EDIÇÃO 110 » MISCELÂNEA

Hand for Hand: Alê Gomes x Kevin Saul

$10k Main Event Do PokerStars Caribbean Adventure 2009


Redação

A cada mês, um renomado profissional do poker nacional analisará uma mão entre duas feras do poker mundial. Nesta edição, um dos instrutores do Team Samba, Peter “pitaoufmg” Gabriel, analisa uma mão antológica entre Alexandre Gomes e a fera do online “BeL0WaB0Ve” no PCA 2009. O brasileiro terminou em uma histórica 4ª posição.


Alexandre Gomes – 3.950.000 fichas (A♣A♥)

Kevin Saul – 4.900.000 fichas (K♦Q♥)

Blinds: 40.000/80.000 com antes de 5.000


Peter: Primeiro, nós temos que levar em consideração que o Kevin Saul era um jogador muito agressivo pós-flop. Já joguei muito contra ele online antes da Black Friday e acredito que essa era também a percepção que o Alê Gomes possuía dele.


PRÉ-FLOP

Do UTG, Alexandre Gomes aumenta para 210.000. No BTN, Kevin Saul paga.

Peter: Pré-flop bem padrão. Alexandre sobe 2,6 vezes o big blind e o Kevin dá call para jogar em posição. 


Flop: 2♣ 6♣ 6♥ (Pote: 585.000)

Gomes aposta 355.000. Kevin paga.


Peter: A c-bet também é padrão. Por eles estarem bem deep, quase 50 bbs, é normal fazer uma aposta de 50% do pote ou mais. Em um flop como esses, muita gente poderia optar pelo slow play, já que é um flop bem seguro. Apesar das duas cartas de paus, o Alexandre tem o A♣, o que bloqueia várias combinações de flush draw do Kevin. Nessa situação, eu não gosto do slow play. Contra um oponente agressivo pós-flop, nós abrimos vários leques de opções.

Ao fazer um c-bet, você irá extrair de pares, como 8-8, 9-9 e 10-10, e também das mãos que optam pelo floating. Em um bordo como esse, ele irá nos pagar com praticamente todas mãos que deram call pré-flop, para tentar levar o pote nas streets posteriores.


Turn: 6♠ (Pote: 1.295.000)

Gomes pede mesa. Kevin aposta 500.000.


Peter: O turn é uma carta que não muda muita coisa. Se alguém possui algum Seis no range, é o Alê Gomes. Ele poderia ter um 67s, 86s. Já o Kevin não vai de flat call, contra um raise do UTG, com mãos que tenham Seis. O Alê poderia abrir um A6s, mas o Kevin não pagaria com uma mão tão dominada contra um range teoricamente mais forte. 

Com o segundo nuts, apostar não é uma boa opção. É preciso ter coerência. Se nós sabemos que ele é agressivo e possui um range de floating, a segunda aposta vai fazer o adversário largar todas as mãos que foram para o floating, como as broadways (combinações de cartas acima de Dez). E mesmo que o Kevin não esteja realizando o floating, ele pode acabar fazendo o que a gente chama de “auto value betting”, que seria apostar achando que tem valor, com um 10-10 ou 9-9, que podem extrair de um possível Ás-high, por exemplo, quando na verdade, ele está perdendo a mão.


Gomes paga.


Peter: Depois da aposta do Kevin, não temos por que dar raise. Se nós acreditamos que o range de blefe dele é maior do que valor (e quando for valor vai acontecer a “auto value betting”), não tem porque tentar tirá-lo da mão, que é o que o check-raise fará.


River: Q♠ (Pote: 2.295.000)

Gomes pede mesa novamente. Kevin aposta 1.300.000. Gomes vai all-in de 2.885.000.


Peter: No river, não podemos ter medo de ser check e check. É preciso tentar fazer com que o adversário coloque fichas erroneamente no pote, seja blefando ou apostando “por valor”. Gosto bastante dessa linha de pedir mesa.

E agora que a Dama apareceu, o Kevin tem que fazer uma aposta por valor. Ele agora começa a ganhar de várias mãos e só está perdendo para um eventual Seis, além de Q-Q, K-K e A-A. Ele agora derrota todos os pares entre 7-7 e J-J, mãos que pode jogar dessa maneira por tudo aquilo que já falei, deixar o range de blefe do adversário na mão. 

Outro ponto legal é o tamanho da aposta do Kevin. Se o Alê Gomes tem algo com 10-10 ou J-J, dificilmente ele irá largar, o que torna a aposta bem boa.


Kevin paga.


Peter: Quando o Alexandre Gomes vai all-in, não tem mais blefe no range dele, até porque a fold equity é bem pequena. Todo aquele conjunto de mãos que nós colocamos para o Alê, agora podem ser descartadas. Ele não vai transformar seus pares em blefe nessa situação. Então, acho bem ruim esse call no river.


PETER GABRIEL

Mais conhecido como “Pitão”, Peter é mineiro, instrutor do Samba Team e um dos sócios do time de acesso “Sambinha”. Ele possui mais de US$ 1,5 milhão em ganhos na internet.




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