EDIÇÃO 105 » COLUNA NACIONAL

A regulamentação e a profissionalização do poker


Felipe “lipreTTT” Costa
Está em debate no Congresso Nacional um Projeto de Lei que trata da regulamentação dos jogos no Brasil. Um dos pontos centrais do marco regulatório diz respeito ao poker, um dos mais antigos jogos de carta, reconhecido como esporte no Brasil e que a cada ano atrai milhares de adeptos no país.
 
No último dia 30 de março, uma audiência pública foi realizada na Câmara dos Deputados para que representantes do poker no Brasil pudessem mostrar aos parlamentares a necessidade de separá-lo do debate e tratamento da regulamentação dos chamados jogos de azar e, assim, não ser taxado com altos impostos praticados nessas categorias.
 
A explicação tem fundamento. Por envolver habilidade e muita estratégia, o poker não deve ser caracterizado como jogo de azar. Em 2012, inclusive, o Ministério do Esporte o reconheceu como um esporte da mente, categoria que engloba outros jogos como xadrez e gamão. De lá para cá, o número de jogadores é cada vez maior.
 
Hoje, estima-se que sejam mais de cinco milhões de adeptos no País. Boa parcela desse público é formada por jovens que se dedicam, estudam e estão dispostos a investir seriamente na carreira como profissionais.
 
São jovens que veem na carreira de jogador de poker a possibilidade de crescer na profissão, obter ganhos muitas vezes em moedas valorizadas, como o dólar e o euro, e ainda ter como benefício um estilo de vida mais livre. São características que parecem utópicas numa profissão, principalmente em meio à crise econômica pela qual passa o país, mas que, de fato, são reais.
 
O esporte, que passa longe da crise, movimenta valores consideráveis. Somente em 2015, o Brasil Series of Poker (BSOP), principal evento dessa modalidade esportiva no país, bateu recorde de premiação. Foram mais de R$ 20 milhões, quatro vezes mais do que foi dado aos melhores times do Campeonato Brasileiro de Futebol no mesmo ano.
 
As cifras mostram que esse nicho tem enorme potencial. Daí a importância de sua regulamentação de forma correta, trazendo a segurança jurídica que ele necessita para seguir o caminho de expansão no país. Nesse processo, é fundamental que os parlamentares tenham claro as características que fazem do poker um esporte, não mais um jogo de azar.
 
A regulamentação do poker passa por dois caminhos possíveis: a de taxar o esporte como um jogo de azar, com carga elevada de impostos, o que certamente causaria a interrupção de seu desenvolvimento e até eliminação de empregos gerados diretamente pelo esporte, ou trata-lo como tal, com uma regulamentação que permitisse que o poker se desenvolvesse ainda mais no país.
 
Felipe “lipreTTT” Costa é jogador profissional e criador da escola de poker Sensei Poker. Ele é regular nas mesas de NL500 zoom 6-Max do PokerStars e especialista em torneios.
 



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