EDIÇÃO 115 » COLUNA INTERNACIONAL

Jogando Ases contra quatro adversários


Jonathan Little

No artigo desta edição, vou falar de uma mão que joguei em um torneio de US$ 1.000 de Nova Jersey.  


Logo no início do Dia 1, com blinds 50-100 e stacks efetivos de 30.000, um jogador desconhecido entrou de limp do under the gun (UTG). A mesa finha nove jogadores e eu estava logo à sua esquerda, no UTG+1. Com AA, aumentei para 400.


Eu gosto do meu raise de quatro vezes o big blind porque aumenta o pote e não deixa o jogador que entrou de limp ter boas impllied odds. Alguns jogadores gostam de entrar de limp nesse caso, esperando que alguém faça um aumento e eles possam fazer uma 3-bet, o que geralmente tira todos os jogadores da mão. Mas esse é um dos piores resultados que você pode obter ao ganhar um pote. No poker, você ganha dinheiro quando seus adversários erram. Se você tem A-A e faz com que todos desistam antes do flop, mesmo que seja para ganhar algo como 1.000 fichas, você perder a oportunidade deixar seu oponente acertar alguma coisa e ganhar ainda mais fichas do mesmo. Bem, voltando a mão, um jogador do meio da mesa (MP), o button (BTN), o small blind (SB) e o UTG deram call.




Alguns veem todos esses calls como uma situação ruim para um par de Ases, mas na verdade isso é fantástico, se você jogar bem o pós-flop, já que estará enfrentando outros quatros jogadores que seguram mãos muito piores.


O flop veio 1093. Depois de do SB e do UTG pedirem mesa, eu apostei 1.200 em um pote de 2.100. Minha aposta foi por valor, já que eu espero tomar call de inúmeras mãos piores, como top pair e draws. Apenas o UTG pagou e nós vimos uma Q aparecer no turn. Apostei 1.900 no pote de 4.500.


Nesse ponto, acredito que tanto apostar quando pedir mesa são opções aceitáveis. Sua decisão deve ser feita em função da maneira que você espera que seu oponente irá se comportar. Se você acha que ele dará fold com todas as mãos que parearam, como A-10 e 9-7, você deve pedir mesa. No entanto, se você ajustar o tamanho da sua aposta corretamente, muitos jogadores tendem a dar call com suas mãos marginais. Perceba que minha aposta de 40% do pote é bem diferente do que os amadores costumam usar. Eles gostam de apostar algo como 80 ou 90% do pote, com medo que os adversários paguem e consigam a mão vencedora no river.


Bom, meu oponente pagou e o river foi um 2. Para minha surpresa, ele saiu apostando 2.500 em um pote de 8.300.


Agora, eu certamente não amo minha meus Ases porque eu estou perdendo para todo o range de valor do UTG, os flushes, no caso. Porém, eu tenho o A em minha mão. Isso elimina várias combinações de flush da mão dele. Um outro detalhe é que ele poderia dar raise no turn com mãos como JK e QJ, o que elimina ainda mais combinações de flushes. Isso me levou a acredita que ele poderia estar transformando uma mão como 8-7 ou 9-8 em um blefe. Dito isso, existe algum mérito em fazer um raise alto e blefar nossos Ases, afinal nós temos o A como blocker, mas eu não acredito que sejam muitos os jogadores que estejam dispostos a largarem um flush.


Pelo tamanho da aposta dele, eu preciso vencer esta mão apenas 19% das vezes para que meu call não seja perdedor. Não acho que ele tenha muitos blefes nesta situação, mas como eu só preciso ganhar a mão uma a cada cinco vezes, dar call parece ser uma boa ideia.


Acabei optando pelo call e meu adversário mostrou 106. Uma jogada bem estranha, uma vez que se ele quisesse blefar o seu Dez, ele deveria pelo menos fazer uma aposta maior. Mais um mérito do call. Ainda que ele tivesse uma mão melhor, teríamos uma informação importante sobre o vilão.




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