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Card Player Comemora 20 Anos


Justin Marchand

A primeira edição da Card Player chegou às bancas em outubro de 1988, com o claro objetivo de dar à indústria do poker uma publicação que fosse um veículo que comunicasse para todo mundo envolvido ou interessado no poker o que estava acontecendo, onde estava acontecendo e quem estava fazendo acontecer.

Nos primódios, The Card Player era um panfleto preto-e-branco de 40 páginas distribuído principalmente para cardrooms e cassinos localizados em Nevada e na Califórnia. Ao longo dos anos, a revista ouviu as mentes mais brilhantes do poker e os jogadores mais vencedores para preencher mais de 50.000 páginas com sólidas estratégias que visavam tornar seu tempo nas mesas mais lucrativo e agradável. A missão era, e hoje ainda é, ser a “Autoridade em Poker” e, como tal, ser a fonte de informações líder em tudo sobre o assunto.

Ao contrário de 1988, quando a indústria do poker consistia principalmente em mesas enfumaçadas encostadas em recantos escuros de cassinos, o poker explodiu e se tornou um jogo global e um grande negócio. Longe estão os dias em que apenas alguns grandes torneios eram oferecidos. Jogos de limit, stud e high-low não são mais os únicos disponíveis na cidade. As salas de poker não são mais raridades nos maiores cassinos do mundo. Graças à massiva publicidade televisiva de torneios milionários e dezenas de sites populares de poker online, esse jogo se transformou em um fenômeno do entretenimento que continua a chamar a atenção de novos praticantes todos os dias.

Se você adentrar em qualquer cassino hoje, as chances são de que você encontre uma sala de poker próspera. Existem hoje mais de 370 delas nos Estados Unidos, abrigando mais de 4.600 mesas. Só na Califórnia, 1.700 mesas difundem o jogo em mais de 91 cardrooms, trazendo $871 milhões em impostos para o estado. Em Las Vegas, pouco mais de 900 mesas (eram 484 em 2004) arrecadam $168 milhões. E o número de mesas ao redor do mundo continua a crescer rapidamente.

Apesar do aumento do número de cassinos reais, isso não é nada quando comparado ao efeito geral do desenvolvimento do poker online no crescimento da indústria. A “indústria” do poker online nasceu em 1998, depois de a primeira sala online, Planet Poker, oferecer uma mesa de hold’em de $3-$6 que mudou o paradigma do poker para sempre. A possibilidade de oferecer jogos de poker com dinheiro de verdade no ciberespaço introduziu uma nova plataforma que atraiu milhares de novos jogadores e criou uma indústria bilionária. As companhias de poker online, como PartyGaming e 888.com, se tornaram públicas e geraram uma grande capitalização de mercado. De acordo com a Christiansen Capital Advisors, uma empresa que conduz análises sobre a indústria de apostas, a receita do poker online aumentou de $82,7 milhões em 2001 para $2,4 bilhões em 2005, tendo se tornado uma das principais fontes de lucro na indústria de jogos online de $12 bilhões.

Quão exatamente grande é o poker online? Um olhar sobre os números revela que é algo incrível. De acordo com o PokerScout.com, que oferece relatórios sobre tráfego de poker online, o número de jogadores simultâneos em cash games (assentos ocupados em mesas com dinheiro real) é, em média, de 53.000. O site estima que, todo dia, 1.450 torneios agendados online atraem cerca de 450.000 participantes, e 2,5 milhões de pessoas participam de 275.000 torneios sit-and-go. O maior site de poker online, o PokerStars, rotineiramente conta com mais de 120.000 jogadores conectados ao mesmo tempo (em cash games com dinheiro real, jogos de graça e torneios), o suficiente para preencher 13.333 mesas de nove jogadores.

Depois que o poker online abriu as portas para a nova geração do poker, algo mudou — ou, permita-nos dizer, explodiu — começando em 2002. Esse foi o ano da estréia do World Poker Tour, e o poker se tornou um esporte com espectadores nos EUA graças às micro-câmeras que revelavam as cartas individuais dos jogadores. Com o aumento da audiência, alguns dos grandes jogadores de poker logo se tornaram celebridades e conseguiram assegurar lucrativos negócios de patrocínio, similares aos realizados por atletas profissionais. No ano seguinte, o poker recebeu talvez a maior explosão publicitária de todos os tempos, depois que Chris Moneymaker ganhou o Main Event da WSOP 2003 e $2,5 milhões. A vitória de Moneymaker foi possível através de um satélite de $39 no PokerStars. O marketing de sua história e seu nome memorável foram grandes catalisadores na posterior divulgação da imagem do poker como um jogo no qual todo mundo podia competir contra os melhores jogadores do mundo e vencer.

Graças em parte a Moneymaker e à proliferação do poker televisionado, os torneios de poker, quase que da noite para o dia, tornaram-se uma sensação da TV imensamente explorada. O poker online continuou, graças às qualificações por satélites, a inflar o número de competidores e montante dos prêmios totais, com o ápice tendo ocorrido em 2006. Naquele ano, Jamie Gold ganhou impressionantes $12 milhões depois de derrotar outros 8.772 jogadores no Evento Principal da WSOP. Grande parcela dos competidores ganharam suas vagas através de sites, com o PokerStars sozinho enviando mais de 16.000 jogadores ao evento. Parecia que, graças à maquina do poker online, nada poderia frear o crescimento do poker.

Essa era a sensação até o 13 de outubro de 2006, quando o governo dos Estados Unidos aprovou o Unlawful Internet Gambling Enforcement Act (UIGEA) de 2006. A lei proibia a transferência de fundos de bancos para sites de apostas da Internet, inclusive salas de poker online. Alguns dos maiores sites, especialmente aqueles que tinham se tornado públicos na Bolsa de Valores de Londres, como o PartyGaming, pararam de negociar com jogadores norte-americanos. Enquanto o PartyGaming viu suas ações caírem 60% em menos de 24 horas, os jogadores de poker da terra do Tio Sam de repente tiveram negado o direito de jogar poker em seus próprios lares. O episódio provocou os primeiros esforços conjuntos do mundo do poker junto ao Parlamento, fez com que a participação em grandes torneios caísse e deu início a um debate global sobre a legalidade de tais normas.

O poker – que outrora era apenas um jogo – se transformou numa indústria inteira, e a Card Player e seu séquito de leais colaboradores estavam presentes em cada passo dessa caminhada. E essa transição ampliou nossa missão. Hoje, atualizar a comunidade do poker com as últimas notícias e evoluções legislativas é tão importante quanto discutir a estratégia adequada para se jogar com suited connectors em posição final.

Em homenagem ao nosso vigésimo aniversário, a Card Player analisou mais profundamente alguns dos desenvolvimentos e referências mais importantes durante nossa trajetória.


Linda Johnson: A Primeira Dama do Poker
Linda Johnson é uma visionária, uma embaixadora e uma jogadora-chave para tornar o poker o que ele é hoje. Ela começou sua carreira em Las Vegas como jogadora profissional em 1980, e se tornou editora da revista Card Player em 1993, desempenhando um papel essencial na transformação da Card Player na maior marca do poker.

Defensora da integridade do jogo, ela foi co-fundadora da Tournament Directors Association (Associação de Diretores de Torneios) e a primeira presidente da Poker Players Alliance (Aliança de Jogadores de Poker), da qual ela agora faz parte da cúpula de diretores. Além de ser anunciante dos eventos do World Poker Tour, Johnson ainda encontra tempo para se dedicar a eventos e seminários de caridade ao redor do mundo.

Jogadora de coração, Johnson acumula premiações em vários torneios importantes, e possui um bracelete da World Series of Poker que ganhou no evento razz de$1.500 em 1997. Ela diz sempre tem três objetivos quando se senta em uma mesa de poker: ganhar dinheiro, divertir-se e se certificar de que seus oponentes estão se divertindo. Levando tudo isso em conta, não é surpresa alguma o fato de ela ser conhecida como “A Primeira Dama do Poker”.

A Card Player conversou com Johnson na véspera do vigésimo aniversário da publicação, para obter um breve vislumbre da missão de vida dela de incentivar a visibilidade do poker.

Kristy Arnett: O que a levou a comprar a Card Player?

Linda Johnson: Eu estive presente no primeiro cruzeiro de poker em 1992, e me diverti tanto enquanto esperávamos a partida do navio, que alguns amigos e eu decidimos que deveríamos perguntar aos donos da Card Player se eles estavam interessados em nos contratar para fazer alguma coisa, de modo que jamais perdêssemos outro cruzeiro. Eles disseram que na verdade estavam querendo vender a revista. Então dois amigos e eu decidimos comprá-la, muito embora não entendêssemos nada sobre como produzir uma revista de poker. Nós não tínhamos dinheiro na época, então arranjamos um investidor. June e Phil Field (os donos) foram gentis o suficiente para permanecer conosco durante seis meses e nos ensinar as manhas.

KA: A revista obteve sucesso desde o início?

LJ: No primeiro ano não ganhamos muito dinheiro. Meus dois sócios, Denny Axel e Scott Rogers, e eu decidimos que deveríamos envernizar a revista. À medida que a transformamos em uma publicação em cores, todos os grandes cassinos quiseram aparecer nela. Isso significou mais possibilidades de vender anúncios, o que também nos deu mais sobre o que escrever. Tudo deu certo a partir daí.

KA: Qual era a situação do poker naquela época?

LJ: Dois meses depois que comecei a ser editora, o poker foi legalizado em Atlantic City. Depois disso, um número de estados ao longo do país seguiu essa tendência. Quando eu assumi a revista, o poker era legal apenas em Oregon, Washington, Nevada, Montana e Califórnia. Eu tive muita sorte de o poker começar a se expandir por todo o país. O momento oportuno foi tudo para nós.

KA: Quando seus dias de editora da Card Player chegaram ao fim?

LJ: Em 1998, eu vendi a maior parte da revista. Eu estava preparada para deixar a editoração, mas não os cruzeiros. Nós decidimos transformar a Card Player Cruises em uma entidade separada. Antes disso, ela tinha caído sob o manto da revista.

KA: O que você acha do progresso que a Card Player fez ao longo dos anos?

LJ: Eu acho que os fundadores da Card Player, June e Phil Field, fizeram um trabalho excelente ao dar início à revista. Quando eu a assumi, ela ainda estava em sua infância, e eu meio que a conduzi durante sua adolescência. Os Shulmans a desenvolveram desde então, levando-a a seus anos maduros e adultos. Eu ainda a leio de capa a capa, e fico feliz em ver onde ela está hoje.

KA: Olhando para sua longa e prestigiada carreira, de que você mais se orgulha?

LJ: Eu me orgulho mais de ter ganhado meu bracelete, de dar minha contribuição através de trabalhos de caridade e de ensinar milhares de pessoas e jogar poker ao longo dos anos, através dos Cruzeiros da Card Player Cruises e dos WPT Boot Camps (Campos de Treinamento do WPT). Eu também me orgulho do fato de eu achar que fiz uma diferença em termos de melhorar as condições das salas de poker, através da criação da TDA e da promoção da integridade do jogo.

É um jogo tão bom. Eu ainda jogo todo dia. Eu fico triste pensando nas pessoas que fazem isso apenas porque é um trabalho. Para mim, não é apenas um trabalho, é algo que eu amo. É algo que eu acho que nos mantém jovens.



Como o Maior Torneio de Poker do Mundo Mudou de 1988 a 2008
Por Ryan Lucchesi

A World Series of Poker, o principal evento do poker, fornece anualmente uma dimensão da saúde e prosperidade do jogo. Ele cresceu mais do que qualquer um poderia imaginar desde que a primeira Card Player foi publicada 20 anos atrás, e, muito embora o jogo hoje seja mais popular do que nunca, o torneio que o iniciou enfrenta seus maiores desafios no futuro.

O Evento Principal da World Series of Poker atraiu 167 jogadores, e a Série inteira contou com um total de 12 eventos no Binion’s Horseshoe em 1988, ano em que a revista Card Player foi publicada pela primeira vez. O evento estava crescendo — começou em 1970 como uma reunião de apostadores viajantes do Texas, em que se votava no campeão e, à época, atraiu sete desafiantes no ano seguinte, quando adotou uma estrutura de torneio freezout. Os primeiros 19 anos fizeram com que ele crescesse mais de 23 vezes seu tamanho inicial, mas o que realmente impressiona foi o crescimento que se seguiu nos 20 anos seguintes, tendo aumentado 52 vezes seu tamanho original.

1989-1993: Apresentando… Phil Hellmuth
O período entre 1989 e 1993 testemunhou a aparição de Phil Hellmuth, que se tornou o jogador mais jovem da história a ganhar o Main Event com sua vitória em 1989. Durante esse intervalo de cinco anos o tamanho do torneio cresceu modestamente, de 178 para 220 jogadores. Mansour Matloubi foi o primeiro estrangeiro a se tornar campeão mundial ao ganhar em 1990. Outro marco ocorreu quando Brad Daugherty se tornou o primeiro campeão mundial a faturar um prêmio de $1 milhão com sua vitória no Evento Principal de 1991.

1994-1998: A Volta de “The Kid”
Esse intervalo de cinco anos foi mais uma vez marcado por um modesto crescimento, com o número de participantes do Main Event subindo de 268 para 350, mas o elenco de personagens do mundo do poker também havia aumentado. Novos campeões incluíam Dan Harrington (1995), Huck Seed (1996) e Scotty Nguyen (1998), que ainda são grandes nomes no mundo do poker hoje. Os holofotes recaíram sob o filho pródigo do poker, que fez um dos retornos mais triunfais que o mundo do poker testemunhou, em 1997. Ninguém discorda do talento de Stu Ungar, que foi bicampeão mundial em 1980 e 1981, mas os hábitos dele longe do feltro tinham sepultado uma carreira promissora em um nevoeiro de vida insana e apostas desregradas que muitas vezes o deixaram falido. Aos 44 anos, “The Kid” foi patrocinado no Evento Principal de 1997 e, depois de sobreviver a um field de 312 jogadores para chegar à mesa final, estava feito. Pela primeira (e única) vez na história da WSOP, a mesa final foi jogada ao ar livre, sob uma tenda na Fremont Street, e Ungar deu um show, ousadamente revelando blefes, e levou para casa seu terceiro título de campeão mundial em uma das mais incríveis performances de todos os tempos em uma mesa final da WSOP.

1999-2003: Dobrando a Esquina
O tricampeão irlandês Noel Furlong venceu o último Main Event do século XX, superando 393 jogadores, para dar início a um período de cinco anos em que o torneio mais do que duplicou em tamanho, para 839 jogadores em 2003. Durante esse tempo, o primeiro prêmio cresceu de $1 milhão para $2,5 milhões. A mesa final mais memorável se deu em 2000, quando Chris Ferguson derrotou T.J. Cloutier no heads-up e levou o título do campeonato, em uma batalha de mesa final que foi imortalizada pelo quarto colocado, Jim McManus, em seu livro Positively Fifth Street. Contudo, o campeão mundial mais memorável surgiu no final desse período, quando o amador Chris Moneymaker superou o profissional veterano Sam Farha no heads-up e inaugurou uma nova era para a WSOP e para os torneios de poker.

2004-2008: O Efeito Moneymaker
Graças a Moneymaker, à proliferação do poker online e à popularidade do poker televisionado, como resultado do uso de câmeras que revelavam as cartas individuais dos jogadores, a Série Mundial experimentou uma explosão de crescimento que teve início em 2004. O tamanho do Evento Principal triplicou para 2.576 jogadores em 2004, e então duplicou no ano seguinte, passando a ter 5.619 jogadores inscritos. O crescimento teve seu ápice em 2007, quando 8.773 guerreiros entraram no Main Event, tornando-o o maior evento de poker ao vivo da história. Jamie Gold ganhou o maior prêmio de todos os tempos, $12 milhões, em uma vitória impressionante. A única coisa capaz de diminuir o ritmo do crescimento da WSOP foi o Unlawful Internet Gambling Enforcement Act, aprovado no final de 2006. O número dos jogadores de 2007 diminuiu para 6.350, mas aumentou novamente para 6.844 em 2008.

ONTEM ... E HOJE
Prêmio total da World Series of Poker 1988 (12 eventos): $5.350.500
Prêmio total da World Series of Poker 2008 (55 eventos): $180.676.248


Piores Bad Beats da WSOP Durante os Últimos 20 Anos
As coisas têm uma maneira engraçada de acontecer em um torneio de poker. Às vezes você pode colocar seu dinheiro com a melhor mão e perder, e outras vezes colocar seu dinheiro com a pior e ganhar. Os quatro casos que se seguem mostram que, nos últimos 20 anos, as mãos que às vezes decidiram o campeonato mundial foram uma aventura insana.

1. Ferguson Consegue um 9 Contra Cloutier (Chris Ferguson versus T.J. Cloutier – 2000)
T.J. Cloutier aumentou o valor da entrada no pote para 175.000 pré-flop e Chris Ferguson reaumentou para 600.000. Cloutier voltou all-in e Ferguson ficou pensativo. Ele refletiu durante cinco minutos inteiros e eventualmente pagou com A9. Ferguson estava dominado, segurando AQ. O bordo foi revelado lentamente, com pausas em cada street para aumentar a ansiedade e o drama. O flop veio K42. O turn foi o K, e o 9 surgiu no river para coroar Ferguson como campeão mundial.

Chances de vitória de Ferguson pré-flop: 23,09%, depois do flop: 12,12%, depois do turn: 6,82%.

2. A Virada Dupla (Mansour Matloubi versus Hans “Tuna” Lund – 1990)
Mansour Matloubi aumentou pré-flop para 75.000 com TT, e Lund pagou com A9. O flop veio 942, e Matloubi apostou 100.000. Lund aumentou para 250.000 e, depois de alguns minutos de reflexão silenciosa, Matloubi foi all-in. Lund então ficou pensativo, e acabou pagando. O turn e o river foram A e 10, dando a Lund a liderança no turn, para pouco depois dá-la de novo a Matloubi no river.

Chances de vitória de Lund depois do flop: 21.82%
Chances de vitória de Matloubi depois do turn: 4.55%

3. Yang Acerta um Straight Runner-Runner e Vence (Jerry Yang versus Tuan Lam – 2007)
Após dezesseis horas de jogo na mesa final, Jerry Yang pagou um all-in de Tuan Lam com um par de oitos. Lam revelou AQ e o bordo veio Q9576.

Chances de vitória de Yang depois do flop: 12.02%, depois do turn: 13.64%

4. Ungar Faz uma Seqüência Baixa (Wheel) no River (Stu Ungar versus John Strzemp – 1997)
Chances de vitória de Ungar depois do flop: 27.58%, depois do turn: 15.91%

Stu Ungar aumentou para 60.000 e John Strzemp pagou. O flop trouxe A53 e Strzemp apostou 120,000. Ungar refletiu durante um ou dois minutos e decidiu ir all-in. Strzemp pagou, e eles revelaram suas mãos. Strzemp estava à frente com A8, enquanto Ungar segurava A4. O turn e o river trouxeram 3 e 2, dando a Ungar uma seqüência e o tricampeonato.

O Blefe Que Mudou a História do Poker (Chris Moneymaker versus Sam Farha – 2003)
A batalha do amador contra o profissional viverá para sempre no imaginário de jogadores de poker ao redor do mundo, com a disputa entre Sam Farha e um contador do Tennessee de nome Chris Moneymaker. Essa batalha entre Davi e Golias deveria ter sido a vitória de um lado, mas, no final, um blefe de Moneymaker, que acabou o levando à vitória, convenceu legiões de jogadores casuais de que eles poderiam talvez um dia ganhar “o grande jogo”.

Naquela mão Moneymaker recebeu K7, vinte mãos após o início do heads-up com Farha, e ele decidiu aumentar pré-flop para 100.000. Farha pagou com Q9, e o flop veio 962. Farha pediu mesa e Moneymaker fez o mesmo. O turn foi o 8 e Farha apostou 300.000. Moneymaker aumentou para 800.000 e Farha pagou. O river foi 3, não beneficiando em nada nenhum dos dois, mas isso não impediu Moneymaker de ir all-in. Farha então ficou pensativo durante vários minutos, e disse o seguinte durante sua reflexão silenciosa: “Você deve ter perdido seu flush, né? Eu poderia fazer um call louco aqui. Poderia ser a melhor mão”. Moneymaker não esboçou qualquer reação e Farha eventualmente descartou sua mão e viu o título de campeão escapar de seus dedos.



Mike Sexton: Embaixador do Poker

Mike Sexton tem sido uma figura central na indústria do poker desde o começo da revista Card Player 20 anos atrás. Considerado pelos conhecedores como “O Embaixador do Poker”, Sexton teve sua mão no crescimento da indústria do poker durante as duas últimas décadas e, ao longo dos anos, tem sido um colaborador regular da Card Player. Mike recentemente conversou com a Card Player sobre sua influência consistente e positiva no jogo durante as duas últimas décadas.

Lizzy Harrison: Como era o cenário do poker quando você apareceu?

Mike Sexton: Quando cheguei à cena de Vegas, havia apenas dois torneios por ano: a World Series of Poker e a Amarillo Slim’s Super Bowl of Poker. E em ambos, não eram os torneios o atrativo — eram os cash games. Alguns jogadores entravam em um torneio apenas se não conseguissem um lugar em um cash game naquele dia.

LH: Conte-nos um pouco sobre a instituição do Tournament of Champions e o que ele fez pelo jogo de poker.

MS: Eu acreditava que o mundo do poker precisava de um evento de elite em que você não pudesse pagar para entrar, mas tinha que conquistar sua vaga, como no Tournament of Champions do golfe, em que você tinha que ganhar um evento do PGA Tour durante o ano para jogar nele. Portanto, eu criei o TOC do poker. Era um evento com vários jogos (limit hold’em, seven-card stud, Omaha eight-or-better e no-limit hold’em), jogado por campeões, para determinar quem era o maioral. Eu realmente acredito que esse foi o evento de maior classe da história do poker. Infelizmente, foi antes da era da TV, à frente de seu tempo e nunca arrecadou nenhum dinheiro. Mas era um evento fantástico e os jogadores adoravam.

LH: Em que direção você acha que suas ações ajudaram a disseminar o poker?

MS: Eu acho que representei papel de destaque no crescimento e “explosão” do poker, não apenas nos Estados Unidos, mas ao redor do mundo. Sempre tive mais visão do que a maior parte dos jogadores em termos do potencial do poker para obter sucesso na TV e com patrocínios. Testemunhar essas coisas acontecendo traz um sorriso a meus lábios, assim como para todos na indústria, eu creio.

LH: Como embaixador do poker, que feito você realizou pela indústria de que mais se orgulha?

MS: É uma combinação de coisas ao longo dos anos. Além de escrever para a Card Player desde 1996 e fundar o TOC, eu ajudei a criar o PartyPoker.com, um dos maiores sites de poker do mundo. Eu também tive um papel fundamental no desenvolvimento da World Poker Tour, que foi o primeiro programa de poker a ir ao ar no horário nobre semanalmente. Durante minha carreira, também tive minha parcela de sucesso como jogador. O ápice se deu quando eu ganhei o Tournament of Champions da WSOP 2006 e doei orgulhosamente metade do $1 milhão do primeiro prêmio para várias instituições de caridade.

LH: Quem, na sua opinião, mais ajudou o poker em sua evolução?

MS: Eu não acredito que haja uma pessoa no mundo que tenha feito mais pelo poker ao longo dos últimos 15 anos do que Linda Johnson. Ela foi dona da revista Card Player, ajudou a criar a Tournament Directors Association, está ativamente envolvida em filantropia e fez mais pela melhoria do comportamento dos jogadores do que qualquer outra pessoa. Certamente, Steve Lipscomb e Lyle Berman, os fundadores do WPT, são a razão primária da disseminação do poker. E demos crédito ao Harrah’s pelo massivo crescimento e popularização da WSOP. Eu também creio que todos da revista Card Player devem ser ovacionados por seus esforços em conduzir o fluxo do poker. Mas nenhum de nós deve se esquecer dos Binions e do que eles fizeram abraçando os jogadores de poker e criando a WSOP.

LH: O que é necessário para que haja mais mídia e patrocinadores interessados no poker?

MS: Eu acredito que, para o poker subir para o próximo nível, devemos ser ativos na contribuição de montantes significantes de dinheiro para a caridade. Isso pode advir de todas as áreas da indústria — jogadores, locais que hospedam torneios e patrocinadores em potencial. Se os patrocinadores percebessem que um montante específico do dinheiro deles está sendo destinado a instituições de caridade sérias, eles poderiam começar a patrocinar torneios de poker. E se o poker estivesse contribuindo com milhões de dólares por ano nessas instituições sérias, até mesmo os maiores críticos do poker ficariam impressionados.

LH: Como você acha que a indústria do poker irá mudar, positiva ou negativamente, no futuro?

MS: A maior questão é como o poker online irá se definir. Eu creio que, sem dúvida, ele será legalizado e regulamentado aqui nos Estados Unidos: é apenas uma questão de tempo. Muitas pessoas adoram jogar e o governo está perdendo muito dinheiro. Se a mudança será positiva ou negativa, eu não sei ao certo, mas eu vejo mais e mais salas de poker se tornando mesas de poker computadorizadas, pois elas garantem mais dinheiro e muito menos custo em termos de trabalho humano e benefícios.

E, em determinado momento, eu vislumbro uma “turnê de elite televisionada” para grandes jogadores qualificados, na qual os patrocinadores irão fornecer todos os prêmios em dinheiro. Todo esporte precisa de estrelas e o poker não é exceção. Executar uma turnê nos moldes da PGA para tais estrelas — em que você teria que se qualificar para entrar na turnê, assim como acontece na PGA Tour, com patrocínios e eventos de profissionais contra amadores para ajudar a financiá-la, é certamente executável na minha cabeça.

LH: Que papel você gostaria de desempenhar nessas mudanças nos anos vindouros?

MS: Eu gosto de meu status de “Embaixador do Poker” e me orgulho dele. Eu gostaria de continuar ajudando a desenvolver o poker de maneira positiva antes de ser forçado a me aposentar.


O Rápido Crescimento do Poker Online
Por Bob Pajich

A Internet possibilitou a criação de milhares de novas maneiras de se fazer negócios e expandiu indústrias inteiras que tiraram proveito da conveniência, facilidade e poder da tecnologia.

E quer o governo federal goste ou não, o poker online cresceu e se tornou um negócio multibilionário em apenas uma década.

O poker online tem suas raízes nos primórdios da Internet, quando um aplicativo de poker que era utilizado com o avô de todas as mensagens instantâneas da Internet, o Internet Relay Chat (IRC), foi lançado no começo dos anos 90.

Essa versão primitiva do poker online era espalhada apenas por diversão e utilizava fichas recreativas. Mas alguns jogadores levaram o jogo a sério e usaram as fichas recreativas como fichas reais, acordando suas dívidas através de correspondências ou pessoalmente. Um desses jogadores era Chris Ferguson, campeão da World Series of Poker e um dos cérebros por trás do Full Tilt Poker.

O primeiro site de poker de verdade, o Planet Poker, estreou em 1998, e foi seguido pelo Paradise Poker em menos de um ano. Os primeiros jogos disseminados eram apenas com dinheiro, até que os sites conseguiram proporcionar torneios articulados sem ter problemas com seus sistemas, em 2000.

Foi também por essa época que os sócios, marido e mulher, Ruth Parasol e Russell de Leon formaram a espinha dorsal da PartyGaming LLC, que abriu o PartyPoker ao público em 2001. Eles construíram uma empresa que eventualmente se tornaria pública na Bolsa de Valores de Londres em junho de 2005, e conseguiram um valor de mercado de $9 bilhões em apenas um mês. Naquele dia de junho, Parasol e de Leon entraram instantaneamente na lista da revista Forbes das 500 pessoas mais ricas do mundo.

A empresa que iria passar a primeira parte do século XXI como sua maior competidora, o PokerStars, também foi inaugurada em 2001. O PokerStars hoje é a maior sala de poker online do mundo, com uma média de acessos de 16.000 jogadores apostando dinheiro real por dia ao mesmo tempo. O PokerStars também é líder em levar jogadores online para eventos ao vivo. Esse ano, 2.008 jogadores ganharam pacotes de $12.000 do Evento Principal da WSOP através do PokerStars: 1.063 deles jogaram e 130 retiraram o dinheiro. E o site começou seus próprios circuitos de poker: o European Poker Tour, o Asia-Pacific Poker Tour e o Latin American Poker Tour.

Embora o PokerStars tivesse planos de se juntar ao PartyGaming e ao 888 Holdings na Bolsa de Valores de Londres, ele decidiu adiar sua oferta pública inicial indefinidamente depois da aprovação do Unlawful Internet Gambling Enforcement Act (UIGEA) em 2006.

Atualmente, existem sete sites que ainda negociam com norte-americanos e também contam com uma média de mais de 800 jogadores por dia a qualquer hora. O Full Tilt, que foi lançado em 2004, é hoje o segundo site mais popular de poker, e tem uma média de 8.200 jogadores por dia a qualquer hora. Apenas quatro dos 10 sites mais ocupados estão abertos para clientes norte-americanos.


Vença no Poker e Consiga Patrocínio
Todo grande evento gera oportunidades de patrocínio para os jogadores
Por Bob Pajich

Vinte anos atrás, quando a Card Player chegou pela primeira vez aos cassinos, seria difícil imaginar um tempo em que jogadores de poker seriam patrocinados em torneios milionários.

Mas, graças à alta exposição dos programas de poker na TV e do poker online, “várias centenas” de jogadores por ano (de acordo com um grande agente de poker) saboreiam o prazer de receber dólares de patrocínio, o que tem ganhando bastante importância na carreira dos jogadores de poker profissionais.

Dinheiro na Mesa
Em 2008, somente da World Series of Poker e do World Poker Tour , 20 mesas finais foram selecionadas para serem filmadas para exibição só nos Estados Unidos (13 mesas do WPT e sete eventos da WSOP). Isso não inclui o Main Event da WSOP, em que os produtores reprisam a mesa da TV todos os dias, mandando agentes de poker e representantes de sites, na esperança de fazer com que os jogadores que têm chances de aparecer no ar usem logotipos de poker.

A quantidade de dinheiro que os jogadores recebem para usar as logomarcas “ponto-net” dos sites de poker é diretamente proporcional ao número estimado de pessoas que assistirá à mesa final. Para os eventos do WPT realizados esse ano, os agentes e websites estão estimando que cerca de 350.000 pessoas vão ver cada episódio (essa estimativa veio do número de espectadores que assistiam ao hoje extinto programa Poker Superstars III, que era exibido pela FSN, futuro lar do WPT, dois anos atrás).

Embora os acordos variem de jogador para jogador, o montante que os sites têm pagado aos jogadores para usarem suas logomarcas no ar em mesas finais esse ano é de cerca de $7.000 por evento. Nos eventos da WSOP de 2007 e 2008, os jogares em geral recebiam pelo menos $10.000 para usar logotipos de sites de poker, com bônus concedidos aos jogadores que terminavam nas três primeiras colocações.

Needle Movers

Jogadores comercializáveis — isto é, que vão além do poker e têm um poder de marketing que se traduz em outras indústrias não relacionadas ao feltro — têm o potencial de ganhar muito mais dinheiro apenas se alugando como outdoor em eventos.

James Sullivan, presidente da Poker Royalty, uma grande agência de jogadores de poker, com raízes na representação de jogadores da PGA, diz que eles procuram “needle movers”, jogadores que possam transcender a indústria do poker e sejam capazes de vender produtos em outras áreas.

Sullivan disse: “Obviamente, resultados de torneios são importantes, mas essa é apenas uma face do patrocínio. Os patrocinadores estão em busca de jogadores que sejam capazes de transportar a agulha, o que significa terem uma base de fãs grande e leal que traga novos negócios para o site. Mais uma vez, os patrocinadores querem jogadores que atinjam um público demográfico específico e importante. Ao final, o que importa é ter retorno no investimento para o patrocinador, o que será julgado pelo tráfego ou negócios que o novo jogador patrocinado vai gerar”.

Jogadores que possuem essa característica incluem Daniel Negreanu, Doyle Brunson, Phil Hellmuth, Johnny Chan, dentre outros. Esses jogadores têm milhões em ganhos, personalidades memoráveis e múltiplas aparições em mesas finais televisionadas. Eles apareceram em filmes e comerciais (Chan em Rounders, Hellmuth, Scotty Nguyen e Negreanu em um comercial da Pepsi, e cerca de uma dezena de outros profissionais nos filmes de poker The Grand, Lucky You e Deal).

Times de Poker
Longe das mesas televisionadas, os jogadores também se esforçam para se dar bem o suficiente e serem convidados para entras nas listas de “times” de poker que os sites utilizam para se promover. O Full Tilt Poker lista 14 membros de seu “Team” de elite, e tem relações com mais de 100 jogadores que considera “profissionais” ou “amigos” do Full Tilt, enquanto o PokerStars tem uma lista de 30 jogadores que compõem o “Team PokerStars Pro”.

Mas assim como os atacantes e jogadores estrelas de um time de futebol, nem todos eles são tratados da mesma forma, e a quantidade de dinheiro que recebem depende de cada jogador.

Jogadores de alto escalão podem ganhar montantes de sete dígitos para fomentar um site, mas existem muitos outros que são pagos para jogar no site por muito menos, mas isso ainda assim pode contabilizar grande parcela de seus bankrolls.

Por exemplo, certos jogadores do Full Tilt Poker recebem uma comissão mensal de $5.000 a $20.000, salários de $35 por hora e 100% de rakeback para jogar online e usar a logomarca do site em eventos ao vivo. Jogadores de categoria inferior não recebem comissão mensal ou salários por hora, mas apenas o rakeback para jogar online.

Quem é convidado para essas festas de patrocínio deve preencher vários requisitos, talvez sendo a nacionalidade o mais importante. Depois da aprovação do Unlawful Internet Gambling Enforcement Act, Sullivan afirma que se tornou mais difícil para jogadores norte-americanos receberem patrocínios, pois o Ato reduziu o número de sites em operação nos EUA. “Contudo”, ele afirmou, “o Ato aumentou as oportunidades de patrocínio para jogadores internacionais, pois vários sites passaram a utilizar uma abordagem de marketing regionalizada. Os mercados mais quentes da atualidade incluem a Rússia, o Brasil e qualquer país da região do Pacífico asiático, notadamente a China”.

Para ganhar esses dólares extras, tenha bom desempenho nas mesas. Seja consistente e se dê bem o suficiente, e um agente de poker vai bater à sua porta, e logo o dinheiro virá.




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