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IV Nordeste Poker Fest - Uma festa do Poker na terra do sol


Amúlio Murta

Há pouco mais de um ano, os empresários Avelino Salheb e Marcos Teixeira, em uma atitude visionária, decidiram unir as belezas naturais de uma das mais bonitas capitais do nordeste com os prazeres da prática do Texas Hold’em – com uma premiação garantida de 30K, o Primeiro Nordeste Poker Fest fez história. O sucesso foi tamanho, que outras edições se sucederam e o torneio se consolidou como o maior evento de poker da região. Regressar ao Nordeste, mais precisamente à capital do Ceará, três edições depois, é ratificar que o Texas Hold’em se tornou uma paixão nacional.

O IV Nordeste Poker Fest garantiu um prêmio 10 vezes maior que o oferecido em sua etapa inaugural, em 2007. Com 300K garantidos, o torneio atraiu 213 jogadores para Fortaleza. Comprovando a importância do evento no cenário nacional, uma parte substancial dos grandes nomes do nosso feltro estiveram na “terra do sol” para prestigiar a disputa. André Akkari, Leandro Brasa, Felipe Mojave, Gualter Salles, Mumu “Senhor do Baralho”, Max Dutra, a dupla Piragibe e PC, o casal Sérgio e Alê  Braga e muitos outros, vindos dos mais diferentes pontos do país, fizeram do evento o que seu nome já traduz: uma festa do poker no nordeste do Brasil.

O local escolhido para a realização do torneio foi o hotel Parque das Fontes, localizado a cerca de 80 km do aeroporto internacional de Fortaleza. De um lado desse paradisíaco cenário, via-se o mar e uma maravilhosa praia, cercada de imensas falésias avermelhadas. Do outro, dunas de areia branca com imensos “cata-ventos” de captação eólica, que giravam calmamente, movidos pelo sopro ameno que vinha do mar.

O passeio de buggy pelas dunas era uma dentre as várias opções de lazer oferecidas. Porém, o local preferido pela “turma do baralho” era a piscina do parque aquático do hotel, onde era possível encontrar vários jogadores batendo papo, tomando uma cerveja e dando boas risadas.

Descobrindo novas habilidades
Alguns aproveitaram para tentar demonstrar outras habilidades, mas ficaram só na tentativa. Que Leandro Brasa, Filpac e Edu “Sequela” são bons na mesa, todo mundo sabe, mas que eles mandam bem na mesa de ping-pong, isso é novidade para muita gente.

O tênis de mesa foi uma das modalidades que mais atraiu os jogadores. Com a raquete e a bolinha no lugar das fichas e das cartas, esses três foram além das expectativas – destaque para o massacre de Brasa sobre Mumu “Senhor do Baralho”. Ele, que já dançou como a “Rainha do Deserto”, que jurou nunca mais entrar em um coinflip e que já foi, bem ao seu estilo, narrador de final table, agora deu um novo show como jogador de tênis de mesa. Com aquela cômica partida, Mumu mais uma vez foi protagonista de um dos momentos mais engraçados do evento.

E nesse clima festivo os jogadores fecharam o dia. À noite, era o momento colocar as fichas no pano.

Dia 1A
Poucos minutos depois do relógio marcar 21h da sexta-feira, dia 14 de novembro, e após breves palavras do idealizador do evento, Avelino Salheb, 97 jogadores deram início à disputa. Dentre os que escolheram jogar no Dia 1A, nomes como Rafael Caiaffa, Cinthia Escobar, Felipe Mojave e André Akkari.

Com menos de 20 minutos, Leonardo Barros foi o primeiro jogador a deixar a competição. Quando chegamos ao 5° nível, um mineiro liderava a contagem. Seu nome: Guerreiro. Jogador de Belo Horizonte, ele possuía 80 mil fichas e tinha grande vantagem sobre o segundo colocado. A média girava em torno das 30 mil fichas.

Ânimos exaltados na mesa 1
A mesa 1 era uma das mais tensas da noite. Nela, quando se conseguia ver um flop, os potes eram enormes, devido a raises e reraises constantes. Alguns participantes tiveram vida curta nessa mesa. Porém, muitos dos melhores momentos do torneio foram protagonizados por jogadores que nela ficaram por mais tempo. Dentre eles, vale destacar Brasa, Vitor Sbrissa, Max Dutra, Guerreiro, e um dos precursores do poker no Maranhão, Paulo Barcelar.

A Queda do Guerreiro
Um dos momentos mais dramáticos da primeira noite foi protagonizado por Vitor Sbrissa e o mineiro Guerreiro. Com seu jeito falante e sorriso constante no rosto, o elétrico jogador de São Paulo começou a brilhar nesta mão. Vitor, a essa altura, já possuía um dos maiores stacks do torneio e era um dos responsáveis pela “alta velocidade” do jogo na mesa 1.

Após receber uma volta de Guerreiro, ele solicita a contagem de fichas.  O clima era tenso com dois dos maiores stacks do torneio em choque. Após ser informado que restavam para Guerreiro cerca de 60 mil fichas, decidiu voltar seu all-in com 99. Recebeu insta-call de Guerreiro, com TT. O flop veio T57, dando uma trinca para o mineiro e ampliando a sua vantagem. O turn é um J, e Sbrissa começa a pedir um 8, que aparece no river... Sbrissa comemora o pote gigante, obtido com uma seqüência na última carta. Guerreiro, por sua vez, dá costas para a mesa e deixa o torneio, sem enxergar nada à sua frente.  Sbrissa dispara na liderança da disputa, com mais de 160 mil fichas.

ABC Eventos
Encarregada da organização do torneio, a equipe da ABC Eventos teve muito trabalho durante todo o Nordeste Poker Fest. Os ânimos muitas vezes se exaltavam no salão, e muitos jogadores solicitavam, a todo o momento, a intervenção dos diretores. Mais uma vez, a dupla “Heitor e Dênis” fez um trabalho impecável, demonstrando porque estão entre as maiores empresas de organização de torneios de poker do país.

Brasa
Leandro Brasa protagonizou uma bela mão no primeiro dia de disputa. Subindo para 5 mil fichas o valor da aposta, foi acompanhado por um jogador maranhense, que estava no button. O jovem Sbrissa, no big blind, também completou a aposta. O flop trouxe 27J. Brasa saiu atirando mais 5 mil fichas. O button aumentou para 10 mil, Sbrissa largou 55, mas Brasa instantaneamente colocou 50 mil fichas. O button deu call e, curiosamente, ficou com 5 mil fichas para trás. Antes mesmo de o turn ser virado, Brasa já apostou os 5 mil restantes, colocando o oponente em all-in. O Turn é um 5 e Sbrissa enlouquece. Após pagar os 5 mil restantes, o jogador de São Luiz mostra A9. Brasa apresenta TT. O river é um 6, e Brasa ultrapassa a casa das 140 mil fichas.

O Dia 1 foi caminhando para o seu fim e encerrou com Sbrissa na liderança, com cerca de 190 mil fichas. Fora da disputa já estavam Max Dutra, Luis Noal, Cinthia Escobar, Rafael Caiaffa, André Akkari e vários outros. Akkari chegou a ficar short stack logo no início do dia, mas se recuperou, voltando para a média. Encerrou sua participação derrotado por uma trinca de noves de Brasa.

Já passava das 6h da manhã quando o Dia 1A teve fim. Foram 26 os jogadores que conseguiram a classificação para a final de domingo. Além de Brasa e Sbrissa, vale também destacar o desempenho alguns jogadores como Salim Dahrug (160 mil fichas), José Carlos Turczinski (165 mil) e Sérgio Braga (130 mil).

Casais no poker
Com o número de casais que jogam poker aumentando a cada dia, esta tem se tornado uma cena comum em eventos de Texas Hold’em. Em Fortaleza não foi diferente. Três casais estiveram na disputa: Sérgio e Alê Braga, Cinthia Escobar e Luiz Noal e, no que para muitos foi uma grande surpresa, Leandro Brasa e Patrícia Comineti.

Paty em Brasa
Patrícia joga poker há cerca de 3 anos. Há pouco mais de um ano, vem encarando o feltro um pouco mais a sério, e os bons resultados já começam a aparecer. Uma mesa final no Floripa Open, algumas boas vitórias em torneios de Santa Catarina e, em Fortaleza, estaria também entre as finalistas. Para isso, começou mostrando seu poder de fogo fatiando “mortalmente” Mumu. 

Em UTG, ela entrou com um mini-raise sobre o big blind do jogador de Uberlândia. O flop veio 346. Mumu pediu mesa e Patrícia apostou 2 mil fichas. Ele fez tudo 5 mil e recebeu um all-in de volta: JJ contra A2s. O turn traz um 9 e o river um J. Patrícia dobra, e Mumu fica com 2 mil fichas.

No dia 1B, além de Patrícia e Mumu, Edu Sequela, Gualter Salles, André Pardal, Filpac e outros completaram o field de 118 inscritos.

Fim do dia 1B
No 9º nível de blinds, e restando 73 jogadores, outro Sbrissa se destacava. Armando Sbrissa, irmão de Vitor, vinha acumulando fichas e já era um dos candidatos a vaga para a final.

A longa batalha do Dia 1B se encerrou por volta das 3h da manhã de domingo, com a liderança nas mãos de “Paty” Brasa, com 296 mil fichas – quase o dobro do segundo colocado da noite, Rafael Brasil. Outros 43 jogadores conseguiram se qualificar para a disputa da final.

Dia Final
No dia decisivo, as fichas começaram a tilintar por volta das 15h. Havia 71 classificados, os blinds estavam em 1500/3000 com antes de 300, e a zona de premiação teve início a partir da 22ª posição.

A primeira hora do dia ficou reservada para as quedas e tentativas de dobra dos jogadores que começaram o dia com poucas fichas. Transcorrida mais ou menos uma hora de disputa, Vitor Sbrissa, com AQ, decidiu pagar um raise de seu oponente. O flop veio A5K. Sbrissa apostou e seu oponente deu call. No turn, uma Q. Com dois pares, Sbrissa saiu atirando novamente e tomou um all-in. Ele decidiu pagar e apresentou suas cartas. Foi surpreendido por um KK, que davam uma trinca para seu oponente.  O river foi um A, montando um full House de Ás sobre Damas para Sbrissa, revertendo uma situação difícil e dando a vitória ao paulista, que puxou o pote e recuperou a liderança do torneio.

Com o jogo em duas mesas, e passada a euforia pelo estouro da bolha, o jogo se tornou mais dramático com a proximidade da mesa final. Duas torcidas se destacavam no salão: a do Pará, que torcia por Marcelo “Terremoto”; e a do Maranhão, que sofria junto a seu ultimo representante, o então short stack Paulo Attemi. Com “Terremoto” praticamente garantido na FT, as duas torcidas se uniram em uma só comemoração, na mão que definiu os 10 finalistas.

Emoção na formação da Final Table
O jogador de São Luis, Paulo Attemi, aposta 60 mil fichas. Airton, no small blind, volta all-in de 120 mil.  “Paulinho” paga e mostra AJ – alvoroço no salão durante o showdown. Airton possui Q9. A primeira carta mostrada no flop é uma Q que coloca Airton na frente. A segunda é um 3, um tijolo que não muda nada. Um A recoloca as coisas no caminho para Paulo, só que o turn é um 9 e Airton novamente assume a ponta. Com um A no river, a vitória acaba sendo do Maranhense, que tinha dado call com a melhor mão. O salão enlouquece em uma comemoração inesquecível para os presentes – estava formada a mesa final do IV Nordeste Poker Fest, que ficou assim:

Marcada por momentos tensos e belas jogadas, a FT do Nordeste Poker Fest teve uma baixa logo no início da disputa. O primeiro a se despedir da mesa final foi Célio, que estava bastante short stack. Ele empurrou suas fichas para o centro com A7, mas deu de cara com um par de valetes.
Uma hora após a queda de Célio, Vinicius Tatu deixou o torneio na nona colocação. Ele caiu quando não acertou nada capaz de derrotar o 66 flopado por Caio Brites. Em seguida foi a vez de Marcelo “Terremoto”. O representante do Pará, que chegou a liderar o torneio quando o jogo estava em três mesas, se despediu do NPF indo all-in com A7 contra AQ de Vitor Sbrissa. O bordo “tijolou”, e foi fim de torneio para “Terremoto”, que ficou com a 8ª colocação.

As quedas continuaram. Caio Brites foi all-in com TT e recebeu call de Carlos Porto, com 88. Um oito no flop acabou selando a saída de Caio na sétima colocação. Outra vítima de Carlos foi Armando Sbrissa, que acabou em 6º, quando bateu um sete no turn e deu um par a Carlos. Fim da linha para o primeiro dos Sbrissas na final table.

Patrícia Cominetti acabou caindo na 5ª colocação, após perder 90% de seu stack em um all-in pré-flop de AQ contra A7 de Vitor Sbrissa. Pouco depois, Paty empurrou o que restava de suas fichas com JQ e recebeu insta-call de Paulinho Attemi, com TT. Mesmo eliminando Patrícia, Paulo Attemi não conseguiu se manter vivo no torneio por muito tempo: ficou com a 4° colocação ao ir all-in com A5 e receber call do habilidoso jogador carioca Sketch, que tinha AK.

Faltando apenas uma queda para a definição do heads-up decisivo, Vitor Sbrissa vinha tranqüilo na liderança da contagem, com quase o dobro do stack dos outros dois jogadores, que se alternavam na segunda colocação.

A definição do mano a mano se deu em uma jogada em que Carlos foi all-in, após um raise de Sbrissa sobre seu big blind. Carlos recebeu call e apresentou JQ vs. KT de Sbrissa. O bordo não trouxe mudanças e o heads-up foi definido.

Sbrissa x Sketch.
O duelo entre Sbrissa e Sketch começou com boa vantagem do primeiro no chip count. Só que o carioca Sketch endureceu o jogo e a definição não foi tão simples. O IV NPF só chegou ao fim quando Sketch apostou 200 mil fichas, Victor deu call e o flop trouxe 364. Sketch apostou novamente: 200 mil fichas. Vitor fez tudo 800 mil e Sketch voltou all-in. Vitor pagou a aposta e mostrou 85. Sketch apresentou A6. Um 7 deu a seqüência ao paulista Vitor Sbrissa, que levou o título do torneio. Parabéns ao Campeão e a todos os que fizeram parte da 4ª edição do maior torneio de poker do norte-nordeste brasileiro. Em especial, destaque para o empreendedorismo de Avelino Salheb, que tornou toda essa festa possível!




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