net




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